Parashá da Semana – Vayakel – Pekudei

Parashá da Semana – Vayakel – Pekudei

Por: Rav Reuven Tradburks

Esta dupla parashá é a implementação do edifício do Mishkan. Tivemos 3 parshiot de comandos para construir o Mishkan. Esta é a construção e montagem real.

Quando temos uma parashá dupla, a primeira parashá vai ter 4 aliot, com a 4ª a continuar na segunda parashá. Assim, cada parashá recebe 3 ½ aliot.

1ª aliá (Shmot 35:1-29) Moshe reúne as pessoas, instruindo-as a não trabalhar em Shabbat. Apela às pessoas para que forneçam tudo o que será necessário: metais, têxteis, azeite, especiarias, jóias. Tudo o que De’s ordenou será efetuado por trabalhadores qualificados: o Mishkan, as suas coberturas, o Aron, a Shulchan, a Menorah…. Listando todos os utensílios, a estrutura do Mishkan e as roupas do Cohen. Em resposta ao apelo de Moshe, o povo contribui generosamente: metais, têxteis, jóias, especiarias e azeite.

A generosidade do povo é marcante. Não imaginaríamos que acabámos de ter o Bezerro de Ouro. Perguntamo-nos como o Homem pôde cair tão rápido depois do Monte Sinai fazer o bezerro de ouro. Mas também nos deveríamos perguntar, ou talvez maravilharmo-nos, com a rapidez com que o Homem se levanta do bezerro de ouro para doar para o Mishkan de uma maneira tão maravilhosa. O Homem é capaz de ser um adorador de ídolos num dia e um generoso doador para De’s no dia seguinte.

2ª aliá (35:30-37:16) Moshe apresenta Betzalel, chamado por De’s, cheio com o espírito de De’s, para ser o artesão chefe. Moshe chamou Betzalel e Aholiav e todos os artesãos, para virem fazer tudo o que De’s ordenou. Eles levaram os materiais para começar o trabalho. Chegaram mais doações no dia seguinte. Moshe anunciou que não eram necessárias mais doações. O trabalho foi feito: as cortinas sobre o Mishkan, as cortinas de pele de cabra e a cortina de pele colorida em cima. As tábuas para as paredes, o parochet para pendurar em frente ao Santo dos Santos, e a cortina à entrada do Mishkan. Bezalel fez o Aron e a shulchan.

Betzalel é descrito como tendo Ruach Elokim – espírito de De’s. É um mestre do artesanato. Mas essa mestria é dada por De’s. Esta é uma filosofia poderosa da Torá; a grandeza do Homem é um presente de De’s. As habilidades são um presente que nos é dado, são uma bênção. Muitas e variadas são as habilidades do Homem: Betzalel tem arte, alguns têm música, outros têm eloquência, outros têm o dom de compreender as outras pessoas, alguns têm capacidade matemática, outros são educadores maravilhosos. Podemos orgulhar-nos das nossas capacidades, mas ao mesmo tempo temos que ser humildes e agradecidos pelo facto de Ele nos ter escolhido para nos dar essas competências. A verdadeira humildade não exige que rejeitemos os nossos talentos; apenas que os atribuamos corretamente à sua fonte. São dados por De’s.

3ª aliá (37:17-29) E ele fez a Menorah e o Altar do Incenso.

Esta é uma aliá curta. Esta parashá dupla tem 190 versículos. É muito longa. Cada aliá tem aproximadamente 30 versículos. Mas esta tem 13. Porquê uma aliá tão curta?

O Mishkan é o alcance do homem para D’us. O edifício é necessário. Mas é estático. É necessário, mas não é suficiente. Um edifício sozinho não é serviço de D’us. A atividade humana é que é. (Como o fenómeno moderno do “complexo de edifícios”. Belas sinagogas sem ninguém dentro).

Existe um padrão na ordem da construção do Mishkan: de estático para dinâmico. O Mishkan é o local de encontro do Homem com D’us. É a humanidade a buscar D’us. O serviço do Homem a D’us é dinâmico. Fazer. Agir. Servir. Esse serviço dinâmico, de seres humanos a realizar um serviço, exige um edifício. Mas o edifício é o meio para atingir um fim; é o palco do espetáculo. Não é o espetáculo em si. A nossa parashá é a mudança do estático para o dinâmico. Da construção ao serviço.

A construção é feita primeiro, seguida pelo conteúdo. Constrói primeiro o exterior; em seguida, faça os acabamentos por dentro. Depois elabora as cortinas que formam o telhado. E as paredes. E a cortina para dividir o santo dos santos, o parochet. É estático. Uma edificação.

Nenhum serviço a D’us é feito pelo edifício. Se houvesse uma edificação sem atividade dentro, D’us não seria servido apenas pelo edifício. Precisamos de atividade.

São construídos os utensílios do Mishkan. Sobre eles ser efetuado o serviço de D’us. O Aron vai no santo dos santos. Depois a Shulchan, colocada fora da cortina do santo dos santos, seguida pela Menorah e pelo altar de incenso.

Passámos da construção estática para os utensílios que constituirão o serviço dinâmico a D’us.

Dentro dos kelim, os utensílios do Mishkan, alguns são mais estáticos e outros mais dinâmicos.

Primeiro vem o Aron; não apenas porque é o mais sagrado, mas porque é estático. Não há avodá, nenhum serviço é feito com o Aron. Ele fica lá, estático, no Santo dos Santos.

Seguidamente é a Shulchan. Há avodá, serviço. Os pães são colocados nesta mesa uma vez por semana, ficando durante a semana. Não se faz nada com os pães diariamente. Existe um serviço dinâmico e humano, mas não é diário. Apenas semanal. Ainda não chegámos ao serviço diário mais dinâmico e humano.

E, por isso, a aliá termina aí. Há uma progressão: do edifício estático ao Aron estático ao Shulchan dinâmico semanalmente.

A nossa aliá é dinâmica. Estes são os kelim mais sagrados, vasos que têm a atividade de serviço mais dinâmica. A Menorá e o Incenso são avodá diária, serviço diário. A Menora é iluminada diariamente. O incenso é queimado diariamente. Por isso, esses utensílios têm a sua própria aliá.

4ª aliá (38:1-39:1) Ele fez o altar para as oferendas, o lavatório de cobre, as cortinas de renda para pendurar em todo o perímetro do Pátio e painel para cobrir a entrada. Foi feito um inventário de todas as matérias-primas usadas: o ouro, a prata, o cobre – e de para quê foram usados. Os têxteis finos foram usados para as vestimentas dos Cohen, tal como De’s ordenou a Moshe.

O padrão continua. A atividade mais dinâmica é no altar das oferendas. Oferendas diárias. Com acrescento de Mussaf em certas ocasiões. Oferendas voluntárias. Este é o aspeto mais dinâmico do Mishkan.

5ª aliá (39:2-21) O Efod (túnica) foi elaborado a partir de materiais coloridos, como De’s ordenou a Moshe. As pedras preciosas com os nomes de Israel esculpidos foram colocadas nos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe. O Choshen (placa peitoral), do material do Efod, foi feito com as 12 pedras preciosas incrustadas nele, pendurado das peças dos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe.

Passámos do estático para o dinâmico, do serviço semanal para o diário feito uma vez por dia, e depois para o serviço que se faz várias vezes por dia. Mas há um serviço dinâmico ainda mais dramático. Que ocorre não só várias vezes por dia mas todos os dias, o dia inteiro. São as peças de vestuário dos Cohanim. Usar essas vestes é em si mesmo uma avodá, um serviço. Caminhar pelo Mikdash com essas vestimentas é em si mesmo um serviço. Um serviço constante.

Também é assim com o nosso serviço a De’s. Temos mitzvot semanais, diárias e de várias vezes por dia, e temos também mitzvot constantes, como temer a De’s, ama a De’s, dizer a verdade, cuidarmos dos outros.

6ª aliá (39:22-43) O Meil (manto) foi feito de Techelet, com romãs e campainhas na bainha, como De’s ordenou a Moshe. O K’tonet (manto de linho) foi feito para todos os Cohanim, assim como o Turbante e o Cinto, como De’s ordenou a Moshe. O Tzitz dourado (para a testa) foi feito e colocado, como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho foi concluído como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho concluído foi trazido a Moshe: a construção do Mishkan, os utensílios, o pátio exterior, as vestes do Cohen. Moshe viu que tudo foi feito como De’s lhe tinha ordenado. Moshe abençoou o povo.

Concluímos com as vestimentas reais, as vestes coloridas e douradas do Cohen Gadol.

Quando o trabalho fica pronto Moshe abençoa o povo. Que a Shechiná repouse no trabalho das vossas mãos. Porque o padrão é esse: construção estática, depois serviço do Homem, progredindo do menos frequente para o mais frequente, até ao serviço a De’s constante.  Mas isso é tudo uma via de sentido único. Nós na direção dEle. Moshe abençoa-os: que a vossa aproximação a Ele receba a aproximação dEle a vós. Ou, mais precisamente, da Shechiná, o Seu abraço.

7ª aliá (40:1-38) De’s ordena a Moshe: No primeiro dia do primeiro mês, monta o Mishkan. Moshe recebe instruções sobre a ordem exata para colocar os utensílios e o edifício. Ele deve vestir os Cohanim e ungi-los. Moshe fez tudo o que De’s lhe ordenou. No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, o Mishkan foi montado, na ordem exata que De’s ordenou a Moshe. Moshe completou o trabalho. Uma nuvem cobriu o Ohel Moed; a glória de De’s encheu o Mishkan. Moshe não podia entrar, devido à nuvem e à glória de De’s. A subida da nuvem era um sinal para viajarem. A nuvem de De’s estava no Mishkan durante o dia. Durante a noite, fogo, visível para todo o povo judeu.

O culminar do edifício é a descida da nuvem, indicando a presença De’s. Essa é a verdadeira culminação do Mishkan. Um lugar na terra para o encontro do Homem com De’s. A nossa aproximação a Ele é recebida pelo Seu abraço. O povo judeu tornou-se um povo com quem a Shechiná reside. E esse é o culminar, não só desta construção mas de todo o livro do Êxodo. Levar-nos a sermos parceiros dEle neste mundo.

Parashá da Semana – Vayakel

Parashá da Semana – Vayakel

Por: Rav Reuven Tradburks

As parshiot de Vayakel e Pekudei são uma repetição de Teruma e Tetzaveh. Mas não exatamente. Em Teruma e Tetzaveh foram dadas as instruções para construir o Mishkan e o vestuário dos Cohanim. Na nossa parashá, a ação está feita. Teruma são as instruções; Vayakel é a ação.

A ordem em que tudo é feito difere das instruções que Moshe recebeu. Em Teruma, as partes mais importantes, os utensílios do Mishkan, vieram primeiro. Afinal, o edifício não é tão importante quanto o Aron. Ao fazer a construção, a estrutura vem primeiro, depois o conteúdo.

1ª Aliá (Shmot 35:1-20) Moshe reúne o povo, instruindo as pessoas a não trabalhar no Shabat. Ele apela ao povo para fornecer tudo o que for necessário: metais, têxteis, azeite, especiarias, jóias. Tudo o que De’s ordenou será efetuado por trabalhadores qualificados: o Mishkan, as suas coberturas, o Aron, a Shulchan, a Menorah…. Listando todos os utensílios, a estrutura do Mishkan e o vestuário do Cohen. A Mitzvá do Shabat é repetida antes das instruções para construir o Mishkan. Como se dissesse: estamos a construir um edifício sagrado, mas nem isso substitui o Shabat. Não se trabalha no Shabat. Não é que não saibamos o que é o Shabat. Foi-nos ordenado que guardássemos o Shabat pelo menos 4 vezes anteriormente, sendo esta a 5ª. Recebemos ordens sobre o Shabat I) logo após sair do Egito antes, de chegar ao Monte Sinai como uma das regras do Maná (Shemot 16:22), II) nos Dez Mandamentos, III) em Mishpatim (23:12) para deixar animais, trabalhadores e as próprias pessoas descansarem e se revitalizarem, IV) Ki Tisa (31:12) como sinal da aliança e V) aqui, nada de trabalho e nada de fogo. O Shabat tem diferentes temas. I) O tema do Provedor (Maná): Ele provê em dobro; davka, especificamente no dia em que não se trabalha. II) O tema do Criador: nos Dez Mandamentos – D’us criou o mundo. III) O tema da Consciência Social: não escravizes os teus trabalhadores como os egípcios te escravizaram – sê um bom patrão. IV) O tema da Aliança – O Shabat é uma expressão, um sinal do nosso relacionamento especial. V) O tema do Encontro: O Shabat é um encontro no tempo entre o Homem e D’us, assim como o Mishkan é um encontro no espaço entre o Homem e D’us. O Mishkan não pode ser construído no Shabat: o trabalho no local de encontro espacial não pode ser feito à custa do local de encontro temporal.

2ª Aliá (35:21-29) Em resposta ao apelo de Moshe, o povo contribui generosamente: metais, têxteis, joias, especiarias e azeite.
Muitas vezes há conhecimentos poderosos sobre a natureza humana escondidos em histórias paralelas na Torá. O povo trouxe o seu ouro e outros materiais preciosos com grande generosidade. Lembra-se de alguma vez ter ouvido falar da generosidade do povo em trazer o seu ouro? Já tivemos isso na Torá? Certo. No Bezerro de Ouro. O Homem é capaz de ser um doador generoso para a idolatria num dia, e um doador generoso para D’us no dia seguinte. Esta última generosidade é um tikun para a primeira generosidade.

3ª Aliá (35:30-36:7) Moshe apresenta Betzalel, chamado por De’s, cheio com o espírito de De’s, para ser o artesão chefe. Moshe chamou Betzalel e Aholiav e todos os artesãos, para virem fazer tudo o que De’s ordenou. Eles levaram os materiais para começar o trabalho. Chegaram mais doações no dia seguinte. Moshe anunciou que não eram necessárias mais doações. Os nomes Betzalel e Ohaliav têm um tema em comum: as coberturas. Betzalel significa estar na sombra, na sombra de D’us, coberto por D-us. Ohaliav é de ohel – tenda. A minha tenda, a minha cobertura é Av, o meu Pai celestial. Espere pelo comentário sobre a próxima aliá: as coberturas são um tema central no Mishkan. Por isso, convém que os responsáveis ​​pela confeção das capas tenham nomes que significam cobertura.

4ª Aliá (36:8-19) O trabalho foi feito: a cortina cobre o Mishkan, as cortinas de pele de cabra e a cortina de pele colorida por cima. A primeira coisa a serem feita foram as cortinas. Por cortinas, queremos dizer o tecido longo e as peles que são colocadas sobre as paredes para formar o teto e cobrir as paredes – drapeadas sobre uma parede e estendidas até a outra parede e até o chão. Esta ordem é estranha, mesmo se explicarmos que a ordem do fabrico dos componentes do Mishkan difere das instruções em Teruma – aqui fazemos a construção primeiro, enquanto em Teruma os objetos essenciais vêm primeiro. Mas então, se fazemos primeiro os componentes do edifício, porque não começar pelas paredes e passar aos revestimentos depois? Porquê fazer os revestimentos primeiro e depois as paredes? Porquê esta ordem? O Mishkan é o Homem a encontrar-se com o Divino. Os objetos representam como O captamos: Ele é a Fonte de Luz, ou seja, de sabedoria, simbolizada pela Menorá. Ele é a Fonte do nosso sustento, simbolizado pela Shulchan e pelo pão. Ele é a Fonte da nossa neshama, a nossa força vital e o nosso espírito, simbolizado pelo Incenso. E é Quem nos deu a Torá, simbolizado pelo Aron. Mas enquanto O conhecemos como Provedor de tudo isto, Ele permanece envolto em mistério, velado. O foco nas coberturas e nas cortinas que separam o Santo dos Santos e a área externa, e depois a cortina que separa a área externa do pátio – todo o foco nas coberturas é percetível. Ele comunica uma mensagem poderosa – o nosso encontro com o Divino permanece velado em mistério. Ele permanece oculto, atrás do véu. Assim, os véus e as coberturas são, na verdade, a parte essencial do edifício. E merecem ser construídos primeiro.

5ª Aliá (36:20-37:16) As tábuas para as paredes, o Parochet para pendurar na frente do Santo dos Santos e a Cortina na entrada do Mishkan. Bezalel fez o Aron e a Shulchan.

6ª Aliá (37:17-29) E ele fez a Menorá e o Altar de Incenso. Onde está a música nestas instruções para o Mishkan? Deixe-me explicar: Todos os utensílios aqui descritos são usados no serviço diário. O serviço diário inclui: acender a Menorah, ter pão sobre a mesa, que é comido no Shabbat, a queima do incenso e a oferta de sacrifícios. Os sentidos sensoriais estão cobertos. Menorah: visão e calor. Incenso: cheiro. Pão: sabor. Sacrifícios: tato. Onde está o som? Porque não há nenhuma descrição de instrumentos musicais? O serviço diário tinha música. Os Leviim cantavam a Shir Shel Yom, a canção do dia. Quando a oferenda diária era trazida e o vinho era derramado no altar, havia música, vocal e instrumental. Rambam (Hilchot Klei Hamikdash 3:4) descreve, baseado no Talmud, a orquestra no Mikdash – não menos que 2 harpas, mas não mais do que 6. Flautas: pelo menos 2 e não mais de 12. Metais: pelo menos 2 e não mais que 120. Lira (kinor): não menos que 9, sem limite superior. 1 tambor. Imagino que isto signifique que havia uma pequena orquestra de câmara, que tocava nos dias normais. Mas em Shabbat e certamente nos Chagim, era a grande orquestra que tocava – imaginem 120 trompetes. É um grande som. Porque então, não há instruções para a construção dos instrumentos musicais? Talvez, simplesmente, a música seja diferente. Enquanto a Menorah é iluminada com o mesmo azeite todos os dias, a receita do incenso é a mesma, a receita do pão é a mesma, e os sacrifícios são os mesmos, quando se trata de música, não queremos que seja sempre o mesmo. A Avoda é idêntica diariamente. Porque é De’s dizendo-nos como servi-Lo. Nem demasiado ostensiva, nem demasiado modesta. Quantidades medidas: aproxima-te, mas não à tua maneira; à Minha. Nunca Me conhecerás, por isso vou dizer-te como Me hás-de servir.

Mas a música não é o que Ele quer; é o que nós queremos. Cantar é a nossa aproximação a Ele. É a nossa voz. Faz parte da Avoda – mas é como se Ele dissesse: «sirvam-Me com música, mas a música que vocês escolherem». A nossa voz. Dizemos em Tehilim – Shir Chadash, «cantai uma nova canção». Frescura, variedade. Nunca saberemos como era a música no Mikdash, mas sabemos que havia canções diferentes diariamente. Cada dia tinha um Salmo diferente. Imagino que essas diferentes palavras também tinham melodias diferentes, música diferente tocada pela orquestra para acompanhar as palavras. Que música acompanharia a quarta-feira? Um salmo do duro De’s do julgamento? E a segunda-feira? Quão bela é Jerusalém? Imagino que a segunda-feira fosse em modo Maior, com um ritmo alegre. A quarta-feira, em modo menor, reflexiva, pensativa, em ritmo lento. (isto é, se o compositor da música fosse da Europa Ocidental. A música do Oriente Médio dos tempos antigos não empregava tonalidades maiores e menores como as conhecemos). Enquanto a música era uma mitzvah, e o canto e os instrumentos eram parte do serviço, a Torá deixou a forma, o número e o tipo de instrumentos nas nossas mãos, a nosso critério. Pois a música, embora essencial, é a nossa aproximação a Ele.

7ª Aliá (38:1-20) Ele fez o altar para as oferendas, o lavatório de cobre, as cortinas de renda para pendurar em todo o perímetro do Pátio e o painel para cobrir a entrada. À medida que nos afastamos do Santo dos Santos, os materiais tornam-se menos majestosos e menos grandiosos. Já não ouro, mas cobre. Já não há cortinas extravagantes, coloridas, majestosas, mas sim cortinas brancas.

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Rav Reuven Tradburks é Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

 

Parashá da Semana – Vayekel-Pekudei

Parashá da Semana – Vayekel-Pekudei

Parshat Vayakel-Pekudei

Pelo rabino Reuven Tradburks

Esta dupla parashá é a implementação do edifício do Mishkan. Tivemos 3 parshiot de comandos para construir o Mishkan. Esta é a construção e montagem real.

Quando temos uma parashá dupla, a primeira parashá vai ter 4 aliot, com a 4ª a continuar na segunda parashá. Assim, cada parashá recebe 3 ½ aliot.

1ª aliá (Shmot 35:1-29) Moshe reúne as pessoas, instruindo-as a não trabalhar em Shabbat. Apela às pessoas para que forneçam tudo o que será necessário: metais, têxteis, azeite, especiarias, joias. Tudo o que De’s ordenou será efetuado por trabalhadores qualificados: o Mishkan, as suas coberturas, o Aron, a Shulchan, a Menorah…. Listando todos os utensílios, a estrutura do Mishkan e as roupas do Cohen. Em resposta ao apelo de Moshe, o povo contribui generosamente: metais, têxteis, joias, especiarias e azeite.

A generosidade do povo é marcante. Não imaginaríamos que acabámos de ter o Bezerro de Ouro. O Homem é capaz de ser um adorador de ídolos num dia e um generoso doador para De’s no dia seguinte.

2ª aliá (35:30-37:16) Moshe apresenta Betzalel, chamado por De’s, cheio com o espírito de De’s, para ser o artesão chefe. Moshe chamou Betzalel e Aholiav e todos os artesãos, para virem fazer tudo o que De’s ordenou. Eles levaram os materiais para começar o trabalho. Chegaram mais doações no dia seguinte. Moshe anunciou que não eram necessárias mais doações. O trabalho foi feito: as cortinas sobre o Mishkan, as cortinas de pele de cabra e a cortina de pele colorida em cima. As tábuas para as paredes, o parochet para pendurar em frente ao Santo dos Santos, e a cortina à entrada do Mishkan. Bezalel fez o Aron e a shulchan.

Betzalel é descrito como tendo Ruach Elokim – espírito de De’s. É um mestre do artesanato. Mas essa mestria é dada por De’s. Esta é uma filosofia poderosa da Torá; a grandeza do Homem é um presente de De’s. As habilidades são um presente que nos é dado, são uma bênção. Muitas e variadas são as habilidades do Homem: Betzalel tem arte, alguns têm música, outros têm eloquência, outros têm o dom de compreender as outras pessoas, alguns têm capacidade matemática, outros são educadores maravilhosos. Podemos orgulhar-nos das nossas capacidades, mas ao mesmo tempo temos que ser humildes e agradecidos pelo facto de Ele nos ter escolhido como recetores dessas habilidades.

3ª aliá (37:17-29) E ele fez a Menorah e o Altar do Incenso.

Estão a ser elaborados o edifício e os principais utensílios para o serviço. É sobre estes utensílios que o serviço será feito. Mas onde está a música?

Deixe-me explicar. Todos os utensílios aqui descritos são usados no serviço diário. O serviço diário inclui: acender a Menorah, ter pão sobre a mesa, que é comido no Shabbat, a queima do incenso e a oferta de sacrifícios. Os sentidos sensoriais estão cobertos. Menorah: visão e calor. Incenso: cheiro. Pão: sabor. Sacrifícios: tato. Onde está o som?

Porque não há nenhuma descrição de instrumentos musicais? O serviço diário *tinha* música. Os Leviim cantavam a Shir Shel Yom, a canção do dia. Quando a oferenda diária era trazida e o vinho era derramado no altar, havia música, vocal e instrumental. Rambam (Hilchot Klei Hamikdash 3:4) descreve, baseado no Talmud, a orquestra no Mikdash – não menos que 2 harpas, mas não mais do que 6. Flautas: pelo menos 2 e não mais de 12. Metais: pelo menos 2 e não mais que 120. Lira (kinor): não menos que 9, sem limite superior. 1 tambor. Imagino que isto signifique que havia uma pequena orquestra de câmara, que tocava nos dias normais. Mas em Shabbat e certamente nos Chagim, era a grande orquestra que tocava – imaginem 120 trompetes. É um grande som.

Porque então, não há instruções para a construção dos instrumentos musicais?

Talvez, simplesmente, a música seja diferente. Enquanto a Menorah é iluminada com o mesmo azeite todos os dias, a receita do incenso é a mesma, a receita do pão é a mesma, e os sacrifícios são os mesmos, quando se trata de música, não queremos que seja sempre o mesmo. A Avoda é idêntica diariamente. Porque é De’s dizendo-nos como servi-Lo. Nem demasiado ostensiva, nem demasiado modesta. Quantidades medidas: aproxima-te, mas não à tua maneira; à Minha. Nunca Me conhecerás, por isso vou dizer-te como Me hás-de servir.

Mas a música não é o que *Ele* quer; é o que *nós* queremos. Cantar é a nossa aproximação a Ele. É a nossa voz. Faz parte da Avoda – mas é como se Ele dissesse: «sirvam-Me com música, mas a música que vocês escolherem». A nossa voz. Dizemos em Tehilim – Shir Chadash, «cantai uma nova canção». Frescura, variedade. Nunca saberemos como era a música no Mikdash, mas sabemos que havia canções diferentes diariamente. Cada dia tinha um Salmo diferente. Imagino que essas diferentes palavras também tinham melodias diferentes, música diferente tocada pela orquestra para acompanhar as palavras.

Que música acompanharia a quarta-feira – um salmo do duro De’s do julgamento? Ou a segunda-feira – Quão bela é Jerusalém? Imagino que a segunda-feira fosse em modo Maior, com um ritmo alegre. A quarta-feira, em modo menor, reflexiva, pensativa, em ritmo lento.

Enquanto a música era uma mitzvah, e o canto e os instrumentos eram parte do serviço, a Torá deixou a forma, o número e o tipo de instrumentos nas nossas mãos, a nosso critério. Pois a música, embora essencial, é a nossa aproximação a Ele.

4ª aliá (38:1-39:1) Ele fez o altar para as oferendas, o lavatório de cobre, as cortinas de renda para pendurar em todo o perímetro do Pátio e painel para cobrir a entrada. Foi feito um inventário de todas as matérias-primas usadas: o ouro, a prata, o cobre – e de para quê foram usados. Os têxteis finos foram usados para as vestimentas dos Cohen, tal como De’s ordenou a Moshe.

A repetição da frase «como De’s ordenou a Moshe» é impressionante. É um contraste com o Bezerro de Ouro. Aqui, todos agem de acordo com o que foi ordenado.

5ª aliá (39:2-21) O Efod (túnica) foi elaborado a partir de materiais coloridos, como De’s ordenou a Moshe. As pedras preciosas com os nomes de Israel esculpidos foram colocadas nos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe. O Choshen (placa peitoral), do material do Efod, foi feito com as 12 pedras preciosas incrustadas nele, pendurado das peças dos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe.

6ª aliá (39:22-43) O Meil (manto) foi feito de Techelet, com romãs e campainhas na bainha, como De’s ordenou a Moshe. O K’tonet (manto de linho) foi feito para todos os Cohanim, assim como o Turbante e o Cinto, como De’s ordenou a Moshe. O Tzitz dourado (para a testa) foi feito e colocado, como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho foi concluído como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho concluído foi trazido a Moshe: a construção do Mishkan, os utensílios, o pátio exterior, as vestes do Cohen. Moshe viu que tudo foi feito como De’s lhe tinha ordenado. Moshe abençoou o povo.

7ª aliá (40:1-38) De’s ordena a Moshe: No primeiro dia do primeiro mês, monta o Mishkan. Moshe recebe instruções sobre a ordem exata para colocar os utensílios e o edifício. Ele deve vestir os Cohanim e ungi-los. Moshe fez tudo o que De’s lhe ordenou. No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, o Mishkan foi montado, na ordem exata que De’s ordenou a Moshe. Moshe completou o trabalho. Uma nuvem cobriu o Ohel Moed; a glória de De’s encheu o Mishkan. Moshe não podia entrar, devido à nuvem e à glória de De’s. A subida da nuvem era um sinal para viajarem. A nuvem de De’s estava no Mishkan durante o dia. Durante a noite, fogo, visível para todo o povo judeu.

O culminar do edifício é a descida da nuvem, indicando a presença De’s. Mesmo após o fiasco do Bezerro de Ouro, a lealdade apaixonada expressa no cumprimento meticuloso de cada detalhe desta construção é recompensada com a Sua Presença. O Bezerro de Ouro seguido pela nuvem descendo sobre o Mishkan ensina ao povo judeu que nós falhamos com Ele, mas Ele não vai falhar connosco.

Parashat HaChodesh (Êxodo 12:1-20)

Esta é a 4ª das 4 leituras dos maftir e haftarot especiais que levam a Pesach. Aqui, são delineadas as mitzvot de Pesach, incluindo chametz e matza, e as leis da oferenda de Pesach. A oferenda de Pesach é única. É a única oferenda que todas as pessoas do povo judeu devem trazer. Como Nissan é chamado o primeiro mês, Pesach é a primeira festa. A oferenda de Pesach significa, então, começar o ano com uma aproximação pessoal a De’s. Quando dizemos que cada pessoa deve ver-se como se tivesse deixado o Egito, o requisito de trazer a oferenda de Pesach é consequência disso: como deixei o Egito, eu, pessoalmente, tenho de me aproximar de De’s. Ele tirou-me do Egito; eu aproximo-me dEle.

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Rav Reuven Tradburks é Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

Parashat Vayakhel – Pekudei

Porque é proibido acender fogo no Shabat?

«E reuniu Moisés toda a congregação dos filhos de Israel e disse-lhes: “Estas são as coisas que o Eterno ordenou fazer: Seis dias trabalharás e no sétimo dia descansarás, pois será dia santo, quer dizer, dedicado ao Eterno. Todo aquele que fizer um trabalho nesse dia será morto. Não acendereis fogo nas vossas moradas no dia de Sábado.»  (Êxodo, 35, 1-4)

O cumprimento da ordem bíblica de respeitar o Shabat exige abster-se de todo o trabalho. Esta abstenção de trabalhar em Shabat não tem só por objetivo dar-nos tempo para levar a cabo outro tipo de atividades; ela é em si mesma o conteúdo básico do dia.

O Shabat é um dia no qual não se trabalha. De’s descansou da sua tarefa da Criação durante o Shabat, e o Homem deve descansar com Ele. Ordena-se ao judeu que considere que a experiência do descanso sabático possui grande valor educativo. Para respeitar o Shabat é necessário evitar conscientemente a execução de certas atividades, analisando para isso cada atividade, para poder decidir se se trata de um trabalho ou não. Este ato de análise forma parte da experiência sabática.

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