A CHAMA NÃO SE APAGOU…

A CHAMA NÃO SE APAGOU…

A chama não se apagou, e não se apagará, tal como não se apagou onde o judaísmo foi ameaçado e os judeus corriam perigo…

É um grande prazer apresentar o livro Três Lenços (Shalosh Mitpachot) da autora Hana Tueg, que foi publicado este ano. Hana Tueg é uma autora reconhecida e até agora escreveu cinco livros em hebraico.

De acordo com a autora: “Cada um dos meus livros ressoa com uma caixa de música judaica. Estou interessada no destino comum que temos como judeus e, especialmente, na História judaica desbotada e dolorosa ao longo dos anos da nossa existência, como um povo separado espalhado pela diáspora.”

“Então cheguei ao assunto dos forçados, que me fascinaram, porque revelam a força mental dos judeus que foram forçados a viver uma dupla identidade. Alguns foram torturados, queimados e oprimidos, mas não renunciaram ao judaísmo. Ainda hoje, vemos muitos descendentes que descobrem, por acaso ou através de pesquisa, as suas raízes judaicas, e procuram voltar para casa e para a sua verdadeira pátria.

“Depois de uma extensa pesquisa sobre o assunto, que incluiu livros de referência, museus e uma visita a Portugal, bem como a ajuda de instituições maravilhosas tais como Shavei Israel, comecei a escrever o livro, que se centra em Belmonte, uma cidade no nordeste de Portugal, que manteve o seu judaísmo em segredo durante cerca de quinhentos anos.

“O meu livro concentra-se numa família e, em particular, numa neta (Isabel), que procura as suas raízes para reconstruir a sua recém-descoberta identidade judaica, fazendo uma ligação entre o passado e o presente, entre a raiz e o ramo. Uma nação que não conhece o seu passado não pode construir um presente e um futuro significativos para si mesma.”

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Hana dirigiu-se à Shavei Israel no processo de escrever o seu livro, e ficámos entusiasmados ao encontrar no livro referências a Michael Freund, fundador da organização, e a Chaya Castillo, diretora do Departamento de Bnei Anusim.
O livro ‘Três Lenços’ é altamente recomendável e desejamos a Hana grande sucesso! Que através do seu livro muitos mais sejam inspirados e retornem às suas raízes judaicas, conforme descrito no livro com tanto talento.

Uma história de amor – A identidade de uma família de anussim em Portugal

Uma história de amor – A identidade de uma família de anussim em Portugal

Excerto do artigo original em hebraico do jornal israelita  Makor Rishon

Na zona oeste de Portugal, à sombra da Serra da Estrela, fica a vila portuguesa de Belmonte, o “belo monte”. Em 1492, a vila absorveu muitos dos exilados espanhóis, na sequência da ordem de expulsão decretada pelos reis de Espanha. Os exilados triplicaram o número de judeus em Portugal. 600 famílias judias receberam uma autorização de residência permanente em troca de um alto pagamento, e as outras receberam uma autorização para ficar temporariamente e foram consideradas “servas do rei”.

O casamento de D. Manuel com a filha dos reis de Espanha levou-os a exigir também a expulsão dos judeus de Portugal. D. Manuel recusou: os judeus que tinham permanecido no seu país eram ricos e educados, e tinham laços diplomáticos úteis no mundo das relações comerciais internacionais. Mas Isabel II pressionou o marido e, em 1496, D. Manuel declarou que aqueles que não se convertessem ao cristianismo deveriam deixar o país imediatamente em navios fornecidos pelo governo. Dezenas de milhares de judeus se reuniram numa praça de Lisboa antes da viagem, mas os navios não apareceram. Em vez disso, o chefe da Igreja Central de Lisboa e os seus representantes realizaram no local uma cerimónia de batismo forçado, e foi emitida uma nova ordem, proibindo os judeus de deixarem Portugal.

A conversão massiva forçada dos judeus portugueses ao cristianismo, ao contrário do chamado processo de cristianização voluntária pelo qual os judeus de Espanha passaram, resultou em que a maioria dos judeus portugueses não abraçassem sinceramente o cristianismo, tendo, pelo contrário, organizado sociedades secretas fechadas, dentro das quais mantinham secretamente o seu judaísmo, como anussim. A assimilação dos judeus portugueses na sociedade não foi bem recebida pela população local. A suspeita religiosa e a inveja do sucesso económico e do alto status de muitos judeus no governo e em profissões de prestígio alimentaram o ódio popular. A Igreja Católica pregava contra os “conversos” – os cristãos novos, culpando-os de todos os problemas de Portugal. E quando em 1506 uma praga atingiu Lisboa e o rei fugiu da cidade, a multidão, incitada, massacrou-os. Após o massacre, D. Manuel revogou a proibição de deixar Portugal, mas a maioria dos convertidos já tinham optado por permanecerem cristãos no reino. Houve uma minoria que manteve o seu judaísmo em segredo, apesar do temor da Inquisição que passou a operar em Portugal a partir de 1536 e perseguiu até à morte os convertidos que regressavam ao judaísmo.

Este é o pano de fundo da história da comunidade anussim em Belmonte, descrita no livro de Hannah Toug. No centro do livro estão as mulheres: a avó Gabriela-Sarah, a filha Miriam-Maria e a neta Isabel. Através dos seus olhos, experimentamos o modo especial de vida e pensamento dos anussim de Belmonte, ainda hoje no final do século XX, depois de  a comunidade ter sido descoberta e de ter retornado ao judaísmo, e de ter sido lá estabelecida uma sinagoga com um rabino sefardita-ortodoxo.

link para o artigo original completo em hebraico aqui

Encontro em Belmonte

Na semana passada, o nosso representante em Portugal, Ytzjak de Oliveira, e o empresário de turismo cultural Jaime Fuchs organizaram um importante encontro em Belmonte (Portugal) com o rabino Elisha Salas, que foi durante muitos anos rabino da Shavei Israel em Belmonte.

O objetivo desse encontro foi planear e pensar em conjunto qual a melhor forma de continuar a ajudar os descendentes de Bnei Anussim em Portugal. Estratégias, planos… foi uma verdadeira “tempestade cerebral” de ideias e opiniões! Se tudo correr bem, com a ajuda de De’s, à medida que forem surgindo iniciativas vamos divulgá-las, por isso… mantenham-se atentos!

YTZJAK LÓPEZ DE OLIVEIRA: UMA HISTÓRIA PESSOAL

Por trás de cada história estão as pessoas que as fazem acontecer. A história do centro de visitantes da Shavei Israel em Belmonte, Portugal, não é excepção. A pessoa por trás dele é Ytzjak López de Oliveira.

Ytzjak López de Oliveira é responsável pela Casa Anussim, o centro de visitantes da Shavei Israel em Belmonte, Portugal. Ytzjak nasceu em La Corunha, Galiza, Espanha. É descendente de Conversos (também chamados marranos) da «Raia», a zona fronteiriça entre Portugal e Espanha.

Depois de fundar a Comunidade Judaica Ner Tamid da Corunha, e sabendo a sua situação irregular no judaísmo, Ytzjak, um arquiteto paisagista de profissão, entrou em contacto com a Shavei Israel através do rabino Elisha Salas, que era na época o rabino da comunidade de Belmonte, Portugal. Sob a orientação e tutela do rabino Elisha Salas e o apoio inabalável da Shavei Israel, Ytzjak regressou ao judaísmo e continua estudando para expandir seus conhecimentos e aprofundar sua conexão com sua herança cultural.

– A minha casa, – explica Ytzjak, – que era originalmente o centro da Shavei Israel em Belmonte, ainda é um ponto de encontro para estudantes em processo de conversão e judeus em trânsito, que aqui, como o rabino Elisha me ensinou, receberão sempre umas boas-vindas calorosas no Shabat, feriados e em qualquer dia da semana. Ofereço-lhes principalmente comida sefardita, receitas de família e canções (até em Ladino), para que tenham boas lembranças da sua visita graças à Shavei Israel. –

NOVO ERUV EM BELMONTE

A vila portuguesa de Belmonte, tão significativa no mundo judaico pela presença dos Bnei Anussim, conta agora com um Eruv para a comunidade judaica.

Para quem não sabe, um Eruv é um dispositivo que permite transformar simbolicamente um determinado espaço público, como um bairro ou uma cidade, num recinto comum, de forma a que os judeus praticantes possam transportar objetos no Shabat, o dia sagrado semanal judaico,  pois, em áreas onde não existe Eruv, é proibido transportar objetos em locais públicos ou entre locais públicos e privados no Shabat. O estabelecimento de um Eruv vem permitir então esse mesmo transporte, facilitando a vivência prática do Shabat, ao possibilitar o transporte de artigos necessários, como carrinhos de bebé, livros de oração ou alimentos, por exemplo. 

O estabelecimento do Eruv em Belmonte, que contou com a colaboração e financiamento da Câmara Municipal de Belmonte, foi iniciativa do rabino Avraham Franco, atual rabino da Comunidade Judaica de Belmonte.

«Quando cheguei à comunidade, perguntei a mim mesmo o que estava faltando, e que ferramentas adicionais eu poderia dar à comunidade judaica para torná-la mais ativa e vibrante», contou o rabino Avraham Franco ao jornal israelita The Jerusalem Post, numa entrevista recente sobre o assunto. 

O rabino responsável pela elaboração do Eruv em Belmonte e pelo cumprimento das especificações da lei judaica na sua instalação foi o rabino Boaz Pash, rabino chefe do Kolel Torat Yosef em Israel, que viajou para Belmonte especialmente para o efeito.

O Eruv foi formalmente apresentado num evento oficial no passado dia 29 de Outubro, dia 30 do mês judaico de Tishrei, no auditório do Museu Judaico de Belmonte, com a presença do presidente da Câmara Municipal de Belmonte, o Dr. António Rocha.

Congratulamos a Comunidade Judaica de Belmonte e o rabino Avraham Franco, que com tanto entusiasmo têm divulgado o novo Eruv! Fazemos eco do seu entusiasmo, certos de que o Eruv será uma mais valia, não só para a comunidade judaica local como também para os inúmeros turistas judeus que visitam Belmonte.

Aqui podem ver algumas fotos e um pequeno vídeo do evento da apresentação formal do Eruv:

[Foto: Dr. António Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte, sr. Pedro Diogo, presidente da Comunidade Judaica de Belmonte, e rabino Avraham Franco, rabino da Comunidade Judaica de Belmonte]

Ver Vídeo