Parashá da Semana – Vayakel – Pekudei

Parashá da Semana – Vayakel – Pekudei

Por: Rav Reuven Tradburks

Esta dupla parashá é a implementação do edifício do Mishkan. Tivemos 3 parshiot de comandos para construir o Mishkan. Esta é a construção e montagem real.

Quando temos uma parashá dupla, a primeira parashá vai ter 4 aliot, com a 4ª a continuar na segunda parashá. Assim, cada parashá recebe 3 ½ aliot.

1ª aliá (Shmot 35:1-29) Moshe reúne as pessoas, instruindo-as a não trabalhar em Shabbat. Apela às pessoas para que forneçam tudo o que será necessário: metais, têxteis, azeite, especiarias, jóias. Tudo o que De’s ordenou será efetuado por trabalhadores qualificados: o Mishkan, as suas coberturas, o Aron, a Shulchan, a Menorah…. Listando todos os utensílios, a estrutura do Mishkan e as roupas do Cohen. Em resposta ao apelo de Moshe, o povo contribui generosamente: metais, têxteis, jóias, especiarias e azeite.

A generosidade do povo é marcante. Não imaginaríamos que acabámos de ter o Bezerro de Ouro. Perguntamo-nos como o Homem pôde cair tão rápido depois do Monte Sinai fazer o bezerro de ouro. Mas também nos deveríamos perguntar, ou talvez maravilharmo-nos, com a rapidez com que o Homem se levanta do bezerro de ouro para doar para o Mishkan de uma maneira tão maravilhosa. O Homem é capaz de ser um adorador de ídolos num dia e um generoso doador para De’s no dia seguinte.

2ª aliá (35:30-37:16) Moshe apresenta Betzalel, chamado por De’s, cheio com o espírito de De’s, para ser o artesão chefe. Moshe chamou Betzalel e Aholiav e todos os artesãos, para virem fazer tudo o que De’s ordenou. Eles levaram os materiais para começar o trabalho. Chegaram mais doações no dia seguinte. Moshe anunciou que não eram necessárias mais doações. O trabalho foi feito: as cortinas sobre o Mishkan, as cortinas de pele de cabra e a cortina de pele colorida em cima. As tábuas para as paredes, o parochet para pendurar em frente ao Santo dos Santos, e a cortina à entrada do Mishkan. Bezalel fez o Aron e a shulchan.

Betzalel é descrito como tendo Ruach Elokim – espírito de De’s. É um mestre do artesanato. Mas essa mestria é dada por De’s. Esta é uma filosofia poderosa da Torá; a grandeza do Homem é um presente de De’s. As habilidades são um presente que nos é dado, são uma bênção. Muitas e variadas são as habilidades do Homem: Betzalel tem arte, alguns têm música, outros têm eloquência, outros têm o dom de compreender as outras pessoas, alguns têm capacidade matemática, outros são educadores maravilhosos. Podemos orgulhar-nos das nossas capacidades, mas ao mesmo tempo temos que ser humildes e agradecidos pelo facto de Ele nos ter escolhido para nos dar essas competências. A verdadeira humildade não exige que rejeitemos os nossos talentos; apenas que os atribuamos corretamente à sua fonte. São dados por De’s.

3ª aliá (37:17-29) E ele fez a Menorah e o Altar do Incenso.

Esta é uma aliá curta. Esta parashá dupla tem 190 versículos. É muito longa. Cada aliá tem aproximadamente 30 versículos. Mas esta tem 13. Porquê uma aliá tão curta?

O Mishkan é o alcance do homem para D’us. O edifício é necessário. Mas é estático. É necessário, mas não é suficiente. Um edifício sozinho não é serviço de D’us. A atividade humana é que é. (Como o fenómeno moderno do “complexo de edifícios”. Belas sinagogas sem ninguém dentro).

Existe um padrão na ordem da construção do Mishkan: de estático para dinâmico. O Mishkan é o local de encontro do Homem com D’us. É a humanidade a buscar D’us. O serviço do Homem a D’us é dinâmico. Fazer. Agir. Servir. Esse serviço dinâmico, de seres humanos a realizar um serviço, exige um edifício. Mas o edifício é o meio para atingir um fim; é o palco do espetáculo. Não é o espetáculo em si. A nossa parashá é a mudança do estático para o dinâmico. Da construção ao serviço.

A construção é feita primeiro, seguida pelo conteúdo. Constrói primeiro o exterior; em seguida, faça os acabamentos por dentro. Depois elabora as cortinas que formam o telhado. E as paredes. E a cortina para dividir o santo dos santos, o parochet. É estático. Uma edificação.

Nenhum serviço a D’us é feito pelo edifício. Se houvesse uma edificação sem atividade dentro, D’us não seria servido apenas pelo edifício. Precisamos de atividade.

São construídos os utensílios do Mishkan. Sobre eles ser efetuado o serviço de D’us. O Aron vai no santo dos santos. Depois a Shulchan, colocada fora da cortina do santo dos santos, seguida pela Menorah e pelo altar de incenso.

Passámos da construção estática para os utensílios que constituirão o serviço dinâmico a D’us.

Dentro dos kelim, os utensílios do Mishkan, alguns são mais estáticos e outros mais dinâmicos.

Primeiro vem o Aron; não apenas porque é o mais sagrado, mas porque é estático. Não há avodá, nenhum serviço é feito com o Aron. Ele fica lá, estático, no Santo dos Santos.

Seguidamente é a Shulchan. Há avodá, serviço. Os pães são colocados nesta mesa uma vez por semana, ficando durante a semana. Não se faz nada com os pães diariamente. Existe um serviço dinâmico e humano, mas não é diário. Apenas semanal. Ainda não chegámos ao serviço diário mais dinâmico e humano.

E, por isso, a aliá termina aí. Há uma progressão: do edifício estático ao Aron estático ao Shulchan dinâmico semanalmente.

A nossa aliá é dinâmica. Estes são os kelim mais sagrados, vasos que têm a atividade de serviço mais dinâmica. A Menorá e o Incenso são avodá diária, serviço diário. A Menora é iluminada diariamente. O incenso é queimado diariamente. Por isso, esses utensílios têm a sua própria aliá.

4ª aliá (38:1-39:1) Ele fez o altar para as oferendas, o lavatório de cobre, as cortinas de renda para pendurar em todo o perímetro do Pátio e painel para cobrir a entrada. Foi feito um inventário de todas as matérias-primas usadas: o ouro, a prata, o cobre – e de para quê foram usados. Os têxteis finos foram usados para as vestimentas dos Cohen, tal como De’s ordenou a Moshe.

O padrão continua. A atividade mais dinâmica é no altar das oferendas. Oferendas diárias. Com acrescento de Mussaf em certas ocasiões. Oferendas voluntárias. Este é o aspeto mais dinâmico do Mishkan.

5ª aliá (39:2-21) O Efod (túnica) foi elaborado a partir de materiais coloridos, como De’s ordenou a Moshe. As pedras preciosas com os nomes de Israel esculpidos foram colocadas nos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe. O Choshen (placa peitoral), do material do Efod, foi feito com as 12 pedras preciosas incrustadas nele, pendurado das peças dos ombros do Efod, como De’s ordenou a Moshe.

Passámos do estático para o dinâmico, do serviço semanal para o diário feito uma vez por dia, e depois para o serviço que se faz várias vezes por dia. Mas há um serviço dinâmico ainda mais dramático. Que ocorre não só várias vezes por dia mas todos os dias, o dia inteiro. São as peças de vestuário dos Cohanim. Usar essas vestes é em si mesmo uma avodá, um serviço. Caminhar pelo Mikdash com essas vestimentas é em si mesmo um serviço. Um serviço constante.

Também é assim com o nosso serviço a De’s. Temos mitzvot semanais, diárias e de várias vezes por dia, e temos também mitzvot constantes, como temer a De’s, ama a De’s, dizer a verdade, cuidarmos dos outros.

6ª aliá (39:22-43) O Meil (manto) foi feito de Techelet, com romãs e campainhas na bainha, como De’s ordenou a Moshe. O K’tonet (manto de linho) foi feito para todos os Cohanim, assim como o Turbante e o Cinto, como De’s ordenou a Moshe. O Tzitz dourado (para a testa) foi feito e colocado, como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho foi concluído como De’s ordenou a Moshe. Todo o trabalho concluído foi trazido a Moshe: a construção do Mishkan, os utensílios, o pátio exterior, as vestes do Cohen. Moshe viu que tudo foi feito como De’s lhe tinha ordenado. Moshe abençoou o povo.

Concluímos com as vestimentas reais, as vestes coloridas e douradas do Cohen Gadol.

Quando o trabalho fica pronto Moshe abençoa o povo. Que a Shechiná repouse no trabalho das vossas mãos. Porque o padrão é esse: construção estática, depois serviço do Homem, progredindo do menos frequente para o mais frequente, até ao serviço a De’s constante.  Mas isso é tudo uma via de sentido único. Nós na direção dEle. Moshe abençoa-os: que a vossa aproximação a Ele receba a aproximação dEle a vós. Ou, mais precisamente, da Shechiná, o Seu abraço.

7ª aliá (40:1-38) De’s ordena a Moshe: No primeiro dia do primeiro mês, monta o Mishkan. Moshe recebe instruções sobre a ordem exata para colocar os utensílios e o edifício. Ele deve vestir os Cohanim e ungi-los. Moshe fez tudo o que De’s lhe ordenou. No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, o Mishkan foi montado, na ordem exata que De’s ordenou a Moshe. Moshe completou o trabalho. Uma nuvem cobriu o Ohel Moed; a glória de De’s encheu o Mishkan. Moshe não podia entrar, devido à nuvem e à glória de De’s. A subida da nuvem era um sinal para viajarem. A nuvem de De’s estava no Mishkan durante o dia. Durante a noite, fogo, visível para todo o povo judeu.

O culminar do edifício é a descida da nuvem, indicando a presença De’s. Essa é a verdadeira culminação do Mishkan. Um lugar na terra para o encontro do Homem com De’s. A nossa aproximação a Ele é recebida pelo Seu abraço. O povo judeu tornou-se um povo com quem a Shechiná reside. E esse é o culminar, não só desta construção mas de todo o livro do Êxodo. Levar-nos a sermos parceiros dEle neste mundo.

Parasha da Semana – Ki Tissa

Parasha da Semana – Ki Tissa

Parshá Ki Tisa

Por: Rav Reuven Tradburks.

O primeiro terço da parashá conclui as instruções sobre o Mishkan. O resto da parashá é a história do Bezerro de Ouro, concluindo com a reconciliação e o perdão.

As primeiras aliot estão entre as mais longas da Torá; a primeira tem 44 versos, a segunda 47. As restantes 5 aliot juntas têm 48 versos.

1ª aliá (30:11-31:17) Todos devem dar meio shekel como expiação. Através destes fundos, são trazidas as oferendas – e, assim, todos estão representados através delas, como uma recordação e uma expiação. Faz um lavatório de cobre. Coloca-o fora da área do Mishkan, perto do altar. Os Cohanim devem lavar as mãos e os pés antes do serviço. Faz óleo de unção perfumado. Usa-o para ungir o Mishkan, todos os seus utensílios e os Cohanim. Esta receita não deve ser reproduzida para loções corporais pessoais. Faz incenso para colocar em frente à arca, o lugar onde Eu Me encontrarei contigo. Este incenso é muito sagrado. Não deve ser feito para teu prazer olfativo. Chamei Bezalel e enchi-o com o espírito divino para dominar todos os tipos de artesanato, em metais e outros materiais. Ele, juntamente com Ohaliav, vai moldar todos os objetos para o Mishkan que Eu ordenei. Guardai o Shabbat, já que é um sinal entre Mim e vós para sempre, pois sou Eu quem vos santifica. Não façais nenhuma melachá. É um sinal eterno para de que em seis dias fiz o mundo e ao sétimo cessei.

Esta longa aliá permite que toda a história do Bezerro de Ouro seja contada na aliá dos Levi, a segunda, uma vez que os Leviim não participaram no Bezerro de Ouro.

As instruções para a construção do Mishkan estão completas, assim como as instruções para as roupas do Cohen. As instruções aqui são todas preparatórias. Não se consegue começar de facto a usar o Mishkan sem estes elementos. Óleo de unção para santificar os utensílios. Lavatório. Incenso. Prepara todas estas coisas, para quando o Mishkan for construído.

Os Cohanim tinham que se lavar antes do serviço. Lavar as mãos e os pés. Rashi diz: junta a mão direita e o pé direito e deita água sobre os dois ao mesmo tempo. A água é um tema recorrente na Torá. Levando o nosso pensamento de volta à Criação. Versículo 2 da Torá: E o espírito de De’s pairava sobre as águas. A água é símbolo do regresso à Criação; recomeço, reiniciação, reinício. Por vezes imergimo-nos dentroda água. Aqui não entramos dentro da água deitamos água em nós; Entrar na água é submissão; largo mão da minha autonomia e mergulho na água. Aqui, o Cohen tem o controlo: ele é que deita a água. Deitar a água é uma ação assertiva; imergir nela é uma ação de submissão. A santidade cria-se não só através da submissão mas também através da assertividade do Homem. O Homem é parceiro de De’s na criação de santidade.

Os utensílios do Mishkan, incluindo a Menora e a Shulchan, só se tornam sagrados depois de serem ungidos. A santidade exige a mão do Homem. Isso é incrível. O Homem é parceiro de De’s na criação de santidade.

Até chegarmos ao Shabat. A santidade do Shabat não requer a ação do Homem; requer a inação do Homem. O Mishkan é santidade táctil, santidade material. Santidade terrena. A santidade terrena é criada pelo Homem. O Shabat é santidade de ser, não material. A santidade do Shabat requer inação, retirada. Ser. Sem criar. A santidade é uma dualidade: ação e inação, criação e retirada, parceria com De’s na criação e deixar para O Bendito no Shabat.

2ª aliá (31:18-33:11) Enquanto Moshe está na montanha a receber as luchot, o povo em baixo está a fazer um bezerro de ouro. De’s diz a Moshe que o seu povo fez um bezerro de ouro. Quer destruí-los e começar de novo com Moshe. Moshe implora em nome deles. De’s cede. Moshe desce com tábuas escritas por De’s. Quando vê o bezerro de ouro, parte as tábuas. Moshe confronta Aharon. Aharon explica o que aconteceu. A mando de Moshe, os Leviim castigam os 3.000 culpados. Moshe sobe à montanha. Admite o pecado do povo, pedindo perdão. E senão, retira-me do livro. De’s contrapõe que aqueles que pecarem serão os que vão ser apagados. Agora, vai, liderado pelo meu anjo, e leva o povo para a terra. Porque não estarei no teu meio, para que não sejas destruído. O povo está perturbado. Moshe retirou a tenda de reunião para fora do acampamento, pois é lá que De’s falará com ele agora. Uma nuvem descia quando De’s falava com Moshe. O povo via-a e curvava-se. De’s falava com Moshe cara a cara, como as pessoas o fazem.

O tema principal desta história tão rica e complexa é o tema do perdão. A Torá tem sido a história da aproximação de De’s ao Homem. Culminou com a revelação íntima no Sinai. O Mishkan deve ser um ponto de contacto duradouro entre o Homem e De’s. Depois de toda essa aproximação de De’s para com o Homem, vem o pecado da infidelidade. Mas esta história não é a história do pecado, mas sim a história da aproximação de De’s ao Homem, apesar do pecado do Homem.

É dito muito pouco sobre o pecado, mas muitos versículos descrevem o perdão. A história envolve pecado, mas a sua mensagem é de perdão. É a história do amor que perdura depois do pecado. O povo não é destruído. A jornada para a Terra de Israel continua. De’s continua a falar com Moshe.

Vão acontecer pecados, até mesmo idolatria, mas Ele não desiste do Homem.

3ª aliá (33:12-16) Moshe desafia De’s: Se encontrei favor nos Teus olhos, faz-me conhecer os Teus caminhos. Assim posso agir corretamente, pois afinal de contas, este é o Teu povo. De’s diz: Vou guiar-te. Moshe pede: Não nos faças sair daqui, a não ser que o Teu Rosto vá connosco.

Esta é a interação mais rica entre De’s e Moshe que pudemos ouvir. Moshe quer saber os caminhos de De’s. Ele quer intimidade, não distância. E não está sozinho nisso. Agora é o Homem a procurar De’s. Como vamos compreender esta interação Divino-humana? Porque Estás aqui e não Estás. Moshe procura proximidade. De’s refuta. Moshe pressiona. Queremos o Teu Rosto.

4ª aliá (33:17-23) De’s: Farei o que disseste. Moshe: Mostra-me o teu kavod, a tua glória. De’s: Passarei diante de ti, chamarei o Meu Nome diante de ti, mostrarei misericórdia a quem escolher mostrar misericórdia. Não podes ver o Meu Rosto e sobreviver. Fica na fenda da rocha; passarei à tua frente. Verás as Minhas costas, mas o Meu Rosto não verás.

De’s concorda com a exigência de proximidade de Moshe. Até certo ponto. Moshe continua. Não só o Teu Rosto. Quem És? Quero a Tua plenitude, a Tua glória. De’s não recua. Revelarei, mas com limites: terás que te contentar com vislumbres por trás. Este diálogo é o que todos sentimos no desafio deste mundo. Vemos, mas não vemos. Apercebemo-nos, mas por trás. Queremos atingir o ponto máximo, mas vamos ter que viver sem isso.

5ª aliá (34:1-9) De’s instrui Moshe a fazer um segundo conjunto de tábuas. Moshe sobe a montanha sozinho. De’s desce numa nuvem e invoca: De’s, De’s Misericordioso… os 13 atributos de misericórdia. Moshe prostra-se. E diz: Por favor, Fica entre nós, e embora o povo seja obstinado, Perdoa os seus pecados.

Quando De’s desce e «ele» diz «De’s é Misericordioso» – Quem é o «ele»? É De’s a descrever-Se a Ele próprio como Misericordioso ou é Moshe a chamar «Ó, Misericordioso?» É De’s a chamar ou Moshe a chamar? É Moshe a pedir misericórdia a De’s? O Talmude diz que é De’s a falar. Ele ensina a Moshe os 13 atributos de misericórdia. Embora isso pareça estranho (Ele está a chamar o Seu próprio nome), Ele disse a Moshe na aliá anterior que ia fazer isso. Versículo 33:19: Passarei diante de ti e chamarei o nome de De’s perante ti. De’s ensina ao Homem como ganhar novamente o Seu favor depois de pecar. Isso também é um sinal do Seu amor por nós.

6ª aliá (34:10-26) De’s respondeu: Estou a fazer um pacto. Verás sinais e maravilhas, o trabalho de De’s, que é incrível. Faz o que Eu mandar. Não faças alianças com os povos da terra, pois isso vai levar-te a adorar ídolos e a casar com pessoas desses povos. Celebra as nossas festas, o nosso Shabbat, as nossas leis no nosso Templo.

A marcha para a terra de Israel continua. Como quem diz: bom, voltemos ao que estávamos a fazer. Estávamos a ir para a terra. O pecado? Esse bezerro de ouro foi realmente um pecado muito mau, um pecado nacional dececionante. Mas vamos continuar o que estávamos a fazer, a marcha para a terra. Foi um perdão completo.

7ª aliá (34:27-35) Moshe esteve na montanha 40 dias, escrevendo o segundo conjunto dos Dez Mandamentos. Ao descer com as tábuas, o seu rosto brilhava. O povo tinha medo dele. Moshe instruiu-os em tudo o que De’s falou com ele na montanha. Moshe cobria a cara quando estava com o povo, descobrindo-a quando De’s falava com ele.

Esta intensa parashá termina com uma imagem ainda mais sublime. O encontro de Moshe com De’s torna-se evidente no seu rosto. A proximidade com o Divino não deixa ninguém inalterado.

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Rav Reuven Tradburks é o Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

Parashá da Semana – Tetzaveh

Parashá da Semana – Tetzaveh

Por: Rav Reuven Tradburks

São dados os mandamentos relativos ao vestuário especial do Cohen Gadol, bem como o vestuário para os outros Cohanim. Os Cohanim e o altar são instaurados numa cerimónia de 7 dias. São dados os mandamentos da oferenda diária e do altar para o incenso.

Nos versos que descrevem o vestuário dos Cohen vou indicar a negrito quais são as peças do Cohen Gadol e quais são as do resto dos Cohanim.

1ª aliá (Êxodo 27:20-28:12) A Menorah deve ser iluminada todas as noites. Toma a Aharon e aos seus filhos para Me servirem. Faz-lhes vestes sagradas para honra e glória. Cohen Gadol, Vestuário 1: Faz o Efod. É tecido de techelet, roxo e vermelho. É uma saia com alças. Uma jóia ornamentada com os nomes de 6 tribos é presa a cada uma das alças. Aharon leva os nomes do povo judeu como lembrança perante De’s.

Existem 2 conjuntos diferentes de peças de vestuário para os Cohanim. Os Cohanim normais vestem 4 peças de roupa de linho branco. O Cohen Gadol veste estas 4 peças de roupa de linho branco, bem como mais 4 peças adicionais coloridas e douradas, sobre as peças brancas.

A Torá começa com as vestes mais elaboradas do Cohen Gadol. Mas esta não é a ordem em que ele as vestiria de manhã. Seria como vestir o sobretudo, depois a camisa, depois a camisa interior. Não vai resultar.

Mas isto é paralelo à descrição do Mishkan. Começámos com o Aron porque esse é o coração do edifício, embora, quando construído, o edifício fosse construído primeiro. Também aqui, as peças de vestuário dos Cohen Gadol são as mais dramáticas, por isso, mesmo que sejam as últimas, são descritas em primeiro lugar.

Estas são cores da realeza; as mesmas cores que as belas cortinas do Mishkan. Estará o Cohen vestido de forma majestosa por causa de perante Quem ele se aproxima? Tal como nós nos vestiríamos no nosso melhor para uma audiência com o Rei. Ou está De’s a ordenar-nos segundo o que Elepensa de nós, como se dissesse “Sois reis aos Meus olhos, portanto vesti-vos em conformidade”. O Cohen Gadol representa o povo judeu, um povo majestoso aos Seus olhos.

2ª aliá (28:13-30) Cohen Gadol, Vestuário 2: Faz o Choshen Mishpat. Quatro fileiras de 3 pedras preciosas diferentes, cada uma com o nome de uma tribo de Israel, montadas sobre um fundo de tecido colorido. Ata este peitoral com correntes de ouro às alças dos ombros do Efod e à saia. Aharon levará os nomes do povo judeu sobre o coração quando entrar no lugar sagrado. Como uma lembrança constante perante De’s. E coloca nesta placa de peito os Urim e tumim.

Os nomes das 12 tribos estão inscritos duas vezes. 1) 6 nomes numa joia, 6 noutra, montados nas alças dos ombros do Efod. 2) Individualmente, em cada pedra da placa de peito. Nos ombros e no coração. O Cohen Gadol, como representante de todo o povo judeu, expressa a nossa abordagem a De’s. Levamos sobre os ombros a nossa responsabilidade; amamos com todo o coração.

3ª aliá (28:31-43) Cohen Gadol, Vestuário 3: Faz o Me’il, um manto completamente de cor techelet, com uma abertura para a cabeça. Na bainha inferior, coloca alternadamente romãs de lã colorida e campainhas douradas. Assim, a entrada e a saída de Aharon perante De’s serão ouvidas. Cohen Gadol, Vestuário 4: Faz o Tzitz, uma placa de ouro para a cabeça com as palavras «Consagrado a De’s» gravadas nela. Fixa-a ao turbante para que fique na testa. Através dela, Aharon levará os pecados cometidos no serviço sagrado e assim o povo judeu ganhará favor perante De’s. Todos os Cohanim, 4 peças de vestuário: O Cohen Gadol e todos os Cohanim durante o serviço usam 4 peças de vestuário. 3 destas são de linho branco: 1. calças, 2. robe (ketonet) e 3. turbantepara a cabeça. A 4ª é um cinto de lã colorida. Os Cohanim usam estas vestes durante o serviço; o Cohen Gadol usa apenas estas 4 quando entra no Santo dos Santos. E usa estas estas 4 peças e mais as 4 peças coloridas e de ouro, num total de 8, durante o resto do ano.

Os Cohanim comuns usam roupas de linho branco. Isto contrasta fortemente com o Cohen Gadol. Ele está todo enfeitado; eles estão vestidos de modo visivelmente simples. Precisamos de nos aproximar de De’s em majestade, temperada com humildade. O Homem precisa de ser majestoso e, ao mesmo tempo, humilde. Majestoso, mas simples. Como diz o famoso mussar: levar num bolso, «o mundo foi criado para mim», e no outro «Sou pó e cinzas».

4ª aliá (29:1-18) A inauguração dos Cohanim: Para santificar os Cohanim, recebe ofertas de todos os tipos que serão oferecidos no Mikdash. Veste Aharon com as suas vestimentas especiais. Unta-o com óleo. Veste os Cohanim com as suas vestes especiais. Traz as várias ofertas diferentes ao altar – para um aroma agradável perante De’s.

O nome de Moshe não aparece nesta Parsha, embora ele esteja a fazer grande parte da ação. Foi-lhe dito para comandar a iluminação da menorah no início da parsha, e a colocação das vestimentas do Cohen. E aqui, veste Aharon com as suas vestes, ungindo-o assim no seu novo papel. O nome de Moshe está ausente, mas ele está bastante ativo.

Moshe é o epítome da humildade. Na parsha em que o seu irmão assume um papel único e especial no povo judeu, Moshe está completamente ausente. Bem, na verdade não; ele na verdade está bastante ativo; é o seu nome que está ausente. Ele senta-se no banco de trás, investe o irmão com grandeza, não roubando o seu momento nem mesmo com a menção do seu próprio nome.

5ª aliá (29:19-37) Aharon e os Cohanim são investidos através da oferta de um carneiro, com sangue da oferta colocado sobre eles e sobre as suas vestes. São trazidas as oferendas da cerimónia. Um futuro Cohen Gadol, que substituirá Aharon, usará estas vestes especiais durante 7 dias como sua instauração. Eles também vão repetir esta oferta de um carneiro. Aharon e os seus filhos repetem esta cerimónia todos os dias, durante 7 dias. O altar também é inaugurado durante 7 dias.

Aharon e os Cohanim são investidos numa cerimónia de 7 dias de ofertas. É uma longa cerimónia. Talvez seja assim para causar nos Cohanim a forte impressão de que, embora tenham uma posição única, incluindo o facto de receberem presentes e benefícios devido ao seu trabalho sagrado, eles são servos de De’s, e não senhores sobre o povo. O privilégio costuma subir rapidamente à cabeça das pessoas, trazendo arrogância e um sentimento de que tudo lhes é devido. Os Cohanim, como todos os funcionários públicos, precisam de estar atentos para se lembrarem de que eles servem De’s e o povo, e não o contrário. Por isso precisam de uma cerimónia longa do serviço a De’s, para estarem bem cientes das suas posições como servos dEle e não de senhores sobre o povo.

6ª aliá (29:38-46) 2 ofertas devem ser trazidas como oferta diária, uma de manhã e outra à tarde. Uma ovelha com farinha e azeite, e com vinho. É trazido para o Ohel Moed, o lugar onde Me encontro com o povo judeu. Santifiquei este lugar, assim como os Cohanim. Habitarei entre o povo judeu e serei o seu De’s. E saberão que sou De’s, que os tirei do Egito para viver entre eles.

A oferenda diária permanente é levada duas vezes por dia especificamente à Ohel Moed, o local onde De’s declara que vai habitar entre o povo. A aproximação da Mão de De’s em direção ao Homem é correspondida pelas oferendas que o Homem Lhe apresenta. Mas não somos só nós a procurarmos aproximar-nos dEle através das nossas oferendas; Ele disse-nos para levarmos as oferendas especificamente ao lugar onde Ele habita no meio de nós. É uma aproximação mútua: Ele para nós; nós para Ele.

7ª aliá (30:1-10) Faz um altar para incenso, de madeira, coberto de ouro, 1 cúbito quadrado. Coloca-o em frente à cortina atrás da qual está o Aron, o lugar onde Me encontrarei contigo. Oferece incenso duas vezes por dia: de manhã, à hora da limpeza da Menorah, e à tarde, à hora do acendimento da menorah. Este altar destina-se exclusivamente ao incenso prescrito, não às ofertas de farinha ou vinho.

O altar do incenso está totalmente fora do lugar aqui. Tivemos todas as instruções para os utensílios do Mishkan na semana passada: o Aron, a Menorah, a Mesa, o altar para oferendas. O que há de único no incenso, para o seu altar vir depois de todas as outras instruções?

Agora é uma especulação minha: O incenso produz fumo [fumaça]. No Monte Sinai, quando De’s desce para falar com o Homem, quando a Sua presença é indicada, é através de uma nuvem. Talvez esse seja o papel do incenso: produzir uma coluna de fumo para indicar a Sua presença. E aparece no fim de todo este processo porque é sua culminação. O Mishkan é um lugar para a Sua presença. A culminação do Mishkan é a Sua presença. E por isso o mandamento final é queimar incenso, para produzir uma nuvem, indicativa da Sua presença.

Parasha da Semana – Trumá

Parasha da Semana – Trumá

Por: Rav Reuven Tradburks

A Parasha Trumá contém as instruções para construir o Mishkan. Moshe apela: tragam materiais. Construam o Mishkan. O Aron para albergar os Dez Mandamentos. A mesa para os pães. A Menorah. As coberturas sobre o Mishkan. A estrutura do Mishkan. O Altar das oferendas. A estrutura do pátio que rodeia o Mishkan.

1ª aliá (25:1-16) Moshe é instruído a dizer ao povo para trazer doações de materiais: ouro, prata, cobre, tecido, peles de animais, óleo, incenso, e joias. E fazei-Me um santuário e habitarei entre eles. Faz um Aron: madeira revestida de ouro, varas para o transportar. E coloca dentro do Aron as tábuas que te darei.

A palavra Mishkan significa um lugar para morar. Da palavra “shachen”, morar. A Shechina é De’s a morar neste mundo. Uma schechuna é um bairro. Um shachen tov é um bom vizinho. E o Mishkan é um lugar para morar. Como o Eterno, Infinito, pode habitar na terra, é coisa para os filósofos. Mas Ele (ou, se falarmos na Shechina, “Ela”), mora mesmo.

Esta morada na terra, na Sua Morada, enquadra-se perfeitamente no fluxo da narrativa da Torá. A Torá é a história da aproximação de De’s em direção ao Homem. Ele começa distante, e, passo a passo, vai-Se aproximando. Ele criou um mundo. Isso, por si próprio, é uma expressão de amor. Ele inicia o contacto com Adão e Eva, com Caim e com Noé. Ele inicia o contacto com Avraham, prometendo-lhe a Terra. É um estender a mão a Avraham para o aproximar a Si. Ele intervém na natureza para redimir o povo do Egipto. Divide o mar. Ele foi muito além de simplesmente falar com o Homem, colocando agora o seu braço à volta de todo o povo judeu. E depois o Sinai: a descida à montanha, levantando o véu ao falar com todo o povo no Sinai. Tudo isto é um processo, passo a passo, de descer a este mundo. Um lugar para morar consistentemente, e não apenas esporadicamente na terra, é o próximo passo natural. Equivale à relação de um homem e uma mulher: iniciar uma conversa, fazer uma promessa e um compromisso, ajudar e apoiar um ao outro, contacto próximo e íntimo, como o Sinai, e depois um lar.

2ª aliá (25:17-30) Cobrir o Aron com uma cobertura dourada, da qual emergem 2 anjos, um de frente para o outro, com as asas estendidas. Encontrar-Me-ei e falarei convosco lá, de entre os anjos que estão no Aron. Faz uma mesa de madeira revestida a ouro, com varas para o transportar. O Lechem Hapanim será ali colocado permanentemente.

A imanência de De’s que é inerente ao Mishkan é equilibrada com muitas coberturas. As tábuas dos Dez Mandamentos devem ser fechadas no Aron, cobertas e escondidas no Santo dos Santos. Nunca devem ser vistas. Isto é surpreendente: o símbolo máximo da comunicação de De’s com a humanidade, as luchot, as tábuas, nunca sã0 vistas por ninguém. São colocadas no Aron, com uma cobertura pesada, de ouro, para nunca serem vistas. Eu teria pegado nelas, e teria-as colocado no alto de um pedestal, exibindo-as no mais público dos lugares. No entanto, é feito o oposto de uma exibição pública. São colocadas no Aron, coberto, colocado no interior do Santo dos Santos, que por sua vez está escondido por uma cortina, e onde só pode entrar 1 Cohen Gadol, 1 vez por ano. Apenas 1 pessoa por ano poderá ver o Aron, embora certamente não as luchot que nele se encontram.

A imanência de De’s no Mishkan é contrariada com o mistério da transcendência, a incapacidade do Homem de captar qualquer compreensão d’Ele, simbolizado pela cobertura do próprio objeto material que representa a Sua intimidade: as tábuas dos Dez Mandamentos. Ele está próximo, mas oculto. Mora no seu meio, mas é inalcançável. Presente, mas impercetível.

3ª aliá (25:31-26:14) Modela uma Menorah de ouro maciço, decorada com cálices, esferas e flores com sete luzes. Fá-la na forma que viste no Sinai. Elabora cortinas tecidas de tchelet, roxo e vermelho, com querubins. Estas cortinas longas devem cobrir todo o mishkan, como um telhado, e cobrir os lados da construção. Devem ser feitas em secções e depois unidas. Para além destas, faz cortinas de pelo de cabra. E ainda, por cima, uma cobertura de carneiro vermelha e peles de tachash.

O Mishkan consiste numa edificação que é coberta com 3 coberturas. No interior da edificação, na sala mais interior do Santo dos Santos, está o Aron, oculto por uma cortina. Fora desta cortina estão a Mesa com os pães, a Menorah e um altar para incenso. (Alguns destes serão descritos nas aliot que se seguem). Tudo isto é coberto no topo por 3 cortinas. Estas cortinas formam o telhado do edifício. O primeiro conjunto de cortinas é feito de lã tecida colorida com um desenho tecido de anjos. Estas cortinas múltiplas são drapeadas desde o chão de um lado do edifício, passando por cima e para baixo do outro lado, chegando quase até ao chão. O segundo conjunto de cortinas é feito de pelo de cabra. Estas foram colocadas em cima das primeiras, cobrindo-as completamente, chegando mais perto do chão. O primeiro conjunto de cortinas lindamente tecidas não era visto de todo por aqueles que se encontrassem no exterior do Mishkan. Estas cortinas só seriam vistas pelos Cohanim que entravam no Mishkan. O 3º conjunto de cortinas de couro ou pelo estava por cima das cortinas pretas de pelo de cabra.

Estas cortinas reforçam a privacidade, a natureza isolada do Mishkan.

4ª aliá (26:15-37) Fazer painéis de madeira revestidos a ouro. Estes assentarão em encaixes de prata. A série de painéis revestidos a ouro será de 30 amot, no total, ao longo dos lados. Uma extremidade terá 10 amot destes painéis.

Os Cohanim eram autorizados a entrar neste Mishkan. Eles veriam paredes douradas e, olhando para cima, veriam a cortina colorida tecida com o desenho de anjos.

5ª aliá (27:1-8) Fazer um parochet, uma cortina de lã tecida colorida com o desenho de um anjo. Isto irá dividir o Santo dos Santos da área exterior. O Aron estará no Santo dos Santos. A Mesa e a Menorah ficarão fora desta cortina. A entrada no extremo oposto deste edifício do Santo dos Santos terá como parede uma cortina tecida.

O Aron não era visível para os Cohanim; estava escondido atrás de uma cortina colorida tecida com o desenho do anjo. Veriam a Menorah e a Mesa com os pães, assim como um altar de incenso (ainda não descrito).

Pode-se ver isto como uma casa minimalista: luz, comida, mesa. E o lugar privado interior onde Ele habita.

Este parochet, ou cortina, é feito de lã colorida, tecida com um padrão de Cherubim, ou anjos. Este mesmo desenho, de lã tecida com querubins ou anjos, encontra-se três vezes: o parochet em frente ao Santo dos Santos. A cortina pendurada à entrada do Mishkan. E as cortinas, ou coberturas, que cobrem todo o Mishkan, visíveis por dentro. Como eram estes querubins do desenho?

A cobertura sobre todo o Mishkan e o Parochet em frente ao Santo dos Santos tinha um desenho diferente nos 2 lados da cortina. De um lado estava um anjo alado que se parecia com uma águia. Do outro tinha um anjo alado que se parecia com um leão. A cortina pendurada à entrada do Mishkan tinha apenas um desenho de um anjo-leão em ambos os lados.

6ª aliá (27:9-19) Fazer um altar de 5 amot quadrados com chifres nos seus cantos, coberto de cobre. Todos os utensílios, as panelas, as pás, as frigideiras e os garfos serão de cobre. As varas de madeira revestidas de cobre são colocadas em argolas para transportar o altar.

Uma amá, ou côvado, é o comprimento desde o cotovelo até à ponta dos dedos. Que seria cerca de meio metro. 5 amot quadrados seria 2,5 por 2,5 metros. Este altar é um pouco maior do que qualquer outro objecto no Mishkan.

Há duas secções no Mishkan: A câmara interior, que é coberta com as três coberturas, alberga a Menorah, a Mesa, o Altar de Incenso e o Santo dos Santos com o Aron. Em frente desta câmara ou edificação coberta, há um grande pátio, descrito na próxima aliá. É aqui que é colocado o altar grande. Enquanto que o edifício do Mishkan estava totalmente coberto, este altar e o pátio estão abertos ao céu.

7ª aliá (27:9-19) Fazer cortinas de linho branco fino para o pátio que rodeia o Mishkan. As cortinas devem ser penduradas em varões. O Pátio deve ter 100 amot de comprimento por 50 amot de largura. A cortina à entrada do pátio será de lã colorida tecida.

As cortinas de linho, brancas, transmitiriam a sensação de nuvens, dos céus. A luz da Menorah e o fumo do incenso evocariam o fumo e o fogo do monte Sinai. E a estrutura em duas partes, com a parte interna e a parte externa, evocariam a cena no monte Sinai. o povo à distância e Moshe mais perto.

Assim, o Mishkan é o lar da Shechina que habita em meio de nós, tal como desceu sobre o Sinai. E, se por um lado ficamos extasiados pela ideia de um local terreno de contacto entre o Homem e De’s, por outro lado recuamos perante a Sua presença. Esta tensão é transmitida através das coberturas, uma forma simbólica de transmitir uma mensagem da sublime, misteriosa, oculta, inefável experiência do contacto do divino com o terreno.

Parasha da Semana – Mishpatim

Parasha da Semana – Mishpatim

Por: Rav Reuven Tradburks

A primeira metade da parasha Mishpatim tem 51 mitzvot em 86 versículos. É a o núcleo da lei civil. A segunda metade da parasha resume a narrativa, descrevendo a entrada iminente na terra de Israel. Moshe ascende à montanha para receber as tábuas.

Porque se corta a narrativa com esta apresentação da lei civil? A parasha anterior descreveu o drama no Monte Sinai. O fim da parasha continua com essa história. Porquê interromper a história com lei civil?

Porque não é nenhuma quebra na narrativa. A narrativa é a jornada para a Terra de Israel. Refiro-me à narrativa de toda a Tora, desde o tempo de Avraham. Na sarça ardente, De’s disse a Moshe que iria tirar o povo do Egito, para o levar para a Terra de Israel. Já saímos do Egito. chegou a hora da jornada para a terra.

Mas não é só uma viagem para uma terra. É uma jornada rumo a uma nova vida; uma sociedade judaica na Terra de Israel. Não estamos só a deixar o Egito; estamos a viajar rumo à nossa terra e à nossa própria sociedade. Mas essa sociedade que vamos formar – não a façam como a do Egito. Deixem a sociedade egípcia para trás. A nossa sociedade judaica não vai ser nada parecida com a egípcia: nós estamos a construir uma sociedade anti-Egito.

Deixem para trás o seu abuso de escravos, o seu desprezo irreverente pela vida humana (bebés no rio), o seu uso excessivo de força física (o capataz).

A nossa sociedade judaica respeitará a vida, respeitará os outros, delineará o respeito pela propriedade dos outros e construirá uma sociedade de bondade e justiça. Então, a esse respeito, faz todo o sentido começar a descrição da jornada rumo à terra com os aspetos que a nossa sociedade terá quando lá chegarmos. E veremos que a sociedade judaica se forma precisamente com os elementos em que a sociedade egípcia falhou: escravidão, agressão física, violação de propriedade.

Para dar alguma estrutura a essas 51 mitsvot, introduzi cada seção com um título em negrito, indicando o tópico das leis que se seguem.

1ª aliá (21:1-19) E estas são as leis nas quais deves instruí-los. As leis dos escravos: os escravos judeus ficam livres depois de trabalhar 6 anos. Se quiserem, podem estender a escravidão permanentemente. O proprietário ou o seu filho podem casar com uma escrava. Se optarem por não o fazer, ela fica livre quando chegar à puberdade. A agressão física que resultar em morte é punível com a morte; tal como agredir o pai ou a mãe, sequestrar, amaldiçoar o pai ou a mãe. Para agressão corporal que não resultar em morte, é feito um pagamento por danos, impedimento de trabalhar e despesas médicas.

Apesar de ser estranho começar a lei civil com as leis sobre os escravos, se a nossa lei civil se vai formar sobre os fundamentos nos quais o Egito falhou, então, o tratamento digno dos escravos tem que ser a primeira coisa que estes escravos recentemente libertados vão valorizar. E o respeito pela vida humana.

2ª aliá (21:20-22:3) Agressões físicas que resultam em pagamento financeiro: agressão a escravos ou a uma mulher grávida resultando em perda da gravidez. A agressão a um escravo que resultar na perda de um olho ou dente concede ao escravo a sua liberdade. Danos causados ​​pelos meus bens ou ações: um boi a marrar resultando na morte de uma pessoa, a morte de um animal como resultado de um buraco escavado por mim, ou como resultado do meu boi marrar em outro. O roubo e venda ou abate de animais exige a restituição de 4 ou 5 vezes o valor da perda. No furto clandestino, se o ladrão for morto, considera-se que quem o matou agiu em legítima defesa. A punição para o roubo é o dobro do objeto roubado.

A sociedade judaica, ao contrário do que vimos na maneira como os egípcios nos trataram, será formada no respeito pelas pessoas. O respeito pela vida. Pela sua dignidade. E pela sua propriedade. O tópico desta aliá não é bois a marrar em bois; são as pessoas a assumirem a responsabilidade pelas suas propriedades. Se a minha propriedade danificar a sua, eu assumo total responsabilidade. Pessoas a respeitar a propriedade dos outros.

3ª aliá (22:4-25) Danos na sua propriedade causados pela minha propriedade: danos na sua propriedade devem ser compensados ​​se causados ​​pelos meus animais de pasto ou por um fogo ateado por mim na minha propriedade; leis de compensação por perda de propriedade sua enquanto estiver a ser guardada por mim ou me tiver sido emprestada. Abuso de poder: seduzir uma mulher solteira, os feiticeiros são mortos. Se alguém oprimir o estrangeiro, a viúva ou o órfão e eles clamarem a Mim, as vossas esposas serão viúvas e os vossos filhos órfãos.

Voltando ao tema da rejeição das normas do Egito, a superpotência: o poder não concede privilégio. Existem pessoas com poder. E pessoas sem. O estrangeiro, a viúva e o órfão não têm poder – estão sozinhos, sem ninguém para defender a sua causa. Não te aproveites da falta de poder deles. Eu, diz D’us, sou o Defensor daqueles que não têm poder. Eles podem não ter a quem recorrer. Mas, eles sempre Me terão a Mim. Tu, com poder, que te aproveitas de quem não o tem, terás que lidar Comigo.

4ª aliá (22:26–23:5) Bons cidadãos: não amaldiçoar juízes ou governantes, não adiar obrigações, nem se aliar a trapaceiros para perverter a justiça, nem seguir más companhias em disputas. Vizinhos prestáveis: devolve os animais perdidos, ajuda a aliviar a carga de um animal sobrecarregado, até mesmo se for do teu inimigo.

O desequilíbrio de poder do Egito que gerou ressentimento dos que estão no poder não é para nós. Não é “nós contra os líderes”. Nós somos eles – respeita os que estão no poder, pois eles estão lá para nos servir. A nossa sociedade deve ser cooperativa para o bem de todos nós. E melhorar a vida dos outros não é responsabilidade exclusiva do governo: todos nós podemos melhorar a vida dos outros – tendo a iniciativa de devolver itens perdidos, ou aliviando o fardo dos outros.

5ª aliá (23:6-19) Justiça: não pervertas a justiça – a dos pobres e fracos, através de mentiras e subornos, e a do estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros no Egito. Os limites do Homem no mundo de D’us: trabalha a terra 6 anos, deixa-a para os pobres no 7º. Trabalha 6 dias, permite descanso aos teus trabalhadores no dia 7. Cumpre as 3 festas de peregrinação: Pessach, Shavuot, Sucot. Não apareças de mãos vazias.

Esta lista detalhada do que chamaríamos de direito civil termina com Shmita, Shabat e os feriados. A raiz de uma sociedade judaica é a realização saudável dos limites do Homem e a nossa parceria com D’us. Nós trabalhamos; mas a terra é dEle. Empregamos trabalhadores; mas todos nós somos servos Dele. A nossa agricultura é pontuada por feriados, de modo a temperar a nossa busca da riqueza com momentos para estar diante dEle.

6ª aliá (23:20-25) Viagem à Terra: Enviarei o Meu anjo para vos guiar até à terra de Israel. A lealdade ao que eu digo garantirá o vosso sucesso na colonização da terra. Não adoreis ídolos lá; pelo contrário, servi a D’us e desfrutareis de bênçãos e saúde na terra.

A lista das mitsvot termina e a narrativa recomeça. Estamos a caminho da terra de Israel, agora equipados com uma visão de como ela será. Em apenas alguns meses estaremos a estabelecer uma sociedade nova na Terra de Israel. Depois de ouvir estas mitzvot, nós agora sabemos como será uma sociedade judaica – será baseada na justiça, respeito, responsabilidade e bondade.

7ª aliá (23:26-24:18) Os vossos oponentes na terra recuarão. Eu farei com que eles saiam lentamente, ao longo do tempo, para que a terra não fique desolada quando chegardes. Não façais aliança com o povo da terra; eles não podem viver convosco para que vós não acabeis servindo os seus deuses. Moshe subiu à montanha e escreveu as palavras de D’us. Construiu um altar ao pé da montanha; foram trazidas oferendas. Ele leu as palavras da Aliança; o povo respondeu que cumpriria tudo. Foi aspergido sangue como pacto. Moshe ascendeu com Aharon, Nadav e Avihu e os 70 anciãos; eles viram safira, a pureza dos céus. D’us chamou Moshe até a montanha para lhe dar as luchot, a Torá e as Mitzvot. A nuvem de D’us estava na montanha, a visão de D’us era como um fogo consumidor. Moshe esteve lá 40 dias e 40 noites.

A última aliá de uma parasha costuma receber pouca atenção. Mas este último parágrafo? Safira, a visão da pureza dos céus, uma nuvem e fogo na montanha… Embora muitas vezes nos concentremos no conteúdo dos 10 mandamentos no Sinai, na Torá é dada muito mais atenção ao drama da experiência, tanto em Yitro, na semana passada, quanto nesta descrição. A experiência do Sinai é assustadora. As pessoas sentiram-se inseguras, assustadas, indignas, oprimidas, confusas. Queriam um D’us próximo e benevolente, mas podem muito bem ter pensando duas vezes ao ver o Seu poder e as implicações do que significa ter um D’us próximo.

Esta visão celestial a seguir à lei civil cria a dupla natureza do judeu, que olha para o mundo dos céus, desconhecido e efémero, enquanto vive neste mundo terreno onde os animais estragam a propriedade do vizinho. Alcançar o céu, caminhando na terra.