Parashá da Semana – Tetzavé

«O privilégio costuma subir rapidamente à cabeça das pessoas…»

Leia aqui mesmo o texto sobre a #ParashaDaSemana, #tetzavé!

Pelo rabino Reuven Tradburks:

São dados os mandamentos relativos ao vestuário especial do Cohen Gadol, bem como as peças de vestuário para os restantes Cohanim. Os cohanim e o altar são inaugurados numa cerimónia de7 dias. São dados o mandamento da oferta diária e o mandamento do altar para o incenso.

Nos versículos que descrevem as vestes do Cohen, indicarei em negrito quais são para o Cohen Gadol e quais são para o resto dos Cohanim.

1ª aliá (Êxodo 27:20-28:12) A Menorah deve ser iluminada todas as noites. Leva Aharon e os seus filhos para me servirem. Faz-lhes vestimentas sagradas para honra e glória. Cohen Gadol, Vestuário 1: Faz o Efod. É tecido de techelet, roxo e vermelho. É uma saia com alças nos ombros. Uma joia ornamentada com os nomes de 6 tribos é presa a cada uma das alças dos ombros. Aharon leva os nomes do povo judeu como recordação perante De’s.

Existem 2 conjuntos diferentes de peças de vestuário para os Cohanim. Os Cohanim normais usam 4 vestimentas de linho brancas. O Cohen Gadol usa estas 4 vestimentas de linho branco, e mais 4 peças de cor e ouro sobre as brancas.

A Torá começa com o vestuário mais elaborado do Cohen Gadol. Mas esta não é a ordem em que ele os colocará pela manhã. Seria o mesmo que colocar o seu sobretudo, depois a camisa, e depois a camiseta interior. Não iria funcionar.

Mas isto é paralelo à descrição do Mishkan. Começamos com o Aron porque este é o coração da edificação. Também aqui, as vestes do Cohen Gadol são as mais dramáticas, por isso, apesar de serem colocadas em último, são descritas primeiro.

Estas são cores régias; as mesmas cores das belas cortinas do Mishkan. O Cohen está vestido de realeza devido a perante Quem se vai apresentar? Do mesmo modo que nós nos vestiríamos no nosso melhor para uma audiência com o Rei? Ou De’s está a comandar-nos de acordo ao que Ele pensa de nós, como se dissesse «Vocês são reis aos Meus olhos, por isso vistam-se em conformidade.»? O Cohen Gadol representa o povo judeu, um povo régio aos Seus olhos.

2ª aliá (28:13-30) Cohen Gadol, Vestuário 2: Faz o Choshen Mishpat. Quatro fileiras de 3 pedras preciosas diferentes, cada uma com o nome de uma tribo de Israel, montadas sobre um fundo de tecido colorido. Ata este peitoral com correntes de ouro às alças dos ombros do Efod e à saia. Aharon levará os nomes do povo judeu sobre o coração quando entrar no lugar sagrado. Como uma lembrança constante perante De’s. E coloca nesta placa de peito os Urim e tumim.

Os nomes das 12 tribos estão inscritos duas vezes. 1) 6 nomes numa joia, 6 noutra, montados nas alças dos ombros do Efod. 2) Individualmente, em cada pedra da placa de peito. Nos ombros e no coração. O Cohen Gadol, como representante de todo o povo judeu, expressa a nossa abordagem a De’s. Levamos sobre os ombros a nossa responsabilidade; amamos com todo o coração.

3ª aliá (28:31-43) Cohen Gadol, Vestuário 3: Faz o Me’il, um manto completamente de cor techelet, com uma abertura para a cabeça. Na bainha inferior, coloca alternadamente romãs de lã colorida e campainhas douradas. Assim, a entrada e a saída de Aharon perante De’s serão ouvidas. Cohen Gadol, Vestuário 4: Faz o Tzitz, uma placa de ouro para a cabeça com as palavras «Consagrado a De’s» gravadas nela. Fixa-a ao turbante para que fique na testa. Através dela, Aharon levará os pecados cometidos no serviço sagrado e assim o povo judeu ganhará favor perante De’s. Todos os Cohanim, 4 peças de vestuário: O Cohen Gadol e todos os Cohanim durante o serviço usam 4 peças de vestuário. 3 destas são de linho branco: 1. calças, 2. robe (ketonet) e 3. turbante para a cabeça. A 4ª é um cinto de lã colorida. Os Cohanim usam estas vestes durante o serviço; o Cohen Gadol usa apenas estas 4 quando entra no Santo dos Santos. E usa estas estas 4 peças e mais as 4 peças coloridas e de ouro, num total de 8, durante o resto do ano.

Os Cohanim comuns usam roupas de linho branco. Isto contrasta fortemente com o Cohen Gadol. Ele está todo enfeitado; eles estão vestidos de modo visivelmente simples. Precisamos de nos aproximar de De’s em majestade, temperada com humildade. O Homem precisa de ser majestoso e, ao mesmo tempo, humilde. Majestoso, mas simples. Como diz o famoso mussar: levar num bolso, «o mundo foi criado para mim», e no outro «Sou pó e cinzas».

4ª aliá (29:1-18) A inauguração dos Cohanim: Para santificar os Cohanim, recebe ofertas de todos os tipos que serão oferecidos no Mikdash. Veste Aharon com as suas vestimentas especiais. Unta-o com óleo. Veste os Cohanim com as suas vestes especiais. Traz as várias ofertas diferentes ao altar – para um aroma agradável perante De’s.

O nome de Moshe não aparece nesta Parsha, embora ele esteja a fazer grande parte da ação. Foi-lhe dito para comandar a iluminação da menorah no início da parsha, e a colocação das vestimentas do Cohen. E aqui, veste Aharon com as suas vestes, ungindo-o assim no seu novo papel.

Moshe é o epítome da humildade. Na parsha em que o seu irmão assume um papel único e especial no povo judeu, Moshe está completamente ausente. Bem, na verdade não; ele na verdade está bastante ativo; é o seu nome que está ausente. Ele senta-se no banco de trás, investe o irmão com grandeza, não roubando o seu momento nem mesmo com a menção do seu próprio nome.

5ª aliá (29:19-37) Aharon e os Cohanim são investidos através da oferta de um carneiro, com sangue da oferta colocado sobre eles e sobre as suas vestes. São trazidas as oferendas da cerimónia. Um futuro Cohen Gadol, que substituirá Aharon, usará estas vestes especiais durante 7 dias como sua instauração. Eles também vão repetir esta oferta de um carneiro. Aharon e os seus filhos repetem esta cerimónia todos os dias, durante 7 dias. O altar também é inaugurado durante 7 dias.

Aharon e os Cohanim são investidos numa cerimónia de 7 dias de ofertas. É uma longa cerimónia. Talvez seja assim para causar nos Cohanim a forte impressão de que, embora tenham uma posição única, incluindo o facto de receberem presentes e benefícios devido ao seu trabalho sagrado, eles são servos de De’s, e não senhores sobre o povo. O privilégio costuma subir rapidamente à cabeça das pessoas, trazendo arrogância e um sentimento de que tudo lhes é devido. Os Cohanim, como todos os funcionários públicos, precisam de estar atentos para se lembrarem de que eles servem De’s e o povo, e não o contrário.

6ª aliá (29:38-46) 2 ofertas devem ser trazidas como oferta diária, uma de manhã e outra à tarde. Uma ovelha com farinha e azeite, e com vinho. É trazido para o Ohel Moed, o lugar onde Me encontro com o povo judeu. Santifiquei este lugar, assim como os Cohanim. Habitarei entre o povo judeu e serei o seu De’s. E saberão que sou De’s, que os tirei do Egito para viver entre eles.

Oferecemos sacrifícios a De’s duas vezes por dia, especificamente no local onde Ele declara que vai habitar entre o povo. O encontro do Homem com o Divino é quando ambos se aproximam um do outro. Ele na nossa direção; nós na dEle. Quando Ele se aproxima de nós, nós nos aproximamos dEle. E quando se aproxima Ele de nós? Todos os dias. Todo o dia. E é aí que nos aproximamos dEle. Com as ofertas diárias, de manhã e à tarde.

7ª aliá (30:1-10) Faz um altar para incenso, de madeira, coberto de ouro, 1 cúbito quadrado. Coloca-o em frente à cortina atrás da qual está o Aron, o lugar onde Me encontrarei contigo. Oferece incenso duas vezes por dia: de manhã, à hora da limpeza da Menorah, e à tarde, à hora do acendimento da menorah. Este altar destina-se exclusivamente ao incenso prescrito, não às ofertas de farinha ou vinho.

O altar do incenso está totalmente fora do lugar aqui. Tivemos todas as instruções para os utensílios do Mishkan na semana passada: o Aron, a Menorah, a Mesa, o altar para oferendas. O que há de único no incenso, para o seu altar vir depois de todas as outras instruções?

Agora é uma especulação minha: o incenso simboliza o culminar do Mishkan. O homem é criado do pó da terra com a alma soprada nele através das narinas. O nariz é o caminho para a alma. O Midrash diz que o homem morreu com um espirro; a alma entrou nele através das narinas e saiu dele através das narinas. A respiração através do nariz é o sopro da alma. A fragrância do incenso torna-se então o símbolo da alma intangível. Como se dissesse que o nosso encontro com a presença de De’s é um encontro do espírito, da alma. É intangível; nossa alma também. E é a nossa alma intangível, simbolizada pela fragrância do incenso, que se encontra com O Intangível. Esse encontro da alma do homem com O Intangível é o propósito de todo o Mishkan.
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Rav Reuven Tradburks é o Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

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