Comentário sobre a porção semanal da Torá de Shemini
A porção da Torá de Shemini tem o centro de sua mensagem nas regras de Kashrut e o sentido de uma distinção constante entre o que é adequado para a mesa judaica e o que não é.
A Kashrut tem sido sempre um tema de debate e discussão dentro do povo judeu em sua relação com o resto do mundo, criando diferentes visões e desencadeando as mais diversas reações judaicas. Pense, por exemplo, no mundo greco-helenística e sua perspectiva do mundo judaico. Nós geralmente olhamos para a batalha com os gregos, no período de Chanuka por exemplo, do ponto de vista de Israel. A batalha do profano com o sagrado, da luz com a escuridão, da matéria com o espírito. Mas esta é uma visão muito parcial. A Grécia estava mergulhada em duas disciplinas diferentes: uma cultura de beleza e desenvolvimento do corpo e outra a filosofia que promoveu uma completa abstenção de toda a vida natural. Se tratava de dois mundos e duas realidade distantes e separadas umas das outras. A pessoa que cuidava do corpo não podia cuidar do espírito. A pessoa que estava no comando no espírito não podia cuidar do corpo. Os decretos gregos helênicos contra os judeus eram contra a união do mundo espiritual com o físico, contra o encontro entre o céu e a terra. Tomemos por exemplo a proibição da observância do Shabat: o Shabat simboliza o material, através das refeições, do vinho, da comida e bebida, mas também o espírito através do estudo da Torá, das mitzvot e a proximidade com D’us.
Por outro lado, a Kashrut expressa o sentido da matéria, tornando-a um meio para elevar-se através dos mandamentos e destas mesmas proibições.
De acordo com este ponto de vista as duas revoltas judaicas contra o domínio grego-romano não se trataram, simplesmente, de duas rebeliões de um povo colonizado, o Judeu, contra o colonizador, o Romano.
O conflito, ou melhor, o embate entre as culturas judaica e grego-romana representavam um conflito cultural e espiritual com raízes antigas. Deste modo, a intolerância ao monoteísmo judaico do primeiro século tornou-se evidente, especialmente, contra a kashrut, como elemento associal.
O problema na verdade foi com os greco-romanos, não na Babilônia, onde o anti-semitismo não pegou. O ponto é que para o mundo greco-romano que acreditava na idéia de uma sociedade grega harmoniosa, oicumene, havia um inimigo que queria caos.
A Kashrut, com suas regras, com seus ditames, com seus preceitos não é, definitivamente, um item de reunião social e não vai no sentido do oicumene. Mas sim um chamado à responsabilidade pessoal, a liberdade e o dever de escolher sempre juntar o Céu e a Terra, lutando contra o caos.
Bem, os gregos, tanto quanto julgo saber, tentaram harmonizar físico e mental\espiritual. A ideia de “mente sã em corpo são” è grega. Platão além de filósofo era desportista. A forma como o faziam é que era diferente da judaica e, sobretudo, o politeísmo grego opunha-se ao monoteísmo judaico e, mais fortemente ainda, a valorização que fizeram os gregos da Razão em oposição à Revelação judaica. Para os gregos a Luz vinha da razão enaltecida como capacidade única e superior do ser humano. Mais prudentes e mais humildes os judeus já sabiam que a Razão falha muito, serve para provar tudo e o seu contrário e que por si só, sem o apoio na Revelação e no Divino, levanta muitas questões, mas não permite chegar a lado nenhum para além de verdades casuisticas e empíricas. Sem outro apoio senão em si mesma a Razão confunde-se muito e não atinge a Verdade.
Resta saber ainda como esoterismo grego e judaico se opuseram para além do que sabemos a nível exotérmico.
Lhe sou muito grato pelas postagens/e- mails e estudos de Torrát enviados.
Existe uma luta muito grande entre obedecer a Torah ou seguir as filosofias e linhas de pensamento contrária às Leis Judaicas. O povo de Israel ainda esta dividido entre o secular (profano ) ou o Espiritual ( seguir as Mitzvot de Elohim).
Que todo Israel proclame Baruch Haba B’Shem Adonai.