Um seder sefardita de Rosh Hashaná

Por: RAHEL MUSLEAH

Quando se trata de Rosh Hashaná, algumas famílias de origem sefardita e mizrahi – como a minha, de Calcutá, na Índia – têm um segredo para partilhar com o resto do mundo judaico: um Seder Ano Novo diferente, com muito mais do que maçãs mergulhadas em mel. Na primeira noite da festa realizamos uma cerimónia especial em casa, durante a qual recitamos bênçãos sobre vários alimentos que simbolizam os nossos desejos para o próximo ano.

Todas as bênçãos neste ritual começam com as palavras yehi ratzon (que seja a vontade de De’s), e todas elas pedem presentes divinos de generosidade, força e paz. O ritual passou a ser conhecido como seder (ordem) porque as bênçãos são recitadas numa ordem específica. Ironicamente, essa ordem varia de acordo com o costume e a comunidade.

As origens do ritual remontam ao Talmud (Horayot 12a), onde Abaye discute presságios que têm significados e sugere que, no início de cada novo ano, as pessoas devem ter o hábito de comer os seguintes alimentos que crescem em profusão e assim simbolizam a prosperidade: abóbora, um vegetal parecido com feijão chamado rubia, alho-poró, beterraba e tâmaras.

É difícil saber como a cerimónia evoluiu dessa menção talmúdica para a sua forma atual. De acordo com Gilda Angel, autora do livro de receitas Sephardic Holiday Cooking, “Conta-se que quando o estudioso babilónico Hai Gaon (939-1039) saía da sinagoga em Rosh Hashana, os seus alunos lhe traziam uma cesta cheia de frutos diferentes sobre os quais ele recitava várias bênçãos e versículos bíblicos.” O rabino Baghdadi Hakham Yosef Hayyim (1832-1909) menciona a cerimónia na sua compilação da lei e prática judaica.

Tal como no seder de Pessach, no qual alimentos como ervas amargas e matsá simbolizam sofrimento e liberdade, no seder de Rosh Hashaná os alimentos que comemos também se tornam portadores de significado. Cada alimento simboliza um bom desejo para o próximo ano. Antes de cada alimento ser consumido há uma bênção especial para recitar, e muitas dessas bênçãos resultam de trocadilhos com o nome hebraico ou aramaico do alimento. A cada bênção, o aspeto mundano do alimento é adornado com um sentido de santidade, pungência e até humor.

Pode ler o artigo completo (em inglês) do website myjewishlearning clicando aqui

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