Parasha da Semana – Vaerá

Parasha da Semana – Vaerá

Parshat Vaera

Por: Rav Reuven Tradburks

A Parshat Vaera é a transição das promessas Divinas para a ação Divina. Após a primeira recusa do faraó no final da parasha da semana passada, D’us garante a Moshe que Ele libertará o povo judeu da escravidão e o trará para a terra de Israel. Após a relutância de Moshe, Moshe e Aharon são enviados ao faraó. Ocorrem as primeiras sete pragas: sangue, rãs, piolhos, animais selvagens, praga nos animais, pústulas, granizo. O faraó reage aos solavancos, às vezes concordando e mudando de ideias logo a seguir.

1ª Aliá (6: 2-13) D’us responde firme e definitivamente à aparente futilidade da abordagem de Moshe ao faraó no final da parasha da semana passada. Eu sou D’us, um nome que os Avot não conheciam. Eu prometi-lhes a terra de Israel. Ouvi o clamor do povo. E lembro-Me da aliança. Então diz ao povo: Eu, D’us, tirá-los-ei, salvá-los-ei, redimindo-os, trazendo-os a Mim, trazendo-os para a Terra. O povo não ouve, devido aos seus fardos. D’us diz a Moshe para ir ao faraó. Ele objeta: o povo não me ouviu, como me ouvirá o faraó?

Nesta aliá, D’us estabelece a mais fundamental das crenças judaicas: a intervenção direta de D’us na história judaica. Até agora, conhecemos D’us como Aquele que promete a Avraham que receberá a terra de Israel. Mas ainda não vimos essa promessa se tornar realidade. A promessa da terra não foi concretizada.

Tudo muda agora. Em vez de termos que procurar, perscrutar os bastidores em busca do Divino, Ele diz-nos exatamente o que fará. Agora, pela primeira vez, D’us revela, em grandes detalhes, o que está prestes a fazer. E isso acontece imediatamente. Ele diz a Moshe e ao povo exatamente o que vai fazer, com todos os detalhes: tirá-los, salvá-los, redimi-los, aproximá-los a Ele, trazê-los para a Terra.

Vamos ver isto ainda melhor nas próprias pragas: De’s diz o que vai fazer hoje ou o que vai fazer amanhã. E fá-lo imediatamente. É por isso que existem 10 pragas. De’s quer demonstrar repetidamente que controla o mundo e, portanto, também a história humana.

2ª Aliá  (6: 14-29) É delineada a linhagem de Reuven, Shimon e Levi, incluindo o nascimento de Moshe e Aharon. São os mesmos Aharon e Moshe que D’us ordenou que fossem ao faraó. Aqueles que falam com o faraó.

A linhagem de Moshe parece ser apresentada para destacar que ele não é líder devido à sua linhagem. Ele não provém do filho primogénito Reuven. Nem do primeiro filho de Levi. Nem sequer é o filho primogénito de Amram. Moshe não é líder em virtude da sua linhagem.

3ª Aliá (6: 30-7: 7) D’us diz a Moshe para ir ao faraó. Moshe objeta: Sou preso de língua, como como me ouvirá o faraó? D’us diz a Moshe: Faço de ti juiz do faraó e de Aharon teu porta-voz. Endurecerei o coração do faraó. Ele não te ouvirá.

Aqui começa o detalhe do que vai acontecer. Por medidas políticas normais, Moshe sabe que não terá sucesso. Ele: fraco. O faraó: poderoso. Mas é-lhe dito que ele e o faraó são apenas peões nas Mãos de D’us.

4ª Aliá (7: 8-8: 6) Começam as pragas. Vai ao faraó pela manhã, quando ele for ao o rio. Através disto saberás que Sou D’us: A água transformar-se-á em sangue. Moshe avisa o faraó. Aharon toca na água; esta transforma-se em sangue. Os feiticeiros também o fazem. O faraó não escuta. A 2ª praga: Vai ao faraó e diz-lhe que D’us diz para deixares o povo ir servi-Lo. De contrário, as rãs invadirão a tua casa, cama, fornos, as casas dos escravos. Aharon levanta o seu cajado e surgem as rãs. O faraó chama Moshe e pede-lhe que reze para aquilo parar.

As primeiras 2 pragas, sangue e sapos, vêm da água. A água faz-nos imediatamente pensar na Criação: O espírito de D’us pairava sobre as águas. A água é um começo: em Breishit, é o começo do mundo. Aqui, é o início do povo judeu.

E as pragas serão de baixa intensidade ao princípio, e depois aumentarão. O que é mais baixo do que o nível do solo? A água, que se acumula nas partes mais baixas. As primeiras 2 pragas vêm da água. A 4ª e a 5ª, os animais selvagens e a praga nos animais, são em terra. E a 7ª, 8ª e 9ª, o granizo, o enxame de gafanhotos e a escuridão, vêm do céu.

Isto também nos remete à Criação: primeiro havia água. Separou-se para fazer os céus. E a água em baixo foi dividida para fazer surgir a terra seca. As pragas atacam esses mesmos elementos do princípio da Criação.

5ª Aliá (8: 7-8: 18) Moshe reza, as rãs param, o faraó obstina-se. 3ª praga: Aharon levanta o seu cajado; os piolhos atacam as pessoas e os animais. Os feiticeiros tentam imitar, sem sucesso. É a mão de D’us. O faraó não escuta. A 4ª praga: Vai ao faraó pela manhã quando ele for ao rio. Diz-lhe: Haverá feras no Egito, mas não em Goshen. Através disto saberás que Sou D’us no meio da terra.

Quem decidiu onde acaba cada aliá estava a fazer um comentário através dessa escolha. Na nossa parashá, faria sentido que as aliot acabassem de forma lógica com o fim de cada praga – na quebra de parágrafo. Mas tanto esta aliá quanto a seguinte concluem da mesma forma: Saberás que Eu Sou D’us.

A 1ª, 4ª e 7ª pragas começam com Moshe a encontrar-se com o faraó na água pela manhã. E cada uma repete a mesma frase: Saberás… A primeira é “Saberás que sou D’us.” A 4ª, “Saberás que sou D’us no meio da terra.” E a 7ª, “Saberás que não há ninguém como Eu.”

Estes são os 3 pilares da fé judaica: Existe um D’us, Ele é nosso D’us, ou seja, está envolvido no que acontece no mundo, e Ele é Um.

6ª Aliá (8: 19-9: 16) Ocorre a praga de feras. O faraó concorda em permitir que o povo saia para adorar no deserto. Moshe reza pelo fim da praga. O faraó muda de ideias. A 5ª praga: Vai ao faraó, os animais serão atacados com uma praga, mas não os do povo judeu. O faraó verificou, viu que era verdade. Mas endureceu o seu coração. A 6ª praga: Moshe, lança pó ao céu à frente do faraó. O pó transformou-se em furúnculos e pústulas nos animais e nas pessoas. D’us endureceu o coração do faraó. 7ª praga: Moshe, vai ao faraó pela manhã. Com esta praga saberás que não há ninguém como Eu.

As pragas 4 e 5, os animais selvagens e a praga nos animais, atacam apenas os egípcios, não acontecem em Goshen. Isto ensina-nos que D’us está envolvido na atividade do Homem, distinguindo entre o bem e o mal.

Transformar a água em sangue foi um ataque ao deus egípcio; portanto, saberás que sou D’us. Aqui a praga distingue as pessoas, os egípcios  dos judeus, para ensinar: Eu sou D’us, a agir no meio da terra. E as últimas pragas vêm do céu – Ele controla o céu, os poderes, o cosmos. Não há ninguém fora dEle.

7ª Aliá (9: 17-35) Choverá granizo e matará toda a gente no seu caminho. Moshe ergueu o seu cajado e choveu granizo no meio de trovões, com fogo. O faraó chamou Moshe e Aharon: Pequei; D’us é justo. Rezem para remover isto e eu vos deixarei ir. Moshe fez isso. O faraó recusou-se a deixar sair o povo.

Embora as pragas tenham uma ordem muito clara, as reações do faraó não. Ele aceita, permitindo que eles saiam para comemorar. Depois muda de ideias. Aqui, ele aceita que pecou. Esta é uma aceitação de responsabilidade muito impressionante. Está arrependido. E depois muda de ideias.

Esta demonstração do envolvimento de D’us no mundo é algo sem precedentes, mas o Homem permanece teimoso.

A Parasha termina após 7 pragas. As últimas 3 fazem parte da Parasha da próxima semana.

Esta história é a história mais notável da vida judaica. Mencionada diariamente nas nossas orações. No Shema. No Birkat Hamazon. No Kidush. E no seder. Por duas razões:

  1. Porque representa uma inovação radical na crença religiosa. D’us como Criador é uma crença central. D’us como Juiz, a recompensar e a punir, também é uma crença fundamental. Mas a noção de que D’us intervém no mundo, moldando a história humana, atraindo o povo judeu a Ele, para nos trazer à terra de Israel – o D’us da História, essa noção é introduzida aqui. No nosso tempo somos mimados, pois vemos o D’us da História no nosso retorno à terra de Israel. Para nós, é evidente. Nós vemo-Lo com os nossos próprios olhos. O D’us da História é-nos apresentado aqui, na nossa Parasha.
  2. Porque a perceção aberta de D’us é… bem, é difícil para nós. A Mão de D’us está escondida neste nosso mundo nebuloso. Ele criou-o dessa forma – a palavra em hebraico para «mundo» é olam, semelhante a ne’elam, «oculto». Mas perceber a Sua Mão moldando a história requer grande fé e discernimento. Oh, quantos escolheram, nos nossos dias, devido ao eclipse da Sua Face, à falta da Sua Mão na nossa história, no holocausto, oh, quantos O abandonaram. Esta história do Egito é como se Ele nos dissesse: Vou mostrar-vos a Minha Mão uma vez. Só uma vez. Prestem atenção. Não vai acontecer assim de novo. Mas estou a fazer isso porque sei como é difícil para vocês conseguirem ver-Me. A Minha Mão revela-se no Egito, nas pragas, na travessia do mar. E vocês, meu povo judeu, que viverão no futuro na espessa névoa da vida, quando ver a Minha Mão for demasiado difícil – vocês regressarão, muitas vezes, em oração, em mitsvot, a este glorioso dia claro e ensolarado da Minha Mão. E saberão que, tal como a minha Mão era tão clara e óbvia naquele tempo, a Minha Mão também está presente agora.
Parasha da Semana – Vaierá

Parasha da Semana – Vaierá

Por: Rav Reuven Tradburks

As amadas histórias sobre a vida de Avraham encontram-se na nossa Parsha.  Avraham acolhe os anjos que vieram contar-lhe sobre a futura gravidez de Sara. De’s conta a Avraham sobre a destruição iminente de Sodoma; Avraham pede por eles. A cidade de Sodoma é destruída, Lot é salvo. As nações de  Moav  e Amon nascem de Lot e das suas filhas.  Avraham acampa em Gerar. Sarah dá à luz a Yitzchak. Hagar e  Yishmael  são mandados embora. Avraham faz um pacto com  Avimelech. A parashá acaba com a história dramática da Akeidat  Yitzchak, a quase morte de Yitzchak às mãos de Avraham.

1a Aliá (18:1-14).  De’s aparece a Avraham. Três homens são calorosamente recebidos por Avraham com uma hospitalidade extraordinária. Anunciam-lhe que pela mesma altura do ano seguinte Sara terá um filho.  Sara ouve isto da tenda e ri-se, pois a sua capacidade de ter filhos já é coisa do passado. De’s refuta: Há algo que seja demasiado para De’s? – Nesta altura do próximo ano terás tido um filho.

Esta história é um precioso olhar para dentro do lar de Avraham e Sara. Todos participam na boa ação: Avraham, Sara, os  jovens ajudantes. E a palavra «corre» ou «depressa» aparece quatro vezes em seis versículos. É uma receção enérgica, com entusiasmo.  A pronta hospitalidade de Avraham  tornam-se o paradigma de chesed para o povo judeu.

Sara ri-se da notícia de que vai ter um filho.  É repreendida por isso.  Mas Avraham riu-se da mesma notícia no final da parsha da semana passada, e não foi repreendido.  Rashi  comenta: O riso vem em 2 formas.  Simcha, riso feliz.  E escárnio.  Avraham riu: «Olha só, eu com 99 anos e ela com 90 – vamos ter um filho!»  Sarah escarneceu: «O quê?  Eu aos 90 e ele aos 99?  Não me parece.»

Sara não deixa de ter razão. É realista.  Avraham, sonhador.  A história judaica vai precisar dos sonhadores e dos realistas. Os Avot tendem a ser sonhadores; as  Imahot, as mulheres, realistas.

2ª  Aliá (18:15-33).  Os homens partem para Sodoma. De’s convence-Se de que não pode ocultar de Avraham, o exemplo da justiça, o seu plano para destruir Sodoma.  Avraham desafia-O: Como pode destruir os justos  junto com os maus?  E como pode destruir o lugar se há pessoas justas presentes? Avraham insiste no seu ponto de vista.

A generosidade de Avraham continua, embora aqui seja expressa de maneira bem diferente. Ele recusa-se a permitir a destruição de Sodoma sem contestação. E o seu argumento muda. O primeiro argumento é: porquê o mesmo destino para justos e ímpios? Se destruíres a cidade, então o mesmo destino aguarda os justos e os perversos. Um D’us justo não puniria os bons. Mas depois ele muda. Não castigues apenas os ímpios, poupando os justos; salva a cidade toda, ímpios e justos. Avraham está a implorar pela vida dos ímpios.

Avraham tem grande generosidade de espírito. O Juiz de todos pode julgar os ímpios; o meu papel é ser generoso. Anteriormente, ele tinha resgatado Lot e todo o povo de Sodoma que tinha sido levado cativo nas guerras dos 4 Reis e 5 Reis; esse mesmo povo que também já tinha sido descrito como perverso. Mais adiante, na nossa parashá, ele fica descontente com Sarah por ela querer mandar Yishmael embora, apesar de o seu comportamento não ser do agrado de Sarah. Isto também é a sua generosidade de espírito.

Seríamos verdadeiros aprendizes de Avraham se deixássemos o julgamento dos nossos semelhantes para Ele e, em vez disso, fôssemos generosos.

  Aliá (10:1-20).  Os homens viajam até Sodoma.  Lot insiste com eles para ficarem com ele.  Os homens da cidade opõem-se à presença destes forasteiros.   Tornam-se violentos.  Os  visitantes  dizem a Lot que Sodoma deve ser destruída e que deve partir rapidamente.  Os seus genros recusam-se.  O dia amanhece e  Lot, a mulher e as filhas  deixam Sodoma, tendo recebido a ordem de não olharem para trás.

Lot é o familiar mais próximo de Avraham.  Parece seguir os passos de Avraham.  Dá as boas-vindas aos estranhos, dá-lhes  um lugar em sua casa, serve-lhes comida.   Uma história paralela à bondade de Avraham.   Mas a  lição não reside nas semelhanças, e sim nas diferenças.  Lot está a viver em Sodoma. E isso faz toda a diferença.

Esta história é o início do tema que vai dominar o resto do livro de Génesis: Quem, da família de Avraham, está dentro?  E quem está fora?  A família de Avraham herdará o pacto do povo judeu– Mas quem, na sua família? No fim de contas, o parente mais próximo de Avraham é Lot. Com o nascimento iminente de Yitzchak, a questão de saber quem herdará a terra de Israel torna-se urgente.  Será toda a comitiva de Avraham?  Lot,  Yishmael, Yitzchak?  Será que a generosidade do espírito de Avraham se estende à  promessa da Terra – quererá ele incluir a sua família alargada?

Bem, podemos ver uma pessoa que não vai fazer parte da história judaica: Lot. Lot fica excluído dessa possibilidade devido à sua associação a Sodoma.

4a  Aliá (19:21-21:4) Lot recebe a ordem de fugir de Sodoma.  As cidades de Sodoma e  Gomorra  (Amorra em hebraico) estão destruídas.  A mulher de Lot olha para trás e transforma-se numa coluna de sal. Avraham olha desde as colinas e vê a destruição.  Lot foge para as colinas.  As duas filhas de Lot embriagam-no  com vinho e engravidam dele, pensando que são as únicas pessoas que restam no mundo.  Chamam aos seus filhos  Moav  e Amon.   Avraham vai a  Gerar,  Avimelech recebe a ordem de De’s de não tocar em Sara.  Avimelech confronta Avraham sobre o porquê de lhe ter ocultado a identidade de Sara.  Avraham  responde:  Eu vi que não há aqui temor a De’s.  De’s cumpre o que prometeu a Sara. Sara dá à luz Yitzchak.  Avraham circuncida-o como De’s mandou.

Há muita «visão»: Lot não deve olhar para trás, enquanto Avraham está a olhar para a planície.  As filhas vêem-se como Noé e a família – os únicos sobreviventes.  Avraham vê que não há temor a De’s

Lot não viu, nem  levou a sério o facto de viver entre os pecadores.  O que Lot não viu à sua  volta,  Avraham percebeu imediatamente em  Gerar; não há aqui temor a De’s.

A história com as filhas de Lot é uma ironia amarga, como Rav Hershel Schachter gosta de salientar: Elas pensaram  mesmo  que, de todas as pessoas do mundo, elas eram as mais justas para serem salvas? Não há mais ninguém no mundo a não ser eles? A sério?  E Avraham?  Como se sentiram no dia seguinte quando desceram a rua e viram tudo cheio de pessoas?

5a  Aliá  (21:5-21).  Yitzchak cresce e é desmamado.  Sara vê  Yishmael a brincar com Yitzchak.  Ela diz a Avraham para expulsar este rapaz, pois ele não herdará juntamente com Yitzchak.  Isto incomoda Avraham, mas De’s diz-lhe para ouvir  Sara.  Avraham acorda cedo, manda embora Hagar e  Yishmael. Eles vão para o deserto de  Beersheva.  A água acaba.  Hagar não suporta ver a morte do seu filho, e chora.  Um anjo chama-a.  Os seus olhos são abertos, vê um poço e dá água a  Yishmael.

A próxima geração do povo judeu já nasceu.  Quem fará  parte do pacto? Lot está de fora, mas ele não é filho de Avraham; é sobrinho.  Sara diz a Avraham que  Yishmael, embora filho de Avraham, não é a próxima geração do povo judeu. A expulsão  de Yishmael é uma história paralela à Akeida  que estamos prestes a ler. Em ambas as histórias Avraham levanta-se cedo, há uma criança anda com o pai / mãe, a vida da criança fica em perigo, um anjo chama, o pai / mãe vê o que não viu antes, a criança é salva. Histórias semelhantes ensinam que De’s se importa e salva quem está em perigo.  Mas as semelhanças são apenas semelhanças – não é a mesma coisa.   Yishmael  não será igual a Yitzchak na próxima geração do povo judeu.

6a  Aliá (21:22-34).   Avimelech  inicia um pacto com Avraham em  Beersheva.  Eles dão ao lugar o nome de Beersheva, da palavra «jurar».  Avraham invoca o nome de De’s em  Beersheva.

A fama de Avraham provocou um pacto. Mas porque Avmelech faria um pacto assim? Parece que não é só Avraham que é famoso; as promessas divinas da herança também o são. As pessoas ouviram falar deles, e acreditam neles e respeitam-nos. Por isso, preferem estar do lado de Avraham.

7a  Aliá (22:1-24).   Akeidat  Yitzchak, o sacrifício de Isaac. É dito a Avraham para pegar em Yitzchak e oferecê-lo como oferenda.  No  caminho, Yitzchak questiona Avraham.  Chegam à montanha.  No último momento, o anjo chama Avraham.  Avraham provou a sua lealdade à ordem de De’s.  Ele vê um carneiro preso num arbusto e oferece-o no lugar de Yitzchak.  Regressam a  BeerSheva.

A história mais dramática da Torá.  Uma história de  absoluta lealdade à ordem divina, mas também de  pathos e ironia.  O homem da generosidade, que suplicou pelas vidas dos perversos de Sodoma, está agora pronto para tirar a vida do seu próprio filho.  Aquele que desafiou a injustiça da destruição iminente de Sodoma, agora não tem voz.  E o mais óbvio – aquele que esperou pacientemente durante 25 anos pela promessa de um filho – e de um futuro – agora está pronto para destruir tudo.

Uma história que  pode ser pensada e estudada durante uma vida inteira.  Talvez, um elemento da história diga respeito às promessas. As promessas a Avraham de fama, família e fortuna foram concedidas por De’s.  E a promessa de a sua família herdar a Terra de Israel pode agora tomar forma. Mas não pense que a aproximação de De’s ao Homem e ao povo judeu não terá a sua complexidade, os seus sacrifícios, os seus mistérios ao tentarmos entender as maneiras inefáveis de De’s. Está a ser criada uma ligação íntima, do amor de De’s pelo  povo judeu,  e estamos a ficar cada vez mais próximos dEle, mas Ele permanece opaco, inescrutável, misterioso, fora do nosso alcance. Vivemos simultaneamente em intimidade com o Divino por um lado, e, por outro, com uma grande distância.

Parashá da Semana – Vaierá

Parashá da Semana – Vaierá

Parashá Vaierá

Pelo Rav Reuven Tradburks

As amadas histórias sobre a vida de Avraham encontram-se na nossa Parsha.  Avraham acolhe os anjos que vieram contar-lhe sobre a futura gravidez de Sara. De’s conta a Avraham sobre a destruição iminente de Sodoma; Avraham pede por eles. A cidade de Sodoma é destruída, Lot é salvo. As nações de  Moav  e Amon nascem de Lot e das suas filhas.  Avraham acampa em Gerar. Sarah dá à luz a Yitzchak. Hagar e  Yishmael  são mandados embora. Avraham faz um pacto com  Avimelech. A parashá acaba com a história dramática da Akeidat  Yitzchak, a quase morte de Yitzchak às mãos de Avraham.

 

1a Aliá (18:1-14).  De’s aparece a Avraham. Três homens são calorosamente recebidos por Avraham com uma hospitalidade extraordinária. Anunciam-lhe que pela mesma altura do ano seguinte Sara terá um filho.  Sara ouve isto da tenda e ri-se, pois a sua capacidade de ter filhos já é coisa do passado. De’s refuta: Há algo que seja demasiado para De’s? – Nesta altura do próximo ano terás tido um filho.

 

Esta história é um precioso olhar para dentro do lar de Avraham e Sara. Apressam-se para fazer o bem. E todos participam: Avraham, Sara, os  jovens ajudantes.   A hospitalidade, a preocupação com os outros  e a casa aberta de Avraham  tornam-se o paradigma de chesed para o povo judeu.

 

Sara ri-se da notícia de que vai ter um filho.  É repreendida por isso.  Mas Avraham riu-se da mesma notícia no final da parsha da semana passada.  Não é repreendido.  Rashi  comenta: O riso vem em 2 formas.  Simcha, riso feliz.  E escárnio.  Avraham riu: «Olha só, eu com 99 anos e ela com 90 – vamos ter um filho!»  Sarah escarneceu: «O quê?  Eu aos 90 e ele aos 99?  Não me parece.»

 

Sara não deixa de ter razão. É realista.  Avraham, sonhador.  A história judaica vai precisar dos sonhadores e dos realistas.   Os Avot tendem a ser sonhadores; as  Imahot, as mulheres, realistas.

 

2ª  Aliá (18:15-33).  Os homens partem para Sodoma. De’s convence-Se de que não pode ocultar de Avraham, o exemplo da justiça, o seu plano para destruir Sodoma.  Avraham desafia-O: Como pode destruir os justos  junto com os maus?  E como pode destruir o lugar se há pessoas justas presentes? Avraham insiste no seu ponto de vista.

 

Algo mudou na vida de Avraham.  Quando o conhecemos, foi-lhe prometida fama, fortuna e família.  E a terra de Israel.  Recebeu fortuna no Egito, fama na guerra dos 5 reis e dos 4 reis.  Eram promessas pessoais, feitas para ele – teria fama e teria fortuna.

 

As duas outras promessas ainda não aconteceram – a família e a terra de Israel.  Não são promessas pessoais.  São históricas  – O povo judeu nascerá de ti e o povo judeu herdará esta terra de Israel.   Foi-lhe prometida família – durante 25 anos. E foi-lhe prometida repetidamente a terra de Israel.  No entanto, todas as promessas foram feitas numa mesma direção – De’s prometendo a Avraham.  Só com a Milah  é que foi feita uma exigência a Avraham.  E já não é uma promessa vaga de um filho, mas iminente – em menos de um ano.

 

Avraham sente que está a transitar  de recetor para professor.  Ele precisa de ser o professor dos caminhos de De’s para a próxima geração, e todas as gerações subsequentes.  Ensina bondade pelo exemplo.  E precisa de ensinar justiça – não só a justiça humana, mas também a Divina.  O pacto de mila com De’s é um convite de De’s para se envolver. E Avraham envolve-se.

 

  Aliá (10:1-20).  Os homens viajam até Sodoma.  Lot insiste com eles para ficarem com ele.  Os homens da cidade opõem-se à presença destes forasteiros.   Tornam-se violentos.  Os  visitantes  dizem a Lot que Sodoma deve ser destruída e que deve partir rapidamente.  Os seus genros recusam-se.  O dia amanhece e  Lot, a mulher e as filhas  deixam Sodoma, tendo recebido a ordem de não olharem para trás.

 

Lot é o familiar mais próximo de Avraham.  Parece seguir os passos de Avraham.  Dá as boas-vindas aos estranhos, dá-lhes  um lugar em sua casa, serve-lhes comida.   Uma história paralela à bondade de Avraham.   Mas a  lição não reside nas semelhanças, e sim nas diferenças.  Lot está a viver em Sodoma. E isso faz toda a diferença.

 

Esta história é o início do tema que vai dominar o resto do livro de Génesis: Quem, da família de Avraham, está dentro?  E quem está fora?  A família de Avraham herdará o pacto do povo judeu– Mas quem, na sua família? Com o nascimento iminente de Yitzchak, a questão de saber quem herdará a terra de Israel torna-se urgente.  Será toda a comitiva de Avraham?  Lot,  Yishmael, Yitzchak?  Será que a generosidade do espírito de Avraham se estende à  promessa da Terra – quererá ele incluir a sua família alargada?

 

Bem, podemos ver uma pessoa que não vai fazer parte da história judaica: Lot. Lot fica excluído dessa possibilidade com a sua associação a Sodoma.

 

4a  Aliá (19:21-21:4)Lot recebe a ordem de fugir de Sodoma.  As cidades de Sodoma e  Gomorra  (Amorra em hebraico) estão destruídas.  A mulher de Lot olha para trás e transforma-se numa coluna de sal. Avraham olha desde as colinas e vê a destruição.  Lot foge para as colinas.  As duas filhas de Lot embriagam-no  com vinho e engravidam dele, pensando que são as únicas pessoas que restam no mundo.  Chamam aos seus filhos  Moav  e Amon.   Avraham vai a  Gerar,  Avimelech recebe a ordem de De’s de não tocar em Sara.  Avimelech confronta Avraham sobre o porquê de lhe ter ocultado a identidade de Sara.  Avraham  responde:  Eu vi que não há aqui temor a De’s.  De’s cumpre o que prometeu a Sara. Sara dá à luz Yitzchak.  Avraham circuncida-o como De’s mandou.

 

Há muita «visão»: Lot não deve olhar para trás, enquanto Avraham está a olhar para a planície.  As filhas vêem-se como Noé e a família – os únicos sobreviventes.  Avraham vê que não há temor a De’s

 

Lot não viu, nem  levou a sério o facto de viver entre os pecadores.  O que Lot não viu à sua  volta,  Avraham percebeu imediatamente em  Gerar; não há aqui temor a De’s.

 

A história com as filhas de Lot é uma ironia amarga, como gosta de salientar o Rav Hershel Schachter: Pensaram  mesmo  que, de todas as pessoas do mundo, elas eram as mais justas para serem salvas? Não há mais ninguém no mundo a não ser eles? A sério?  E Avraham?  Como se sentiram no dia seguinte quando desceram a rua e viram tudo cheio de pessoas?

 

5a  Aliá  (21:5-21).  Yitzchak cresce e é desmamado.  Sara vê  Yishmael a brincar com Yitzchak.  Ela diz a Avraham para expulsar este rapaz, pois ele não herdará juntamente com Yitzchak.  Isto incomoda Avraham, mas De’s diz-lhe para ouvir  Sara.  Avraham acorda cedo, manda embora Hagar e  Yishmael. Eles vão para o deserto de  Beersheva.  A água acaba.  Hagar não suporta ver a morte do seu filho, e chora.  Um anjo chama-a.  Os seus olhos são abertos, vê um poço e dá água a  Yishmael.

 

A próxima geração do povo judeu já nasceu.  Quem fará  parte do pacto? Lot está de fora, mas ele não é filho de Avraham; é sobrinho.  Sara diz a Avraham que  Yishmael, embora filho de Avraham, não é a próxima geração do povo judeu. A expulsão  de Yishmael é uma história paralela à Akeida  que estamos prestes a ler.  Em ambas as histórias Avraham levanta-se cedo, uma criança anda com o pai / mãe, a vida da criança fica em perigo, um anjo chama, o pai / mãe vê o que não viu antes, a criança é salva.  Histórias semelhantes ensinam que De’s se importa e salva quem está em perigo.  Mas as semelhanças são apenas semelhanças – não é a mesma coisa.   Yishmael  não será igual a Yitzchak na próxima geração do povo judeu.

 

6a  Aliá (21:22-34).   Avimelech  inicia um pacto com Avraham em  Beersheva.  Eles dão ao lugar o nome de Beersheva, da palavra «jurar».  Avraham invoca o nome de De’s em  Beersheva.

 

A fama de Avraham provocou um pacto.  Mas a lição reside no que falta.  Avraham é agora famoso, mas ele tem apenas grande poder de persuasão moral; não tem peso político.  Não tem terra, nem exército, nem presença política.  A promessa de que possuirá esta terra permanece apenas um sonho.

 

7a  Aliá (22:1-24).   Akeidat  Yitzchak, o sacrifício de Isaac. É dito a Avraham para pegar em Yitzchak e oferecê-lo como oferenda.  No  caminho, Yitzchak questiona Avraham.  Chegam à montanha.  No último momento, o anjo chama Avraham.  Avraham provou a sua lealdade à ordem de De’s.  Ele vê um carneiro preso num arbusto e oferece-o no lugar de Yitzchak.  Regressam a  BeerSheva.

 

A história mais dramática da Torá.  Uma história de  absoluta lealdade à ordem divina, mas também de  pathos e ironia.  O homem da generosidade, que suplicou pelas vidas dos perversos de Sodoma, está agora pronto para tirar a vida do seu próprio filho.  Aquele que desafiou a injustiça da destruição iminente de Sodoma, agora não tem voz.  E o mais óbvio – aquele que esperou pacientemente durante 25 anos pela promessa de um filho – e de um futuro – agora está pronto para destruir tudo.

 

Uma história que  pode ser pensada e estudada durante uma vida inteira.  Talvez, um elemento da história diga respeito às promessas. As promessas a Avraham de fama, família e fortuna foram concedidas por De’s.  E a promessa de a sua família herdar a Terra de Israel pode agora tomar forma. Mas não pense que a aproximação de De’s ao Homem e ao povo judeu não terá a sua complexidade, os seus sacrifícios, os seus mistérios ao tentarmos entender as maneiras inefáveis de De’s. Está a ser criada uma ligação íntima, do amor de De’s pelo  povo judeu,  e estamos a ficar cada vez mais próximos dEle, mas Ele permanece opaco, inescrutável, misterioso, fora do nosso alcance.

Parasha da Semana

Vaerá

Pelo rabino Reuven Tradburks.

A parshá Vaerá é a transição das promessas divinas para a ação divina. Depois da primeira recusa do Faraó no final da parashá da semana passada, De’s assegura a Moshe que vai libertar o povo judeu da escravidão e trazê-lo para a terra de Israel. Depois da relutância de Moshe, Moshe e Aharon são enviados ao Faraó. Ocorrem as primeiras sete pragas: sangue, rãs, piolhos, animais selvagens, peste sobre os animais, sarna, granizo. O Faraó responde em modo «pára, arranca» e começa por vezes por aceitar mas depois muda de ideias.

1ª Aliá (6:2-13): De’s responde firme e definitivamente à aparente futilidade da abordagem de Moshe ao Faraó no final da parashá da semana passada. Sou De’s, um nome desconhecido dos Avot. Prometi-lhes a terra de Israel. Ouvi o clamor do povo.  Lembro-me do pacto. Então diz ao povo: «Eu, De’s, vou tirá-los daí, salvá-los, resgatá-los, trazê-los a Mim, trazê-los para a Terra.» O Povo não ouve, devido aos seus fardos. De’s diz a Moshe para ir ao Faraó. Ele argumenta: o povo não me ouviu, como é que o Faraó vai me ouvir?

Nesta aliá, De’s estabelece a mais fundamental das crenças judaicas. Até agora, conhecemos De’s como Criador. E juiz (para aqueles que pecaram – Caim, o dilúvio, Sodoma). Como Aquele que promete a Avraham. Mas as Suas ações na atividade humana foram vistas apenas à distância. A promessa da terra não foi  concedida. Até Yosef interpreta a sua vida como De’s querendo salvar o povo judeu da fome – mas essa é a sua suposição, espreitando De’s por trás da atividade humana.

Tudo muda agora. Em vez de termos que procurar, espreitar os bastidores do Divino, Ele diz-nos exatamente o que vai fazer. Agora, pela primeira vez, De’s revela, em grande detalhe, o que está prestes a fazer. E acontece imediatamente. Ele diz a Moshe e ao povo com todos os detalhes exatamente o que vai fazer: tirá-los, salvá-los, resgatá-los, trazê-los até Ele, trazê-los para a Terra. 

E nas próprias pragas Ele diz o que vai fazer. E depois fá-lo imediatamente. É por isso que há 10 pragas. Ele quer demonstrar uma e outra vez que Ele está a controlar o mundo e, portanto, também, a História humana.

E o mais importante é que ele não está a castigar.  Ele está a trazer o Seu amado, o seu primogénito, até Ele. Disse a Noé que ia castigar o mundo. E fê-lo. Disse a Avraham que castigaria Sodoma e Gomorra. E fê-lo. Mas isto não é castigo. Isto é amor pelo seu povo. 

2ª Aliá (6:14-29): É delineada a linhagem de Reuven, Shimon e Levi. Incluindo o nascimento de Moshe e Aharon. Estes são os mesmos Aharon e Moshe que De’s ordenou que fossem ao Faraó.  Os que falam com o Faraó. 

A linhagem de Moshe parece ser apresentada para realçar que ele não é líder devido à sua linhagem. Não vem do primogénito, Reuven. Nem do primogénito de Levi. Nem mesmo do primogénito de Amram. Moshe não é líder em virtude da sua linhagem.

3ª Aliá (6:30-7:7): De’s diz a Moshe para ir ao Faraó.  Moshe objetou: Tenho a língua amarrada, como é que o Faraó vai me ouvir? De’s diz a Moshe: Estou a fazer de ti juiz do Faraó, e de Aharon, o teu porta-voz. Vou endurecer o coração do Faraó.  Ele não vai te escutar.   

Aqui começa o detalhe do que vai acontecer. Se se tratasse de medidas políticas normais, Moshe sabe que não seria bem-sucedido. Ele, fraco. Faraó, poderoso. Mas é-lhe dito que ele e Faraó são apenas peões nas Mãos de De’s.

4ª Aliá (7:8-8:6): Começam as pragas. Vai ao Faraó de manhã quando ele for ao rio.  Nisto saberás que Eu sou De’s. A água transformar-se-á em sangue. Moshe avisa o Faraó. Aharon bate na água; esta transforma-se em sangue. Os feiticeiros também o fazem. O Faraó não escuta. 2ª praga: vai ao Faraó e diz-lhe que De’s diz para deixar o povo ir servi-Lo. Se não, as rãs invadirão a tua casa, cama, fornos, as casas dos escravos. Aharon levanta a sua vara e as rãs invadem tudo. O Faraó chama Moshe e pede que ele reze para aquilo parar.

As primeiras 2 pragas, o sangue e as rãs, vêm da água. A água faz-nos imediatamente pensar na Criação: o Espírito de De’s pairava sobre as águas. A água é o começo: em Bereshit, é o começo do mundo.  Aqui, é o início do povo judeu.

E as pragas começarão pequenas e depois aumentarão. O que é inferior ao nível do solo? A água, que se reúne em terrenos mais baixos. As primeiras 2 pragas são da água. A 4 e a 5, os animais selvagens e a peste sobre os animais, acontecem em terra.  E a 7, a 8 e a 9, o granizo, os gafanhotos, e a escuridão, são do céu.

5ª Aliá (8:7-8:18): Moshe reza, as rãs param, o Faraó falta à sua palavra. 3ª peste: Aharon ergue a sua vara; homens e animais são atacados por piolhos. Os feiticeiros tentam imitá-los, sem sucesso; é a mão de De’s. O Faraó não escuta. A 4ª peste: Vai ao Faraó de manhã quando ele for ao rio. Diz-lhe: Haverá animais selvagens no Egito, mas não em Goshen. Nisto saberás que Eu sou De’s no meio da terra.

Seja quem for que decidiu onde termina uma aliá e começa outra terá comentado sobre essa escolha. Na nossa parashá faria sentido que as aliás terminassem bem e claramente, no fim de uma praga – no fim do parágrafo. Mas tanto esta aliá como a próxima terminam da mesma forma: «Para que saibam que sou De’s.» 

A 1ª, 4ª e 7ª pragas começam com Moshe encontrando o Faraó na água pela manhã. E cada uma repete a mesma frase: «Para que saibas…» O dia 1 é para que saibas que sou De’s. O 4º, para que saibas que sou De’s no meio da terra. E o dia 7, para que saibas que não há nenhum como Eu.

Estes são os 3 pilares da crença judaica. Há um De’s. Ele é o nosso De’s, ou seja, está envolvido no mundo. E Ele é Um.

6ª Aliá (8:19-9:16): Ocorre a praga dos animais selvagens. O Faraó concorda em permitir que o povo saia para celebrar no deserto. Moshe reza pelo fim da peste. O Faraó muda de ideias. A 5ª praga: Vai ao Faraó, os animais serão atingidos por uma doença, mas os do povo judeu não. O Faraó verificou, viu que era verdade. Mas endureceu-se-lhe o coração. A 6ª praga: Moshe, joga pó no céu em frente ao Faraó.  Tornou-se sarna de úlceras e bolhas nos animais e nas pessoas. De’s endureceu o coração de Faraó. 7ª peste: Moshe, vai ao Faraó de manhã. Com esta praga saberás que não há nenhum como Eu.  

Pragas 4 e 5, os animais selvagens e a peste sobre os animais atacam apenas os egípcios, não em Goshen.  Isto é para ensinar que De’s está envolvido na atividade do homem, distinguindo entre o mal e o bem. 

Transformar a água em sangue foi um ataque ao deus egípcio; com isto sabes que sou De’s. Aqui o ataque ao Egito é só para ensinar:  eu sou De’s, trabalhando no meio da terra.  E as últimas pragas vêm do céu – Ele controla o céu, os poderes, o cosmos.  Nada além dEle.

7ª Aliá (9:17-35): Vai chover granizo e matar tudo no seu caminho. Moshe levantou a sua vara e choveu granizo no meio de trovoada, com fogo. O Faraó chamou Moshe e Aharon: Pequei; De’s é justo. Reza para isto ser removido e eu deixo-vos ir. Moshe assim o fez. O Faraó recusou-se a deixar o povo sair.

Enquanto que as pragas têm uma ordem muito clara, as reações do Faraó não. Primeiro fica calmo, permitindo-lhes sair para celebrar.  Depois muda de ideias. Aqui, ele concorda que pecou. Esta é uma aceitação impressionante de responsabilidade.  Chamá-la-íamos de teshuva.  É contrita.  Mas depois muda de ideias.

Esta demonstração do envolvimento de De’s no mundo é sem precedentes, mas o homem continua a ser teimoso. 

A Parashá acaba depois de 7 pragas. As últimas três serão na Parashá da próxima semana.  O drama do Êxodo do Egito abrange 3 parshiot:  Vaera, Bo e Beshalach.

Esta história é a história mais notável da vida judaica. Menção diária nas nossas orações. No Shema. No Birkat Hamazon. Mencionada no Kiddush. E no Seder. Porque representa uma inovação radical na crença religiosa. De’s como Criador é uma crença central. De’s como juiz, que recompensa e pune, é uma crença fundamental.  Mas a noção de que De’s intervém no mundo, na formação da História humana, em trazer o povo judeu para Ele, para nos levar à terra de Israel – o De’s da História, é apresentado aqui. No nosso tempo somos mimados, porque vemos o De’s da História no nosso regresso à terra de Israel. Para nós é evidente.  Vemo-lo com os nossos próprios olhos.  O De’s da História é-nos apresentado aqui na nossa Parashá.

Rav Reuven Tradburks é o Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.