Parasha da Semana – Beshalach

Parasha da Semana – Beshalach

Por: Rav Reuven Tradburks

O faraó persegue, o mar divide-se, o povo canta. O povo caminhou e reclamou por água em Mara, por pão e carne no Deserto de Sin e por água em Refidim. Amaleque atacou e foi derrotado.

1ª aliá (13:17-14:8) D’us guia os judeus na direção do Mar. Moshe leva os ossos de Yosef. Uma nuvem guia-os de dia, fogo de noite. D’us instrui-os a evitar a rota direta para a Terra de Israel, por medo de que o retorno ao Egito seja demasiado fácil. Em vez disso, acampai no mar para que o faraó se aperceba. Endurecerei o seu coração e ele perseguir-vos-á, para que o Egito saiba que Eu sou D’us. O faraó levou as suas carruagens de elite em perseguição dos hebreus.

A nossa parashá apresenta um novo capítulo na história do povo judeu: o capítulo da liberdade nacional. Uma nuvem pairou sobre o povo desde o momento em que foi dito a Avraham “o teu povo será afligido numa terra estrangeira por 400 anos”. 7 parashas completas, desde a venda de Yosef até agora, contaram a história dessa aflição.

Mas agora, com a liberdade, vem o desafio de viver. Ser um povo livre é um conceito maravilhoso, mas uma dura realidade. É quase mais fácil viver à espera da liberdade do que realmente ser livre.

Até D’us, Ele próprio, está preocupado com que o povo recue diante das incertezas da liberdade; desejarão o conforto das certezas da vida escrava. E vão querer voltar ao Egito. Por isso, Ele desvia-os para uma rota indireta.

2ª aliá (14:9-14) Quando o exército do faraó se aproxima, o povo fica com medo.  Clamam a D’us e dizem a Moshe: Porque nos tiraste do Egito para morrer no deserto? Teríamos preferido ser escravos no Egito do que morrer no deserto. Moshe diz-lhes para não temerem, pois estão prestes a ver a redenção de D’us.

O foco da Torá muda drasticamente. Houve 4 figuras principais nesta história: D’us, Moshe, o faraó e o povo judeu. Mas há uma que esteve ausente da maior parte da história: o povo judeu. Ouvimos muito pouco sobre o povo judeu em toda a história do Êxodo. Foi Moshe, sob a direção de D’us, que confrontou o faraó. Foi Moshe que recebeu as mitsvot antes da praga dos primogénitos. Tudo o que ouvimos dos judeus é que eles fizeram tudo o que D’us ordenou a respeito da oferta de pesach. Mesmo na dramática noite do Êxodo, quando o faraó ordenou que se fossem embora, ouvimos apenas que receberam ouro e prata e prepararam provisões, sem terem tido tempo para a massa crescer.

Onde estão a alegria e a celebração? E o medo, a preocupação, o medo do desconhecido, o medo da mudança, o medo da vulnerabilidade, o medo da vingança do faraó? E as emoções, os pensamentos do povo? Disso não sabemos nada — até agora.

Tudo isso muda aqui. Agora ouvimos falar das suas lutas e das suas preocupações. Porque até aqui, a narrativa tem sido da perspectiva de D’us – para ensinar a lição da Mão de D’us no mundo. Agora o foco muda para os judeus. Aprendemos as Suas lições. Agora temos que vivê-las. E isso leva-nos ao medo, à alegria, à incerteza, à decepção e à vulnerabilidade – tudo o que torna as pessoas humanas.

3ª aliá (14:15-25) D’us instrui Moshe a levantar a mão para que o mar se divida. E informa que endurecerá o coração do Egito para De’s ser glorificado através do faraó e da sua comitiva. E o Egito saberá que Eu Sou D’us. Moshe assim o fez; o povo entrou no mar por terra seca, com a água a formar muros de ambos os lados. Os egípcios foram atrás; pela manhã ficaram presos no mar.

A divisão do mar renova o tema da água como símbolo de recomeço. Água em destaque na Criação, no berço de Moshe no rio e agora. Início do mundo, início do Êxodo e agora, início da vida nacional judaica. A vida nacional judaica começa com os judeus a entrar na água. Já não são apenas os Seus milagres; participamos como parceiros no Seu plano, dando aquele primeiro passo na água.

4ª aliya (14:26-15:26) A água voltou e afogou todos os egípcios. O povo judeu viu os egípcios mortos, viu a Mão de D’us, temeu a D’us, acreditando Nele e em Moshe. Moshe e o povo cantaram Az Yashir: “Cantarei para D’us, a minha força, o meu salvador, o meu D’us. Ele é D’us da Guerra, a Tua mão é poderosa, a Tua mão vence os inimigos. As nações temê-Lo-ão. D’us reinará para sempre.” Miriam liderou as mulheres na canção. Moshe conduziu o povo ao deserto, até Mara. O povo reclamou por água. D’us instruiu Moshe a lançar um pedaço de madeira para adoçar a água.

Na grande canção no mar, temos a emoção liberada. O povo canta. A redenção divina exige uma resposta humana. De fato, quando citamos o êxodo do Egito na nossa tefila, mencionamos sempre a Shira – a história do Êxodo não está completa até o povo cantar.

Aqui encontramos alegria, apreço, euforia e fé. E apesar de todo o povo cantar com Moshe, o poema, curiosamente, está na primeira pessoa do singular: eu canto, a minha força (em algumas traduções não se nota, mas  “Azi”, é a minha força, tudo no singular.) Isto é pessoal, individual – meu, não nosso. Todos cantámos a canção no mar; mas no singular. O meu D’us salvou-me.

Na verdade, embora eu esteja apenas a especular, esta poderia ser a fonte para a frase na Hagadá “Cada pessoa é obrigada a ver-se a si mesma como tendo deixado o Egito”. Se formos exatos ao contar a nossa história do Egito, devemos notar que cada pessoa, individualmente, cantou pessoalmente a canção no singular: O meu D’us salvou-me, o meu D’us travou a batalha. E assim, se quisermos contar a história do Egito com precisão no seder, também devemos sentir individualmente o nosso lugar nesta história, assim como cada judeu individual a sentiu naquela época.

5ª aliá (15:27-16:10) Eles viajaram para o deserto de Sin. Reclamaram: Ah, se tivéssemos permanecido no Egito com fartura de pão e carne. O maná foi fornecido pela manhã: Juntai o suficiente para um dia; na sexta-feira para 2 dias. D’us apareceu numa nuvem.

A série de reclamações inicia essa coisa complicada que é ser um povo. Por mais sublime que a liberdade seja, as preocupações humanas são muitas vezes mais imediatas. O povo reclama por água, pão, carne, e novamente água. Moshe fica exasperado.

A frustração de Moshe é destacada para enfatizar quem é o verdadeiro Líder aqui. Toda a história do Êxodo é a história da intervenção divina. Ele é que nos libertou; Moshe apenas levantou o cajado. Ele dividiu o mar; Moshe apenas levantou o cajado. E Ele cuida de nós; Moshe simplesmente bateu com o cajado na rocha. Não é a história de Moshe, o líder carismático, que conduz o seu povo à liberdade. É a história de D’us, usando o Seu fiel servo para levar o Seu povo à liberdade. E para cuidar deles.

6ª aliá (16:11-36) A carne chegará à noite. Cada pessoa deve colher maná diariamente para as suas necessidades. Algumas pessoas guardaram-no para o dia seguinte; estraga-se. E alguns foram recolher no Shabat. D’us questionou: Até quando resistireis a cumprir os Meus mandamentos? D’us deu-vos o Shabat, portanto dá-vos o dobro na sexta-feira. Aharon, pega numa porção de maná para a guardares para sempre. O povo judeu comeu o maná durante 40 anos.

O Shabat precede a entrega da Torá. A Mitzvá do Shabat é o 4º dos Dez Mandamentos. No entanto, aqui, ainda antes do Monte Sinai, está a noção de Shabat. Prepara na sexta-feira o que vais precisar. Recolhe em dobro na sexta-feira. Não recolhas no Shabat, porque não vai haver.

Há uma ironia em dar o maná e o Shabat ao mesmo tempo. Durante 6 dias deves trabalhar. O sétimo é um dia de descanso. Mas eles estão a receber a comida caída do céu. Que trabalho está o povo a fazer durante os seis dias?

Aqui, num ambiente sem trabalho, há o Shabat. Não significa apenas um dia de descanso, depois do trabalho árduo da semana. É um dia sagrado, um encontro com a Shechiná. A ausência de trabalho é um meio para atingir o fim da concentração espiritual. Um dia íntimo com a Shechiná é significativo – seja depois de 6 dias de trabalho ou não.

7ª aliá (17:1-16) Não havia água em Refidim. O povo reclamou, assim como Moshe. Moshe foi instruído a bater na rocha; produziu-se água. Amaleque atacou em Refidim. Yehoshua derrotou Amaleque. É necessário registar uma memória desta guerra.

A justaposição da guerra de Amaleque com tudo o que veio antes é instrutiva. O Divino proporcionou-nos: redenção da escravidão, intervenção no mar, água, comida, carne, e novamente água. Parece que Amaleque está a atacar essa realidade. Um povo com um D’us que o protege e o provê – esse é um povo para eu atacar.

Os inimigos do povo judeu vêem-nos como o povo de D’us. Um povo protegido pela Sua Mão. Isso provoca inveja, ressentimento e negação. Sobre isso não precisamos de comentários.

Parashá da Semana – Beshalach

Parashá da Semana – Beshalach


Por: Rav Reuven Tradburks

O faraó persegue, o mar divide-se, o povo canta. O povo caminhou e reclamou por água em Mara, por pão e carne no Deserto de Sin e por água em Refidim. Amaleque atacou e foi derrotado.

1ª aliá (13:17-14:8) D’us guia os judeus na direção do Mar. Moshe leva os ossos de Yosef. Uma nuvem guia-os de dia, fogo de noite. D’us instrui-os a evitar a rota direta para a Terra de Israel, por medo de que o retorno ao Egito seja demasiado fácil. Em vez disso, acampai no mar para que o faraó se aperceba. Endurecerei o seu coração e ele perseguir-vos-á, para que o Egito saiba que Eu sou D’us. O faraó levou as suas carruagens de elite em perseguição dos hebreus.

A nossa parashá apresenta um novo capítulo na história do povo judeu: o capítulo da liberdade nacional. Uma nuvem pairou sobre o povo desde o momento em que foi dito a Avraham “o teu povo será afligido numa terra estrangeira por 400 anos”. 7 parashas completas, desde a venda de Yosef até agora, contaram a história dessa aflição.

Mas agora, com a liberdade, vem o desafio de viver. Ser um povo livre é um conceito maravilhoso, mas uma dura realidade. É quase mais fácil viver à espera da liberdade do que realmente ser livre.

Até D’us, Ele próprio, está preocupado com que o povo recue diante das incertezas da liberdade; desejarão o conforto das certezas da vida escrava. E vão querer voltar ao Egito. Por isso, Ele desvia-os para uma rota indireta.

2ª aliá (14:9-14) Quando o exército do faraó se aproxima, o povo fica com medo.  Clamam a D’us e dizem a Moshe: Porque nos tiraste do Egito para morrer no deserto? Teríamos preferido ser escravos no Egito do que morrer no deserto. Moshe diz-lhes para não temerem, pois estão prestes a ver a redenção de D’us.

O foco da Torá muda drasticamente. Houve 4 figuras principais nesta história: D’us, Moshe, o faraó e o povo judeu. Mas há uma que esteve ausente da maior parte da história: o povo judeu. Ouvimos muito pouco sobre o povo judeu em toda a história do Êxodo. Foi Moshe, sob a direção de D’us, que confrontou o faraó. Foi Moshe que recebeu as mitsvot antes da praga dos primogénitos. Tudo o que ouvimos dos judeus é que eles fizeram tudo o que D’us ordenou a respeito da oferta de pesach. Mesmo na dramática noite do Êxodo, quando o faraó ordenou que se fossem embora, ouvimos apenas que receberam ouro e prata e prepararam provisões, sem terem tido tempo para a massa crescer.

Onde estão a alegria e a celebração? E o medo, a preocupação, o medo do desconhecido, o medo da mudança, o medo da vulnerabilidade, o medo da vingança do faraó? E as emoções, os pensamentos do povo?

Tudo isso muda aqui. Agora ouvimos falar das suas lutas e das suas preocupações. Porque até aqui, a narrativa tem sido da perspectiva de D’us – para ensinar a lição da Mão de D’us no mundo. Agora o foco muda para os judeus. Aprendemos as Suas lições. Agora temos que vivê-las. E isso leva-nos ao medo, à alegria, à incerteza, à decepção e à vulnerabilidade – tudo o que torna as pessoas humanas.

3ª aliá (14:15-25) D’us instrui Moshe a levantar a mão para que o mar se divida. E informa que endurecerá o coração do Egito para De’s ser glorificado através do faraó e da sua comitiva. E o Egito saberá que Eu Sou D’us. Moshe assim o fez; o povo entrou no mar por terra seca, com a água a formar muros de ambos os lados. Os egípcios foram atrás; pela manhã ficaram presos no mar.

A divisão do mar renova o tema da água como símbolo de recomeço. Água em destaque na Criação, no berço de Moshe no rio e agora. Início do mundo, início do Êxodo e agora, início da vida nacional judaica. A vida nacional judaica começa com os judeus a entrar na água. Já não são apenas os Seus milagres; participamos como parceiros no Seu plano, dando aquele primeiro passo na água.

4ª aliya (14:26-15:26) A água voltou e afogou todos os egípcios. O povo judeu viu os egípcios mortos, viu a Mão de D’us, temeu a D’us, acreditando Nele e em Moshe. Moshe e o povo cantaram Az Yashir: “Cantarei para D’us, a minha força, o meu salvador, o meu D’us. Ele é D’us da Guerra, a Tua mão é poderosa, a Tua mão vence os inimigos. As nações temê-Lo-ão. D’us reinará para sempre.” Miriam liderou as mulheres na canção. Moshe conduziu o povo ao deserto, até Mara. O povo reclamou por água. D’us instruiu Moshe a lançar um pedaço de madeira para adoçar a água.

Na grande canção no mar, temos a emoção liberada. O povo canta. A redenção divina exige uma resposta humana. De fato, quando citamos o êxodo do Egito na nossa tefila, mencionamos sempre a Shira – as pessoas precisam de cantar quando são abençoadas com a redenção.

Aqui encontramos alegria, apreço, euforia e fé. E apesar de todo o povo cantar com Moshe, o poema, curiosamente, está na primeira pessoa do singular: eu canto, a minha força (em algumas traduções não se nota, mas  “Azi”, é a minha força, tudo no singular.) Isto é pessoal, individual – meu, não nosso. Todos cantámos a canção no mar; mas no singular. O meu D’us salvou-me.

Na verdade, embora eu esteja apenas a especular, esta poderia ser a fonte para a frase na Hagadá “Cada pessoa é obrigada a ver-se a si mesma como tendo deixado o Egito”. Se formos exatos ao contar a nossa história do Egito, devemos notar que cada pessoa, individualmente, cantou pessoalmente a canção no singular: O meu D’us salvou-me, o meu D’us travou a batalha. E assim, se quisermos contar a história do Egito com precisão no seder, também devemos sentir individualmente o nosso lugar nesta história, assim como cada judeu individual a sentiu naquela época.

5ª aliá (15:27-16:10) Eles viajaram para o deserto de Sin. Reclamaram: Ah, se tivéssemos permanecido no Egito com fartura de pão e carne. O maná foi fornecido pela manhã: Juntai o suficiente para um dia; na sexta-feira para 2 dias. D’us apareceu numa nuvem.

A série de reclamações inicia essa coisa complicada que é ser um povo. Por mais sublime que a liberdade seja, as preocupações humanas são muitas vezes mais imediatas. O povo reclama por água, pão, carne, e novamente água. Moshe fica exasperado.

A frustração de Moshe é destacada para enfatizar quem é o verdadeiro Líder aqui. Toda a história do Êxodo é a história da intervenção divina. Ele é que nos libertou; Moshe apenas levantou o cajado. Ele dividiu o mar; Moshe apenas levantou o cajado. E Ele cuida de nós; Moshe simplesmente bateu com o cajado na rocha. Não é a história de Moshe, o líder carismático, que conduz o seu povo à liberdade. É a história de D’us, usando o Seu fiel servo para levar o Seu povo à liberdade. E para cuidar deles.

6ª aliá (16:11-36) A carne chegará à noite. Cada pessoa deve colher maná diariamente para as suas necessidades. Algumas pessoas guardaram-no para o dia seguinte; estraga-se. E alguns foram recolher no Shabat. D’us questionou: Até quando resistireis a cumprir os Meus mandamentos? D’us deu-vos o Shabat, portanto dá-vos o dobro na sexta-feira. Aharon, pega numa porção de maná para a guardares para sempre. O povo judeu comeu o maná durante 40 anos.

O Shabat precede a entrega da Torá. A Mitzvá do Shabat é o 4º dos Dez Mandamentos. No entanto, aqui, ainda antes do Monte Sinai, está a noção de Shabat. Prepara na sexta-feira o que vais precisar. Recolhe em dobro na sexta-feira. Não recolhas no Shabat, porque não vai haver.

Há uma ironia em dar o maná e o Shabat ao mesmo tempo. Durante 6 dias deves trabalhar. O sétimo é um dia de descanso. Mas eles estão a receber a comida caída do céu. Que trabalho está o povo a fazer durante os seis dias?

Aqui, num ambiente sem trabalho, há o Shabat. Não significa apenas um dia de descanso, depois do trabalho árduo da semana. É um dia sagrado, um encontro com a Shechiná. A ausência de trabalho é um meio para atingir o fim da concentração espiritual. Um dia íntimo com a Shechiná é significativo – seja depois de 6 dias de trabalho ou não.

7ª aliá (17:1-16) Não havia água em Refidim. O povo reclamou, assim como Moshe. Moshe foi instruído a bater na rocha; produziu-se água. Amaleque atacou em Refidim. Yehoshua derrotou Amaleque. É necessário registar uma memória desta guerra.

A justaposição da guerra de Amaleque com tudo o que veio antes é instrutiva. O Divino proporcionou-nos: redenção da escravidão, intervenção no mar, água, comida, carne, e novamente água. Parece que Amaleque está a atacar essa realidade. Um povo com um D’us que o protege e o provê – esse é um povo para eu atacar.

Os inimigos do povo judeu vêem-nos como o povo de D’us. Um povo protegido pela Sua Mão. Isso provoca inveja, ressentimento e negação. Sobre isso não precisamos de comentários.

Parasha Da Semana

Beshalach

Pelo rabino Reuven Tradburks.

O Faraó persegue, o mar divide-se, as pessoas cantam. As pessoas viajaram e queixaram-se de falta de água em Mara, de falta de pão e carne no Deserto do Sin e de falta de água em Refidim.  Amalek atacou e foi derrotado.

1ª Aliá (13:17-14:8): De’s guia os judeus em direção ao mar.  Moshe leva os ossos de Yosef.  Uma nuvem guia-os de dia, uma coluna de fogo à noite. De’s instrui-os a evitar a rota reta para a Terra de Israel, com receio de que o regresso ao Egito seja demasiado fácil. Em vez disso, acampem no mar, para que o Faraó repare. Vou endurecer-lhe o coração e ele irá persegui-los, para que o Egito saiba que Eu Sou De’s. O Faraó liderou as suas carruagens de elite em perseguição.

A nossa parasha introduz um novo capítulo na história do povo judeu: o capítulo da liberdade nacional. Uma nuvem pairou sobre o povo desde o momento em que foi dito a Avraham: o teu povo será afligido numa terra estrangeira por 400 anos. Sete parashiot completas, desde a venda de Yosef até agora, contaram esta história. 

Mas agora, com a liberdade, vem o desafio de viver.  Ser um povo livre é um conceito maravilhoso, mas uma realidade difícil. 

Até o próprio De’s está preocupado com o facto de o povo fraquejar perante as incertezas da liberdade; eles vão desejar o conforto das certezas da vida escrava. E vão querer voltar ao Egito. Por isso De’s desvia-os para uma rota indireta. 

2ªAliá (14:9-14): Quando o exército de Faraó se aproxima, o povo tem medo.  Clamam a De’s e dizem a Moshe: porque nos trouxeste do Egito para morrer no deserto? Teríamos preferido ser escravos no Egito do que morrer no deserto.  Moshe diz-lhes para não temerem, pois estão prestes a ver a redenção de De’s.

O foco da Torá muda dramaticamente. Houve 4 figuras principais nesta história: De’s, Moshe, Faraó e o povo judeu. Mas alguém esteve ausente da maior parte da história: o povo judeu. Ouvimos pouco sobre o povo judeu em toda a história do Êxodo.  Moshe, sob a direção de De’s, confrontou o Faraó. Moshe recebeu as mitzvot antes da praga do primogénito. Tudo o que ouvimos dos judeus é que eles fizeram tudo o que De’s mandou sobre a oferta de Pesach. Mesmo na noite dramática do Êxodo, quando o Faraó lhes ordenou que saíssem, só ouvimos falar que receberam ouro e prata e que procuraram provisões, sem tempo para a massa subir.

Mas onde estão a alegria e a celebração? E o medo, a preocupação, o medo do desconhecido, o medo da mudança, o medo da vulnerabilidade, o medo de represálias por parte do Faraó? E as suas emoções, os seus pensamentos?

Tudo isto muda aqui. Agora ouvimos falar das suas lutas, das suas preocupações, das suas preocupações. Porque até aqui, a narrativa tem sido do ponto de vista de De’s – a fim de ensinar a lição da Mão de De’s no mundo. Agora o foco passa para os judeus.   Aprendemos as lições dEle. Agora temos que as viver. E isso leva-nos ao medo, à alegria, à incerteza, à desilusão e à vulnerabilidade – tudo o que torna as pessoas humanas.

3ª Aliá (14:15-25): De’s instrui Moshe a levantar a mão para que o mar se divida. E diz-lhe que endurecerá o coração do Egito para que ser glorificado através do Faraó e da sua comitiva. E o Egito saberá que Sou De’s. Moshe fê-lo; as pessoas entraram no mar, em terra seca, com as águas como paredes de ambos os lados. Os egípcios seguiram- se; de manhã ficaram presos no mar.

A divisão do mar renova o tema da água como símbolo de começos. Água em destaque na Criação, no berço de Moshe no rio, e agora. Início do mundo, início do Êxodo e agora, o início da vida nacional judaica. A vida nacional judaica começa com os judeus entrando na água. Já não são apenas os Seus milagres; participamos como parceiros no Seu plano, dando o primeiro passo para a água.

4ª Aliá (14:26-15:26): A água voltou e afogou todos os egípcios. O povo judeu viu os egípcios mortos, viu a Mão de De’s, temeu a De’s, acreditando nEle e em Moshe.  Moshe e o povo cantaram Az Yashir: «Cantarei a De’s, a minha força, o meu salvador, o meu De’s. Ele é O da guerra. A Tua mão é poderosa, a Tua mão vence inimigos.   As nações temê-Lo-ão. De’s vai reinar para sempre.» Miriam liderou as mulheres na música.  Moshe levou o povo ao deserto, até Mara. O povo queixou-se de falta de água.  De’s instruiu Moshe a lançar madeira e adoçar a água. 

Na grande canção, no mar, temos a emoção libertada. O povo canta. A redenção divina exige uma resposta humana. Na verdade, quando citamos o êxodo do Egito na nossa tefilá, adicionamos uma menção à Shira – a redenção precisa de ser acompanhada pela nossa canção, Shira.

Aqui encontramos alegria, apreciação, euforia e fé. E enquanto toda a gente canta com Moshe, a canção está curiosamente na primeira pessoa singular: «eu canto», «a minha força». Isto é pessoal, individual, meu, não nosso. Todos cantámos a canção no mar; mas no singular. O meu De’s salvou-me.

De facto, e embora eu esteja apenas a especular, esta pode ser a fonte da frase na Hagadá Cada pessoa é obrigada a ver-se como se ela própria tivesse deixado o Egito.    Se formos meticulosos ao relatar a história do Egito, temos de notar que cada pessoa, individualmente, cantou pessoalmente a canção no singular: «O meu De’s salvou-me», «o meu De’s lutou a batalha». E assim, ao contar a história da nação no seder, nós também devemos sentir individualmente o nosso lugar nessa história, assim como o judeu individual o sentiu na época.

5ª Aliá (15:27-16:10): Viajaram para o deserto de Sin. Queixaram-se: «Oh, se tivéssemos permanecido no Egito com a abundância de pão e de carne.» O maná foi providenciado pela manhã: reúnam o suficiente para um dia, na sexta-feira para dois dias. De’s apareceu numa nuvem.

A série de queixas é o início do processo, nem sempre fácil, de constituir um povo.  Por muito elevada que seja a liberdade, as preocupações humanas são muitas vezes mais imediatas. Eles queixam-se pela água, pelo pão, pela carne e pela água novamente. Moshe está exasperado.

A frustração de Moshe é destacada. Para enfatizar quem é o verdadeiro líder aqui.  Toda a história do Êxodo é a história da intervenção divina. Ele libertou-nos; Moshe apenas levantou a vara. Eu dividi o mar; Moshe apenas levantou a vara. E ele cuida de nós; Moshe apenas bateu na pedra com a sua vara. Não é a história de Moshe, o líder carismático, levando o seu povo rumo à liberdade. É a história de De’s, usando o Seu servo de confiança para levar o Seu povo rumo à liberdade. E cuidar deles.

6th Aliá (16:11-36) A carne virá à noite. Cada pessoa deve recolher maná diariamente para as suas necessidades. Algumas pessoas guardaram para o dia seguinte; estragou. E alguns foram recolher em Shabbat. De’s questionou: quanto tempo vão resistir a cumprir os Meus comandos? De’s deu-te o Shabbat, por isso dá-te o dobro na sexta-feira. Aharon, toma uma porção de maná para preservar para sempre.  O povo judeu comeu o maná durante 40 anos.

O Shabbat precede a entrega da Torá. A Mitzvá de Shabbat é o 4º dos Dez Mandamentos. No entanto, já aqui, antes do Monte Sinai, aparece a noção de Shabbat. Prepara o que precisares na sexta-feira. Recolham na sexta-feira. Não recolham no Shabbat.  Porque não vai cair.

Há uma ironia em dar o maná e o Shabbat ao mesmo tempo. 6 dias trabalharás. O sétimo é um dia de descanso.  Mas é-lhes dada comida que cai do céu. Que trabalho é que eles fazem durante os seis dias? 

Aqui, num ambiente em que não há trabalho, há Shabbat. Não se trata apenas de um dia de folga do trabalho árduo da semana. É um dia santo, um encontro com a Shechiná.  A ausência de trabalho é um meio para o objetivo da concentração espiritual. Um dia íntimo com a Shechiná é significativo – seja após 6 dias de trabalho ou não.

7ª Aliá (17:1-16): Não havia água em Refidim.  As pessoas queixaram-se, assim como Moshe. Moshe foi instruído a bater na rocha; produziu-se água. Amalek atacou em Refidim. Yehoshua derrotou Amalek. A memória desta guerra tem que ser registada.

A justaposição da guerra de Amalek com tudo o que aconteceu antes é instrutiva. O Divino forneceu-nos: redenção da escravidão, intervenção no mar, água, comida, carne, água novamente. Parece que Amalek está a atacar essa realidade. Um povo com um De’s que o protege e o abastece – é esse o povo que eu ataco.

Os inimigos do povo judeu vêem-nos como o povo de De’s.  Um povo protegido pela Sua Mão. Isso provoca ciúmes, ressentimento e negação. Sobre isso não precisamos de comentários.

Rav Reuven Tradburks é o Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

Parashat Beshalach

Quando os milagres não são suficientes

Nesta leitura da Torá, encontramos uma das cenas mais dramáticas e mais conhecidas da literatura escrita. A libertação dos escravos do povo de Israel pelas mãos de De’s. A perseguição subsequente por parte do Faraó e do seu exército aos hebreus e a separação do Mar Vermelho, com o povo de Israel atravessando em segurança e as forças faraónicas se afogando nas águas.

Essas cenas forjaram indelevelmente a consciência do povo judeu ao longo da nossa tumultuada história. Somos quem somos precisamente porque nos lembramos das nossas origens como povo escravo e porque grande parte da prática judaica é projetada para nos lembrar que devemos a nossa liberdade ao De’s do amor e da justiça.

A história da libertação do Egito é a pedra angular da existência judaica. Mas isso é realmente verdade? Se lermos a parashá com atenção, descobriremos que aquilo que mais atrai a nossa atenção não são os milagres, apesar de eles serem muito surpreendentes. O que chama particularmente a atenção é a rapidez com que os escravos se esquecem da sua redenção extraordinária.

O povo, assim que alcança a liberdade, começa a lamentar-se perante Moisés e De’s. Reclamam da falta de água, da falta de comida e lamentam-se por não estarem rodeados pelo familiar, embora hostil, Egito.

O Midrash Shemot Rabah se pergunta: «Esqueceram-se de todos os milagres que De’s fez convosco?» Parece que os milagres são um meio pouco eficaz de instilar a consciência de De’s. De facto, a Bíblia inteira pode ser lida como um livro sobre a incapacidade consistente de De’s de ensinar os judeus a serem gratos.

Primeiro, De’s experimenta num jardim idílico e não funciona; Adão e Eva desobedecem-lhe. Então Ele envia uma inundação e também falha: os homens continuam a agir violentamente. Então De’s escraviza os judeus, envia-lhes um libertador e os redime do Egito. Depois de dez pragas milagrosas e a separação de um mar, os judeus continuam a agir agressivamente.

O Altíssimo dá-lhes a Torá de instruções e os judeus ignoram-na com o bezerro de ouro. De’s envia profetas com visões profundas e os judeus se rebelam contra eles. A Bíblia parece dizer-nos que os milagres não funcionam a longo prazo. Os homens maravilham-se perante eles quando estão a ocorrer e depois logo os esquecem no momento em que acabam.

Para reformar o caráter humano, é preciso muito mais do que «efeitos especiais», não importa quão divina a sua origem. Para transformar o comportamento humano não é necessário um drama grandioso, mas uma educação constante e gradual, reforço, disciplina e comunidade.

A transformação do judaísmo bíblico em rabínico reflete um processo de crescimento. O caminho para moldar um povo sagrado não se encontra em milagres externos, mas na transformação interna. Essa evolução é alcançada através de pequenos progressos e que podem parecer prosaicos. Através da incorporação gradual de mitsvot nas nossas vidas, dando um passo de cada vez para cumprir o Shabat, tsedacá, kashrut e justiça social, incorporar as orações e o estudo como parte regular do nosso ser, a fim de, com o tempo, refazermo-nos à imagem divina.

Esta transformação é muito mais difícil do que «meramente» separar as águas do mar. Implica uma tenacidade e uma abertura que devem ser cultivadas continuamente. Mas a recompensa de tal transformação é precisamente o que De’s queria há mais de três mil anos, nas margens do Mar Vermelho: Uma comunidade judaica que coloca De’s no centro através do estudo, prática e desenvolvimento de nossa herança sagrada.

Baseado nos ensinamentos de Rabbi Bradley Shavit Artson

Parashat Beshalaj-Lições para aprender

Parashat Beshalaj-Lições para aprender

Retirado do livro Ideas de Bereshit, dos rabinos Isaak Sakkal e Natan Menashe.

Lições para aprender

De’s fê-los voltar para que assim o faraó saísse em sua perseguição. Dessa maneira, depois de De’s lutar contra o faraó e o derrotar, o povo de Israel estaria totalmente libertado do Egito, pois já não teria que regressar ao fim de três dias como Moisés tinha dito ao faraó.

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