Por: Rav Reuven Tradburks
1ª aliá (Bamidbar 1:1-19) Em Rosh Chodesh Iyar do segundo ano desde que deixaram o Egito, Moshe e Aharon devem fazer um censo de todos os homens com idade superior a 20 anos. Os líderes de cada tribo devem ajudar. Esses líderes são nomeados. Moshe, Aharon e os líderes reúnem as pessoas que estabelecem a que tribo pertence cada pessoa.
Sefer Bamidbar é a marcha para a Terra de Israel. Verdadeiramente a marcha para a Terra Prometida. A promessa da terra foi feita a Avraham. E a Yitzchak. E a Yaakov. E a Moshe, na sarça ardente. Moshe foi informado na sarça ardente de que D’us redimiria o povo do Egito graças à promessa que Ele fez. Para lhes dar a terra de Israel. Esse tem sido o objetivo desde o tempo de Avraham.
Nós sabemos que vão demorar 40 anos a lá chegar. Mas nós temos que tentar ler a Torá em tempo real, à medida que a história se desenvolve.
Bamidbar é o alvorecer da marcha para a terra. Mas a marcha em si mesma, o estabelecimento iminente de uma nação judaica na terra… Bom, por vezes o sonho é mais fácil que a realidade. Que tipo de sociedade? Poderemos mesmo conquistar a terra? O que vamos encontrar lá? Incerteza. Preocupação. Cepticismo.
O censo do povo lida com estas preocupações implícitas, e transmite uma mensagem muito importante:
Devem colonizar a terra. Mas a sociedade judaica no país judaico não é meramente um empreendimento político. Tem uma conexão íntima Comigo. Eu, diz D’us, habitarei em no meio de vós. Colonizar a terra é viver perto de Mim, próximo de Mim. O censo e a descrição da viagem são a própria mensagem: são uma grande nação com a Shechiná no seu centro.
2ª aliá (1:20-54) É apresentado o censo, por tribo, de todos os homens com mais de 20 anos, a idade do serviço militar. Tribo de Reuven: 46.500. Shimon: 59.300. Gad: 46.500. Yehuda: 74.600. Yissachar: 54.400. Zevulun: 57.400. Efraim: 40.500. Menashe: 32.200. Binyamin: 35.400. Dan: 62.700. Aser: 41.500. Naftali: 53.400. O total deste censo feito por Moshe e Aharon e os 12 líderes das tribos foi de 603.550. No entanto, a tribo de Levi não está incluída. Eles devem proteger o Mishkan: acampar ao redor do Mishkan, transportá-lo, desmontá-lo e montá-lo. As tribos acampam em grupos diferentes, enquanto os Leviim acampam ao redor do Mishkan.
Esta é a parasha dos contadores [contabilistas]. Muitos números. Embora houvesse 12 filhos de Yaakov, Levi não faz parte deste censo. Então ficam 11 tribos. Não há tribo de Yosef: os seus 2 filhos, Efraim e Menashe, tomam o seu lugar ao lado dos seus tios como tribos completas. Portanto, são 12 tribos, mesmo sem Levi.
Este livro chama-se Bamidbar, «no deserto», mas em inglês [e em português] chama-se Números. Bastante adequado. Mas eu gosto da denominação do Talmud: Pekudim, que pode ser traduzido como Números ou, como no hebraico moderno, Pakid, uma pessoa com um trabalho designado. A contagem e os números são uma preparação para a marcha para Israel. Todos têm um papel a desempenhar.
Mas os contadores [contabilistas] perceberão que as tribos variam significativamente em tamanho. Todos começaram ao mesmo tempo, como filhos de Yaakov. Esta é uma dica para o tema proeminente das diferenças. As tribos são diferentes: no nome, no tamanho, e, como veremos mais tarde, no acampamento. Apesar de marcharem para o mesmo destino, o povo judeu desfrutará sempre da variedade. Gerenciar a variedade é um dos temas deste livro.
3ª aliá (2:1-34) As tribos devem acampar de uma maneira designada. Para cada uma das tribos é dado o nome do seu Nasi, o número da sua tribo e o seu lugar na formação. No lado leste, à frente, estão Yehuda, Yissachar e Zevulun. O seu número, no total, é 186.400. No lado sul estão Reuven, Shimon e Gad. O seu número total é 151.450. O Ohel Moed, cercado por Levi, acampa e viaja no meio. No lado oeste estão Efraim, Menashe e Binyamin. O seu número total é 108.100. No lado norte estão Dan, Asher e Naftali. O seu número total é 157.600. A contagem total dos homens em idade militar é 603.550 sem a tribo de Levi.
O povo viaja e acampa com o Mishkan no meio. Fisica e metaforicamente. Viajamos pela nossa história com D’us no meio de nós. A descrição detalhada de onde cada tribo acampava transmite a sensação clara de um acampamento militar. Regimentado. Especificado. Detalhado. Organizado. Mas um exército para que propósito? Para combater os inimigos previstos na terra de Israel? Ou para ser o exército de Hashem? Um exército de combate? Ou um povo com D’us no seu meio? Ou ambos?
4ª aliá (3:1-13) Os nomes dos filhos de Aharon eram Nadav, Avihu, Elazar e Itamar. Nadav e Itamar morreram sem filhos. Elazar e Itamar servem como Cohanim com Aharon. Os Leviim devem servir Aharon. Os Leviim são responsáveis pelo Mishkan: apoiar os Cohanim e o povo, facilitar o funcionamento do Mishkan. Os Leviim tomarão o lugar do primogénito, que se tornou consagrado a mim quando foi salvo no Egito.
Existem 2 grupos mencionados aqui: Cohanim e Leviim. É dada a linhagem dos Cohanim. Só não ocupa muito espaço. Porque os Cohanim são Aharon e os seus filhos. Mas ele só tem 2. Então toda a linhagem dos Cohanim é de 3 pessoas. Os Leviim, por outro lado, são uma tribo inteira, descendentes de Levi, filho de Yaakov. A sua linhagem, bastante extensa, é dada na próxima aliá.
5ª aliá (3:14-39) Conta a tribo de Levi por famílias, a partir da idade de 1 mês: as famílias de Gérson, Kehat e Merari, filhos de Levi. São listados os filhos de Gershon, Kehat e Merari. A família de Gershon, da idade de um mês para cima, é de 7.500. Eles acampam a oeste do Mishkan. A sua tarefa era transportar e ser responsável pelas cortinas e coberturas. Kehat era de 8.600, acampando ao sul. Eles eram responsáveis pelos utensílios: Aron, Menorá, Mesa, altares. Merari contava com 6.200, acampando ao norte. Era responsável pela estrutura do Mishkan: paredes, suportes e vigas. O total da tribo de Levi é 22.000. Na parte da frente, a leste do Mishkan, acampavam Moshe, Aharon e as suas famílias.
O acampamento ao redor do Mishkan tinha 2 camadas. Os Leviim estavam próximos, em 3 dos 4 lados do Mishkan. O 4º lado, principal, tinha Moshe e Aharon. Todas as 12 tribos estavam mais afastadas em todos os 4 lados.
Os 3 filhos de Levi eram grupos familiares; Gérson, Kehat e Merari. Eles tinham total responsabilidade pelo Mishkan. As suas tarefas estavam divididas em categorias. Gérson, têxteis. Kehat, móveis. Merari, edifício. Gershon cuidava das cortinas e das cobertas. Kehat dos objetos principais mais importantes do Mishkan. E Merari da estrutura da construção.
6ª aliá (3:40-51) Conta todos os primogénitos de idade igual ou superior a um mês. Os Leviim devem substituir os primogénitos. Havia 273 primogênitos a mais que Leviim; estes foram resgatados.
A aliá anterior, continuando aqui, assume que os primogénitos serão servidores públicos dedicados porque foram poupados na praga dos primogénitos. Este é um tema de reciprocidade: De’s diz: Eu salvei-te, tu serves-Me. A chuva de bênçãos sobre nós exige reciprocidade – ficamos em dívida para com D’us. A noção de que os primogénitos serão servidores públicos é muito apelativa: cada lar infunde-se no serviço público através do primogénito, dedicado ao trabalho sagrado. Mas, por mais atraente que seja, isto não é implementado. Os primogénitos são trocados pelos Leviim. Talvez porque seria um fardo injusto. As famílias pobres contam com o seu primogénito para trabalhar, para ser o primeiro a contribuir para o bem-estar da família. A substituição do primogénito pelos Leviim reconhece a desigualdade que inevitavelmente resultaria se fosse exigido que o primogénito de cada família tivesse que deixar a sua casa para se dedicar ao serviço público.
7ª aliá (4:1-20) Toma de Kehat, todos os homens de 30 a 50 anos para fazer o trabalho do santo dos santos. Mas, como Kehat devia carregar os utensílios do Mishkan, Aharon e os seus filhos cobriam cada recipiente, para evitar que Kehat os tocasse. O Aron era coberto por: o Parochet (cortina), depois o couro, depois o revestimento techelet. A Shulchan: techelet, depois os utensílios extras, depois o tecido vermelho, depois a pele de tachash. Menorá: techelet, depois tachash. Altar de incenso: techelet, depois tachash. Altar externo: tecido roxo, depois tachash. Desta forma, não cairá nenhuma calamidade sobre Kehat ao transportar os objetos sagrados.
Existem 3 contagens diferentes, por idade. Faz-se uma contagem por tribos para contar todos os homens acima dos 20 anos, para o serviço militar. Dos Leviim foram contadas todas as pessoas do sexo masculino, acima da idade de 1 mês, pois eles assumem o status de Levi praticamente desde o nascimento. E aqui, os Leviim que vão realmente fazer o serviço público são os que têm de 30 a 50 anos. Embora o seu serviço na nossa parashá seja transportar o Mishkan, o seu serviço no Templo será o de músicos. Mais tarde, a Torá vai dizer que os Leviim começam o serviço público aos 25 anos. O Talmud resolve isso: são necessários 5 anos de treino, dos 25 aos 30 anos. Então eles podem tocar instrumentos musicais no Templo ou cantar. Cinco anos de formação musical; a música do Templo deve ter sido bastante sofisticada.