“E percorreram por toda a terra, e retornaram, ao final de nove meses e vinte dias, a Jerusalém” (Samuel 2 24:8)A principio o verso do profeta Shmuel (Samuel) discorre sobre os emissários encarregados de realizar um censo do Povo de Israel na época do reinado de David, e que, depois de nove meses e 20 dias, percorrendo toda a terra e contando cada um e um do povo de Israel, enfim, retornaram a capital, a Jerusalém.
Contudo, existe outra maneira de interpretar este verso, como uma profecia de Shmuel sobre os dias que anteciparão a Redenção.
Em 1967, no dia 28 de Iyar, o pequeno exército de Israel vencendo uma guerra histórica contra 6 países árabes, alcança o lugar mais santo do judaísmo e liberta Yerushalaim!
Embora celebramos Yom Yerushalaim (o Dia de Jerusalém) na própria data hebraica da libertação, o dia seguinte – o 29 de Iyar -, seria também propício a comemoração, pois foi finalmente o primeiro dia em que Yerushalaim pertencia, novamente, aos judeus. Assim como em Purim celebramos o dia depois da vitória (“os dias em que repousaram de guerrar com seus inimigos” (Esther 9:22)).
Caso antecipemos 9 meses e 20 dias (como na profecia de Shmuel) de Yom Yerushalaim, alcançaremoso dia9 de Av, o dia em que nos enlutamos pela destruição dos dois templos de Jerusalém e como resultado, a expulsão dos judeus da cidade.
Sabemos, da profecia de Yeshayahu (Isaías 66:10), que:
“Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela se enlutaram”.
Se alegrarão por Jerusalém todos aqueles que por ela se enlutaram! Aqueles sentiram a falta de Jerusalém enquanto estiveram no exílio, se alegrarão ao vê-la novamente nas épocas de redenção!
E assim, entendemos a profecia que trouxemos acima, de Shmuel, da seguinte maneira:
“E (após) percorrerem por toda a terra (pelos quatro cantos do mundo), retornaram, ao final de nove meses e vinte(após terem sentido o luto de Jerusalém em 9 beAv), no Dia de Jerusalém! (o dia que seria conhecido como o Dia de Jerusalém!)”
A relação entre o luto por Jerusalém e a alegria por sua reconstrução, está profundamente conectada! O Talmud explica a profecia acima de Yeshayahu com o famoso dito “Todo aquele que se enluta por Jerusalém, terá o mérito de ver a alegria de Jerusalém!”.
O grande Rabino Kook explica porque o Talmud escreve que aqueles que se enlutam por Jerusalém terão mértio de ver sua alegria e não sua reconstrução – como faria mais sentido no contexto. O Rabino Kook responde que somente aquele que de verdade sentiu a falta de Jerusalém, entendeu sua importância para o Povo Judeu e se aprofundou na necessidade do povo de estar essencialmente conectado com este lugar santo, poderá sentir alegria, comemorando, assim, a construção de Yerushalaim. Pois ver, muitos verão a cidade ser reconstruída (como hoje em dia, o mundo todo vê) mas, infelizmente, não todos se alegrarão e agradecerão a D’s por este grande milagre!
E assim é.
Há 49 anos, de uma maneira totalmente impressionante, Israel venceu uma guerra contra 6 países árabes que preparavam aquilo que seria o segundo grande genocídio do povo judeu em menos de 30 anos.
De maneira milagrosa, o exército de Israel não somente venceu a guerra, como o fez em somente 6 dias, impondo de maneira decisiva a soberania sobre o território e mostrando a todos seus vizinhos – e todo o mundo – que os Filhos de Israel haviam voltado para nunca mais sair.
Evocando uma guerra bíblica, Israel ainda conseguiu garantir um cordão de segurança tanto no norte quanto ao Sul (Golan e Sinai) além de recuperar as cidades santas e históricas de Hevron e a cidade velha de Jerusalém! Finalmente, voltavamos a casa!
Em 1948, os judeus voltavam a Israel, quando ninguém podia entender como um povo praticamente aniquilado podia ter forças de se reerguer e revitalizar um sonho bíblico. O mundo estava em choque, mas entendia que era temporário, como sempre havia sido com os judeus no exílio.
Mas, em 1967, quando voltamos a Cidade Velha de Jerusalém de uma maneira tão milagrosa, o mundo ficou abismado. As profecias dos judeus estavam de verdade se realizando! Os cristãos e os muçulmanos tiveram que sofrer reformas internas dentro de suas ideologias, porque algo estava muito errado no que estava acontecendo.
1967 foi um marco histórico para a humanidade e todos ainda estão tentando entender por que. Mas nós sabemos que arrancar a soberania de Jerusalém dos judeus não representa ao mundo uma “justiça internacional com base na resolução 478 da ONU”. Trata-se de uma tentativa de se auto convencer que, o que está acontencendo com o Povo de Israel não é verdadeiro, que não estão voltando, que suas profecias não estão acontecendo.
E é por isso que nossos sábios definem o exílio do Povo de Israel como um “Chilul Hashem” – uma profanação do Nome Divino. Pois todo o momento em que os judeus estão fracos e dispersos entre as nações, isso dá espaço para outros pensamentos e religões que profanam o Nome de D’s. Mas quando os judeus voltam para sua casa e começam a reconstrui-la, isso é “Kidush Hashem” – Santificação do Nome Divino -. Pois, o mundo começa a perceber que existe somente duas opções, celebrar com o Povo de Israel o começo da redenção, ou guerrear até o ultimo momento tentando provar (a si mesmos) que se trata de mais uma coincidência do destino.
Que saibamos nos alegrar e agradecer a D’s por haver nascido nessa geração, na geração da vitória e não da derrota, da vida e não da morte, da Redenção e nao do Exílio!!