O dilúvio – Retirado do livro Ideas de Bereshit, dos rabinos Isaac Sakkal e Natan Menashe
Perguntas:
- Porque decide De’s destruir toda a geração do dilúvio?
- Porquê desta maneira, com um dilúvio?
- De’s é perfeito e não tem mudanças. Ele sabe tudo antes de que aconteça. Na nossa parashá, vemos que, depois do dilúvio, De’s diz que nunca mais vai destruir toda a humanidade. Isto quer dizer que De’s se arrependeu ou que mudou a sua maneira de pensar depois do dilúvio?
- Porque será o arco-íris o sinal de que a humanidade nunca mais será destruída?
- O que é o pacto com os filhos de Noé?
Respostas
Os motivos da destruição de toda aquela geração são: Araiot (relações incestuosas) e Chamas (roubo).
Para esta afirmação, baseamo-nos no versículo de Génesis 6:2, que diz: VaIru bnei Elokim et benot adam ki tovot hena, vaIkechu lahem nashim mikol asher bacharu. – E viram os homens mais importantes (mais sábios) as mulheres, que eram bonitas, e tomaram para si mulheres, das que mais lhes apeteciam. Entende-se do versículo que eles as tomaram pela força, apesar de elas serem casadas. Quem comete adultério, além do seu ato desonesto, está a roubar, já que essa mulher é de outro homem; era do seu próximo e ele tira-lha. Para além disso, eram cometidos outros tipos de maldades e violência, tal como diz o versículo: Era grande a maldade do Homem sobre a terra.
O motivo pelo qual De’s decide destruí-los com um dilúvio é que De’s está a fazer tudo voltar para trás, quer dizer, está a desfazer o que fez, está a fazer com que tudo regresse ao Tohu vaBohu, quando apenas existia água e escuridão. E precisamente o versículo que nos cita aí é: VeRuach Elokim merachefet al pnei haMaim – A Presença Divina estava sobre a água, tal como agora com o dilúvio, em que é tudo água.
De’s não muda a forma de julgar. Ele não tem mudanças. Por isso é errado supor que De’s se arrependeu. Então quando diz que não vai haver outro dilúvio, é porque De’s já conhece tudo e sabe que não haverá outra geração tão perversa como a do dilúvio. O dilúvio em si (onde toda a geração foi apagada devido à sua maldade) e o surgimento de Abraão, que vai transmitir ao ser humano valores elevados, é o que vai impedir que toda a humanidade caia novamente num nível tão baixo.
Devemos saber que o arco-íris está formado por dois princípios básicos para a vida: A água e a luz.
Portanto, o arco-íris sempre existiu, já que é um fenómeno físico, produto da divisão dos raios de luz através da água; não é algo novo que De’s criou naquele momento.
Então porque escolhe esse sinal? Para recordar aos homens que o mundo não existe gratuitamente e para sempre, independentemente do que façamos. Faz falta um Zechut Kium – um mérito mínimo para existir.
Se não há luz – neste caso, um pouco de espiritualidade, captação das verdades abstratas (metafísica), conceção de De’s e temor a Ele, então essa água, que nos recorda que existiu um dilúvio no qual a humanidade foi destruída, pode voltar a acontecer.
O midrash relata-nos que, na época de Rabi Shimon bar Iochai e na geração do rei Hizkiahu, não se viu o sinal do arco-íris. Este midrash não nos vem relatar a realidade meteorológica daquelas épocas, mas sim referir-nos que, naquelas gerações de tão alto conteúdo de sabedoria, esse sinal não fazia falta. Insisto: Isto não quer necessariamente dizer que não houve arco-íris, já que se trata de um fenómeno natural, mas sim que aquela mensagem, para aquelas gerações, não fazia falta. Eles já o sabiam muito bem. Não necessitavam ver o arco-íris para terem estes princípios presentes e agirem em conformidade.
O pacto que De’s estabelece com a humanidade é que os homens se comprometem a reproduzir-se e a não assassinar, quer dizer, a construir e não a destruir, já que essa foi a vontade de De’s quando criou o mundo.