Ao redor do mundo: Pesach 2023

Ao redor do mundo: Pesach 2023

Como nos anos anteriores, neste Pesach, as nossas comunidades em todo o mundo aproveitaram bem a festa, comendo matza e outros alimentos especiais, reunindo-se para o seder, dando passeios e passando tempo em família.

Agora Pesach já terminou – a matzá acabou, os pratos especiais de Pesach estão guardados até o próximo ano e o pão fermentado está sobre as nossas mesas mais uma vez. Mas não pudemos resistir a partilhar algumas fotos que foram enviadas para nós durante a semana da festa, das comunidades Shavei Israel ao redor do mundo.

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Como é que as comunidades longínquas obtêm matzá para Pesach?

Como é que as comunidades longínquas obtêm matzá para Pesach?

Para os judeus de todo o mundo, ter matza para o seder de Pesach é tão simples quanto ir ao supermercado local. Para comunidades como a de Bnei Menashe, no nordeste da Índia, ter matza requer coordenação e dedicação, e a comunidade reúne-se para fazer este pão achatado sem fermento, que se tornou parte da culinária judaica, e forma um elemento integral da festa de Pesach, durante a qual o chametz – ou pão fermentado – é proibido.

Muitas dessas comunidades trabalham juntas, fazendo um projeto para garantir que as necessidades de Pesach de toda a comunidade sejam satisfeitas.

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Leitura para o 7º Dia de Pesach

Leitura para o 7º Dia de Pesach

7º Dia de Pesach

Por: Rav Reuven Tradburks

1ª aliá (Êxodo 13:17-22) O povo partiu do Egito em direção ao mar. Moshe levou os ossos de Yosef, como Yosef  tinha instruído o povo a fazer. Uma nuvem divina guiava-os de dia e à noite fogo.

Yosef estava tão confiante na redenção do Egito que estava disposto a que os seus ossos ficassem no Egito até serem retirados de lá quando o povo judeu fosse redimido. Para Yosef, a promessa divina não era mítica; era uma certeza.

2ª aliá (14:1-14:8) O povo acampa na praia; o faraó persegue-os, com a elite das suas forças de combate.

3ª aliá (14:9-14) Com o mar à sua frente e o faraó no seu encalço, as pessoas estão desesperadas. Questionam o porquê de Moshe os tirar do Egito  para morrerem no deserto. E dizem: isso é o que dissemos no Egito. Preferimos permanecer no Egito para viver e trabalhar como escravos do que deixar o Egito para morrer no deserto. Moshe tranquiliza-os.

Esta é a primeira vez que ouvimos falar sobre a relutância do povo em deixar o Egito. Enquanto a Torá conta a história do povo judeu a deixar a escravidão, isso não significa que todos os judeus fossem participantes voluntários. O ceticismo não é uma invenção moderna; faz parte da condição humana. Mas, embora céticos, eles tomaram o seu lugar como parte do povo judeu que foi redimido. Os céticos juntam-se à aventura judaica da redenção, embora com ceticismo.

4ª aliá (14:15-25) D’us diz a Moshe para caminhar em frente e levantar o seu cajado sobre a água. A água dividir-se-á e o povo passará pela água. Moshe assim o fez, o mar dividiu-se, o povo passou e os egípcios perseguiram-nos. Ao amanhecer, os egípcios estão presos no mar, alegando que D’us está a lutar a batalha dos judeus.

A redenção ocorre com a água. A primeira coisa na Criação foi a água; o versículo 2 da Torá afirma que o espírito de D’us pairava sobre as águas. A água repete-se como um símbolo de começos. A divisão do mar e a redenção do Egito encerram um capítulo da história judaica e abrem um novo começo. É o início da marcha nacional para receber a Torá e entrar na Terra de Israel. Um novo começo marcado pela água.

5ª aliá (14:26-15:26) As águas do mar voltam, afogando os egípcios. O povo canta Az Yashir, a canção de agradecimento. Miriam conduz as mulheres na canção. Começa a jornada para o deserto.

A redenção traz a canção. Essa música cria um paradigma religioso. Quando somos destinatários dos dons Divinos, devemos responder com apreço e alegria. Isso também se reflete no nosso sidur. Quando mencionamos o êxodo do Egito nas brachot do Shemá, incluímos que o povo cantou esta shira. Devemos responder ao que Ele faz com o que nós fazemos. Cantar.

Leitura para o 1º Dia de Pesach

Leitura para o 1º Dia de Pesach

1º Dia de Pesach

Por: Rav Reuven Tradburks

1ª aliá (Êxodo 12:21-24) Oferece a oferenda de Pessach, coloca o seu sangue nas ombreiras e permanece dentro de casa até de manhã, pois D’us passará pelas casas identificadas com o sangue e o seu primogénito será poupado. Esta lei é eterna.

A simplicidade desta narrativa enfatiza o seu drama. Peguem no Pessach e ofereçam-no; e eles assim o fizeram. A disposição do povo em desafiar o Egito, em matar o seu deus (o cordeiro) é impressionante. O povo escravo ouviu o seu D’us, independentemente do risco dos seus dominadores.

E este é o primeiro ato de lealdade exigido por D’us ao povo judeu. Toda a Torá foram promessas de D’us para nós. Agora Ele pede que Lhe estendamos a nossa mão em troca. O Sagrado poderia ter-nos redimido, poderia ter passado sobre as nossas casas sem o sangue nos batentes das portas. Mas Ele queria que estendêssemos a nossa mão para Ele.

2ª aliá (12:25-28) Quando entrares na terra e os teus filhos te perguntarem o que é este serviço, responderás que é um Pessach, pois Hashem passou pelas nossas casas. O povo fez como Moshe ordenou.

Esses versículos simples são tão dramáticos quanto o primeiro. “Quando entrares na terra” –  O quê? Escravos no Egito, vivendo apenas de esperança, estão a receber instruções para cumprir esta mitsvá quando entrarem na terra. A terra de Israel é a coisa mais distante das suas mentes, atoladas na escravidão. Desde os primórdios da nossa história temos sonhos e visões de futuro, ignorando a crueldade da realidade do momento.

3ª aliá (12:29-36) À meia-noite, todos os primogênitos do Egito são mortos. O Faraó ordena que Moshe e Aharon saiam e levem todas as pessoas para o celebração e para o abençoem também.

Embora o acumular de situações até este momento tenha levado muitos meses, a redenção ocorre num piscar de olhos. Sair fora. Agora.

Os judeus, mesmo sabendo que serão redimidos naquela noite, não estão preparados para o momento. A antecipação não diminui o espanto do momento. Eles não tinham preparado provisões. Fieis eles eram; mas preparados não estavam.

4ª aliá (12:37-42) O povo partiu, incluindo 600.000 em idade militar, muitos outros que se juntaram, e foram carregados de rebanhos. A massa foi assada à pressa, pois foram expulsos à pressa. Os judeus viveram no Egito 430 anos; partiram exatamente após 430 anos. Este dia que D’us antecipou para a sua partida permanece um dia marcante para os judeus para sempre.

A Torá enfatiza que este dia foi destinado para a redenção desde o início. Desde a nossa perspetiva, a redenção foi repentina; estávamos despreparados. Mas da perspetiva Dele, isso esteve em cima da mesa o tempo todo. Ele antecipou o evento antes de ele acontecer; nós marcamos o dia depois de ele ter acontecido.

5ª aliá (12:43-51) A Oferenda de Pessach: não judeus não podem participar, deve ser comida numa casa, não pode ser retirada de casa, nenhum osso pode ser quebrado, todos os judeus participam. quele que se junta ao povo judeu e é circuncidado pode juntar-se ao Pessach; existe uma só lei para todos. Naquele dia, D’us tirou o povo judeu do Egito.

A lei de que o Pessach não pode ser retirado de casa é muito parecida às leis sobre os korbanot não poderem ser retirados do Mikdash. As nossas casas tornam-se o Mikdash na noite do Seder.

A circuncisão e o Pessach são dois lados da mesma moeda – A Brit Milah é um sinal da aliança com D’us, enquanto Pessach é nossa renovação anual de dedicação a essa aliança.

O Seder de Pesach – Halel: no próximo ano em Jerusalém!

O Seder de Pesach – Halel: no próximo ano em Jerusalém!

HALEL: No próximo ano em Yerushalayim!

Por: Rav Yosef Bitton

A festa de Pessach era vivida com muita intensidade nos tempos do Bet haMiqdash (Grande Templo de Jerusalém, destruído no ano 68 da era comum). Centenas de milhares de Yehudim chegavam a Yerushalayim de todos os confins de Israel e preparavam-se para sacrificar o qorbán pésakh (=uma ovelha ou cabra) no dia 14 de Nisán.

Aqueles que vinham de fora de Yerushalayim ficavam em casa de parentes ou conhecidos, ou muitas vezes, onde houvesse lugar. As casas em Yerushalayim estavam abertas para todos os que quisessem ficar. E só quando numa casa não havia mais lugar disponível, isso era anunciado pendurando um pano vermelho por cima da porta. Hoje em dia recordamos esse gesto de hospitalidade quando dizemos no início da Hagadá: «que todos os que quiserem participar do Seder de Pessach, venham e participem».

Nas casas, as pessoas reuniam-se em grupos de famílias, amigos e convidados chamados «chaburot» ou no singular «chaburá». Cada chaburá, que podia consistir de 50, 60 e até 100 pessoas, partilhava um mesmo qorbán.

A ovelha era levada na tarde de 14 de Nisán ao Bet haMiqdash por um ou dois representantes de cada jaburá, e lá era sacrificada, enquanto se recitava o Halel.

Há um belo costume, que poucos praticam hoje em dia, e que foi praticado durante séculos em memória deste Halel da véspera de Pesach. Sabem quando é que as pessoas costumavam assar as Matsot usadas no Seder de Pesach? No dia 14 de Nisan! ou seja, depois do meio-dia da véspera de Pesach. Exatamente quando se costumava sacrificar o qorbán Pésach. Este é o tempo ideal para preparar as Matsot (mitsvá min hamubchar, a mesma hora em que as chalot são normalmente preparadas numa sexta-feira). E, na véspera de Pessach, enquanto as Matsot eram preparadas, a família cantava o Halel!

Vamos regressar a Yerushalayim. Depois de ser sacrificado, o animal era assado numa única peça e levado para casa. À noite, sendo já no dia 15 de Nisan, realizava-se o Seder de Pesach, mais ou menos como o fazemos hoje. Lia-se a Hagadá, faziam-se as perguntas de Ma Nishtaná, servia-se muita comida, incluindo outros qorbanot como chaguigá, e tudo era acompanhado, claro, de Matsá, Maror e Charoset. As pessoas sentavam-se em sofás ou almofadas e comiam reclinados, como os nobres. Bebiam quatro copos de vinho diluído, brindando pela nossa salvação, redenção, liberdade e nomeação como povo escolhido. No fim do jantar, antes da meia-noite, o qorbán pésach era distribuído como afiqoman (última refeição, ou sobremesa) entre todos os membros da chaburá. Cada um tinha de comer daquele qorbán pelo menos um pedaço do tamanho de uma azeitona (kazait).

Hoje em dia costumamos colocar, no prato de Pessach, a que’ará, um osso com carne (ou entre os Ashkenazim, uma perna de frango) para lembrar o qorban Pesach. E também, no fim do Seder, comemos uma porção adicional de Matsá, afiqomán dizendo: «[Comemos esta matsá] em memória do qorbánPésach, que se comia depois de as pessoas já estarem satisfeitas».

Ao acabar de comer o qorban Pesach, recitava-se o Birkat haMazón, a bênção de agradecimento a HaShem pela nossa comida.

Por volta da meia-noite, uma vez terminado o jantar de Pesach, chegava um momento muito especial. As pessoas subiam aos terraços das suas casas e de lá, olhando para o Bet haMiqdash, que era iluminado pela lua cheia, todo o povo cantava o Halel, os Salmos de Tehilim, que são recitados em agradecimento a HaShem por nos ter libertado do Egito. Acho que este era o momento mais bonito da noite, quando as vozes de centenas de milhares de Yehudim se juntavam para cantar o Halel, todos ao mesmo tempo, com a mesma melodia, e a cidade se transformava, com aquele canto extraordinário. A Guemará diz que as vozes daquele coro de multidão eram tão poderosas que os terraços da cidade “tremiam”.

Há quem explique que hoje em dia, para lembrar aquele belo Halel que cantávamos todos juntos ao terminar o Seder, dizemos todos juntos o Halel na Sinagoga, antes de começar o Seder.

Que HaShem queira que no próximo ano cantemos o Halel, em Yerushalayim, juntos, com uma única voz e com a mesma melodia, em frente ao nosso Bet haMiqdash.

AMEN

יהי רצון שנזכה לחגוג את חג הפסח בבנין בית תפארתינו במב”י, אמן