Parasha da Semana – Chukat-Balak

Parasha da Semana – Chukat-Balak

Por: Rav Reuven Tradburks

1ª Aliá (Bamidbar 19:1-20:6) Pará  Aduma: Esta é a lei da Torá.  Elazar, o Cohen, removerá do acampamento uma novilha vermelha imaculada que nunca tenha trabalhado.  É queimada.  Cedro, hissopo e um fio vermelho devem ser queimados com ela.  Os Cohanim envolvidos no processo ficam  Tamei  até à noite.  As cinzas são usadas para purificar aqueles que ficaram Tamei por contacto com os mortos.  Nos dias 3  e 7, uma mistura destas cinzas e água é salpicada na pessoa tamei.   Sem este processo, aquele que entrou  em contacto com  os mortos não pode tornar-se  Tahor. É mergulhado hissopo nas águas purificadoras e salpicado na pessoa ou utensílios que necessitam desta purificação.  Uma  pessoa tahor salpica a pessoa tamei  nos dias 3 e  7; esta pessoa tahor  torna-se então  tamei durante aquele dia.  Aquele que ficou tamei  através do contacto com os mortos e não faz esta purificação e, em seguida, entra no  Mishkan, comete um pecado muito grave.  Miriam morre depois da viagem para Midbar Zin no primeiro mês.  O povo queixa-se: Oh, se pudéssemos ter morrido como os  outros (ao longo destes 40 anos).  Por que nos trouxeste do Egito para morrer neste lugar desagradável?  Moshe e  Aharon  foram para o  Mishkan; A glória de De’s apareceu-lhes.

A morte profana, apesar de existir uma mitzvah de enterrar os mortos.  A  tuma  de contacto com os mortos impede a pessoa de entrar no  Mishkan, a área sagrada.  Uma teoria sobre a  tuma  é que a entrada nos lugares sagrados exige um sentimento elevado da nossa majestosidade. De’s é Majestoso; nós, majestosos.  A morte desmoraliza.  Sentimos:  Não vale a pena, todos nós acabamos no mesmo lugar.  Prejudica o nosso sentido de Majestosidade. Uma visão detalhada dos rituais de purificação está para além deste breve texto, mas pode ser vista como uma renovação da nossa majestosidade. A anormalidade da lei da Pará Adumá é: o Cohen, que ajuda a purificar os outros, fica Tamei durante o dia. O rabino de Lubavitch viu nisto uma grande imagem: os nossos irmãos judeus podem tornar-se mais puros, mesmo que para os atrair devamos estar dispostos a sacrificar uma parte de nós mesmos, tal como o Cohen o fazia.

Depois de concluir as leis de purificação para aqueles que estão em contacto com os mortos, Miriam morre.  Discretamente, passaram-se 39 anos.  Começa o 2º ato na marcha para a terra.  A queixa do povo aqui é uma reviravolta do passado.  Há 39 anos  queixaram-se: Porque nos tiraste do Egito para morrermos no deserto.  Agora queixam-se:  Oh, quem nos dera termos morrido no deserto.  Mas, o que é mais importante, a morte de Miriam desmoraliza o povo.  O Midrash sustenta que a água fluía para o povo por mérito de Miriam.  E parou com a sua morte.  Mas o simples fluxo da história é que a morte dos líderes é desmoralizante.  Deixa um vazio.  O povo tem uma tarefa assustadora pela frente, de entrar e conquistar a terra.  A perda de Miriam desmoraliza, por isso se queixam.

2ª Aliá (20:7-21) De’s disse a Moshe: Reúne o povo em torno da rocha.  Fala com a rocha. Será produzida água suficiente para eles e para o seu rebanho.  Moshe disse: Ouçam, ó rebeldes.  Vai emergir água de uma rocha?  Moshe bateu na rocha.  A água emergiu, suficiente para os rebanhos. De’s disse a Moshe e  Aharon: Como não acreditaram em mim, não entrarão na terra. Moshe envia mensageiros ao Rei de Edom.  Estás ciente da vitoria do teu irmão Israel: Deixámos o Egito com a ajuda de De’s.  Precisamos de atravessar a tua terra, sem custos para ti, para entrar na nossa terra.  O rei disse que não.  O povo respondeu: ficaremos no caminho e pagaremos pela água.  Edom disse que não e veio com um grande contingente.  O povo judeu  voltou para trás.

Se a perda de Miriam é desmoralizante, a perda iminente de Aharon  e Moshe é-o ainda mais.  Mas, inversamente, é uma afirmação poderosa da grandeza, da capacidade, da confiança de De’e no Seu povo.  O povo judeu é maior do que qualquer líder ou outro; até do que Moshe,  Aharon  e Miriam. Vocês conseguem  tomar a terra; com ou sem eles.  O povo judeu terá sempre grandes pessoas; mas é um grande povo.  A Torá terminará com os maiores líderes a ficarem aquém do sonho de entrar na terra.  Mas longe de ser uma distopia, e embora não seja uma utopia, é uma afirmação de que o povo judeu se ergue como povo acima da presença ou ausência de líderes individuais.  A morte de Miriam, depois de Aharon,  e, finalmente, de Moshe,  afirmam  a grandeza do povo de Israel.

Apesar de Moshe ter recebido a informação de que não entrará na terra, nunca o saberíamos através do seu comportamento.  Não há uma pitada de hesitação em levar o povo para a terra.  Liderança é serviço público.  Moshe é um líder já de saída; ele não se vai beneficiar por liderar o povo.  Ele não vai ver a terra.  Mas ele não está metido nisto por si mesmo.  O seu serviço é para o povo.  O povo vai entrar    na terra.  E sendo assim, Moshe tem que liderá-los.

3ª Aliá (20:22-21:20) Em Har  Hor  Aharon é informado de que vai morrer.  Subindo a montanha, Moshe veste Elazar com as roupas de  Aharon.   Aharon  morre.  Toda a gente chora durante 30 dias.  O Rei de Arad no Negev ouve e luta com o povo.  O povo prevalece.  As pessoas viajam para contornar Edom.  A longa viagem é difícil para o povo.  Queixam-se.   As cobras  atacam.  O povo lamenta os seus pecados. De’s diz a Moshe para fazer uma serpente de cobre.  Quando as pessoas olham para ela, ficam curadas. A  viagem leva as pessoas para leste de  Moav.  Viajam para norte, para a área dos  Emori.  As viagens são gravadas nos livros de guerras, viajando para o poço.  Cantavam sobre o seu destino e as suas viagens.

Em Bamidbar, o tema do castigo é um tema dominante. E, embora tenhamos de notar que as nossas falhas recebem punição, a variedade de maneiras de alívio do castigo é igualmente importante.  Olha para a serpente de cobre e curar-te-ás.  Este é outro exemplo do tema dominante de toda a Torá: o amor de De’s pelo homem e pelo povo judeu.  A humanidade nunca é  completamente destruída.  Nem o povo judeu.  Claro, há castigo.  Mas, bem, nós… nós erramos.   Não podemos  ignorar a justiça divina.  Mas também  não podemos  ignorar a lealdade inequívoca de De’s para com o seu povo.  Os castigos são, todos eles, episódios de  encorajamento; porque, no fim, Ele, mais uma vez, é-nos leal.

O tortuoso caminho da marcha é surpreendente.  Do deserto do Sinai para Israel o caminho é… bem, é yashar,  yashar mesmo. [reto, direto].  Direto para o norte.  Entra em Israel pelo Negev.  Viaja para o norte até Chevron.  Depois continua.  Em linha reta.  No entanto, o povo viaja para leste, para as nações na margem leste do Jordão.  Edom recusa a passagem.   Então  eles viajam para o sul, para Eilat, vão mais para leste, viajando através do coração da atual Jordânia.  É tipo o caminho até Petra.  Acabam em frente a Jericho.  E a partir daí, assim que entrarem na terra, irão para Shechem.  Porquê este grande desvio para o leste, a norte, através da Jordânia?  Por que não entrar do Negev direto para o norte?  A Torá não nos diz.   Mas  podemos especular.  Nesta altura da história judaica, o povo judeu entrou na terra três vezes: Avraham,  Yaakov quando regressou de  Lavan e os espiões.  E agora.  De quem são os passos que gostarias de seguir?  Avraham e Yaakov entraram a partir do norte e foram imediatamente para Shechem.  Os espiões vieram do sul para  Hevron.  O povo judeu segue os passos de Avraham.  Deliberadamente evitando a rota muito mais simples e direta, a rota bem yashar dos espiões.  De quem são os passos que seguimos?

4ª Aliá (21:21-22:12) São enviados mensageiros para  Sichon para obter permissão para atravessar a sua terra.   Sichon  confronta-os para a guerra.   Sichon  é  derrotado.  O povo instala-se na terra dos  Emori.  Viajam para a terra de  Og, o rei dos Bashan.  De’s diz-lhes que vão ter sucesso contra  Og, como tiveram com  Sichon.  Derrotam  Og, chegando às planícies de  Moav, em frente a Jericó. Balak, rei de  Moav, tem medo do povo judeu; eles são como um touro, destruindo tudo no seu caminho.  Envia mensageiros a  Bilaam, pedindo-lhe que amaldiçoe o povo judeu.   Bilaam  disse que só faria o que De’s o instruísse a fazer. De’s disse-lhe para não ir, pois o povo judeu é abençoado.

Nesta marcha pelo lado leste do Jordão, o Divino está visivelmente ausente.  Israel enviou mensageiros para  Sichon.  Sem comando divino.  Moshe vigiava as cidades ao longo da rota para a terra.   A marcha para a terra começou.  E, apesar da marcha do povo até agora ter sido sempre com o  Mishkan  no seu meio e o maná a cair do céu, lentamente, a transferência da liderança para as mãos do homem está a acontecer.  O povo judeu dança com De’s: às vezes lidera Ele.  Às vezes, nós.  Nesta dança, o Divino permite que o povo judeu lidere.  Ele fica a ver, sempre presente.  Mas é o Homem que está a liderar esta marcha.

Balak acha que, se o povo judeu pôde derrotar os mais fortes dos fortes, Sichon e Og, então, derrotar o povo judeu exigirá mais do que proezas militares.  Ele reconhece que o poder do povo judeu reside no seu espírito.  É este espírito que deve ser quabrantado.

Esta história é também uma poderosa lição de autopercepção.  Os espiões pensavam que as pessoas da terra os viam como gafanhotos.  Aqui,  Balak  descreve o povo judeu como um touro.  A diferença neste é quem está a falar: Somos nós a imaginar o que as pessoas pensam de nós ou são as pessoas a dizer-nos o que realmente pensam de nós?  Os espiões não faziam ideia do que as pessoas da terra pensavam do povo judeu; tudo o que podiam fazer era conjeturar.  O que é que eu acho que as outras pessoas acham sobre mim?  Isso diz muito mais sobre mim do que sobre essas pessoas.  Como se dissesse: Se eu estivesse no teu lugar, pensaria em mim como um gafanhoto.  Porque é isso que eu penso de mim mesmo.  Aqui, Balak diz-nos o que pensa do povo judeu: O touro.  Poderoso.  Formidável.

5ª Aliá (22:13-38) Bilaam disse aos mensageiros para regressarem a Balak, já que De’s o instruiu a não se juntar a eles.   Balak  tentou novamente, com maiores dignitários como mensageiros. Prometeu a Bilaam  uma grande honra. Bilaam  respondeu que, mesmo a promessa de uma casa cheia de prata e ouro não lhe permitiria ignorar a palavra de De’s. De’s disse: se estes homens querem que te juntes a eles, podes ir, mas dirás só o que Eu te disser. Bilaam  acordou, selou o seu  burro e juntou-se aos nobres de  Moav.  De’s estava zangado.  Um anjo com uma espada apareceu na frente do burro, por isso ele desviou-se para o lado.  Em seguida, ficou na frente de um caminho estreito; A perna de Bilaam  foi entalada num dos lados.  Em seguida, bloqueou a passagem de um caminho estreito e o burro parou.   Bilaam  bateu no burro.  O burro falou: Porque me bateste?  Não te servi lealmente? Bilaam  viu então o anjo com a sua espada.  O  anjo falou: Não viste o que o burro viu.  Agora vai, mas diz só o que De’s te instruir a dizer.   Bilaam  continuou com os mensageiros de Balak,  enquanto  Balak  veio cumprimentá-lo. Porque não vieste, Bilaam?   Bilaam respondeu que só iria dizer o que De’s mandasse.

Esta história apresenta-nos à complexidade da nossa relação com as  nações não judias. Balak  e  Bilaam  veem um mundo de poderes para além do mundo racional e físico.  Acreditam no poder de amaldiçoar o povo.  E que este poder é dado a pessoas específicas.  E temos de  assumir que  Bilaam  teve sucesso nos seus poderes, pois  Balak nunca questiona a capacidade de Bilaam. Além disso,  Bilaam  usufrui da comunicação com De’s.  O povo judeu terá de lutar com o mundo do invisível quando entrar na terra; povos que acreditam em poderes de todo o tipo, que irão disputar com o nosso De’s pela nossa atenção.  Há um amplo debate sobre a veracidade dos poderes de Bilaam;  no entanto, a simples leitura da história parece indicar que ele é um profeta, aquele com quem De’s fala e que já anteriormente usou os seus poderes com sucesso.

O burro falante é uma grande imagem.  Não é o primeiro animal a falar; a serpente no jardim do Éden também falou.  O Rei Salomão é descrito como conhecendo a língua dos animais.  Podemos considerar o burro falante como uma sátira: Tu, Bilaam, que tens profecia, que tens uma inteligência e uma visão tão grandes, não consegues ver o que um burro consegue. O burro não é conhecido pela sua sabedoria. E vê mais do que tu. É um momento de muita humilhação para o profeta.

6ª Aliá (22:39-23:26) Balak  e  Bilaam constroem  7 altares, oferecem oferendas e espiam o povo judeu.  De’s fala com  Bilaam, colocando as Suas palavras na boca dele.   Bilaam  regressa a  Balak  e pronuncia a profecia: Como posso amaldiçoar um povo que não está amaldiçoado? Oh, que o meu fim seja como o deles!   Balak  não está contente; Bilaam  afirma que só diz o que De’s põe na sua boca. Balak  e  Bilaam tentam um local diferente onde apenas uma parte do povo judeu é visível.  Depois de oferecer oferendas em 7 altares, De’s coloca as Suas palavras na boca de Bilaam.    Bilaam  regressa a  Balak  e profetiza: De’s não vê iniquidade em Israel.  Ele é o seu Rei Benevolente. Eles não são feiticeiros; De’s age por eles.  São como leões.   Balak  está novamente descontente; Bilaam  afirma que apenas diz o que De’s o instrui a dizer.

Com este olhar a partir do outro lado, daquilo que os outros pensam de nós, não só podemos ver o desejo de Balak e Bilaam de nos ferir espiritualmente, porque sabem que é aí que reside o nosso poder, mas também recebemos o alívio da confirmação de que De’s não é só nosso De’s, mas sim que Ele também tem poder sobre as outras nações. O grande profeta Bilaam diz apenas o que De’s lhe permite dizer. E, se alguma vez pensarmos que perdemos o Seu amor devido às nossas falhas, podemos ouvir, muito claramente, o Seu duradouro amor por nós.

O que esperam eles na escolha de um local diferente?  Talvez  Bilaam  e  Balak  reconheçam que o povo judeu, como um todo, é abençoado.  Mas nem todos os judeus o são.  Temos nódoas.  Quando De’s olha para o todo, vê que o bem supera as fraquezas.  Se conseguirmos que ele olhe para as nódoas, talvez ele ignore tudo o que há de bom.  Oh, se pudéssemos aprender com  Bilaam  e parar de olhar para as nódoas, mas olhássemos para o povo judeu como um todo!

7 ª Aliá (23:27-25:9) Balak  e  Bilaam tentam novamente, de um lugar diferente.   Bilaam  evita a sua feitiçaria e olha para o povo judeu.  Ele profetiza: Como são maravilhosos, os judeus.  São como árvores, jardins regados, poderosos.  De’s redimiu-os; são como leões a descansar.  Aqueles que os abençoam serão abençoados.   Balak  está novamente zangado; Bilaam  afirma que diz o que De’s ordena. Bilaam profetiza sobre as outras nações: todos falharão em deter Israel, incluindo  Moav, Edom, Amalek,  Keini.  O povo judeu começou a ser seduzido pelas mulheres de  Moav, ligando-se aos seus deuses. Surge Pinchas e mata um homem judeu e uma mulher midianita perante o povo.

Bilaam olha para o povo judeu e vê a sua beleza.   Balak,  que apenas ouviu falar do povo judeu, viu-os como um touro, comendo tudo à sua vista. Para Bilaam  não é suficiente ouvir; ele olha para o povo e vê-o como árvores, água e jardins.

Como Balak  entendeu, o poder do povo judeu está na sua relação com De’s.  Apelar à fraqueza humana e fazer com que os homens pequem é uma verdadeira vulnerabilidade do povo judeu.  A maldição pode não  funcionar; mas levá-los a pecar, sim.

 

 

Livro de História mostra como a diáspora judaica atingiu todos os cantos da terra

Livro de História mostra como a diáspora judaica atingiu todos os cantos da terra

(Artigo Original do The Times of Israel. Pode ler o artigo original completo aqui.)

Na quinta edição de 1.200 páginas da série Posen Library, o Prof. Yosef Kaplan dá uma visão completa e realista da expansão cultural e geográfica dos judeus de 1500 a 1750

O interesse de Jacob Judah Leon Templo em estruturas bíblicas desafiava a imaginação. Importante judeu sefardita da Holanda do século XVII, Leon possuía maquetas de duas construções célebres: o Templo de Salomão e o Tabernáculo. Ele exibia essas reproduções por toda a Holanda e Inglaterra, tendo adquirido assim o apelido [alcunha] «Templo». Tal como outros da sua época, Leon aproveitou um novo avanço tecnológico — a imprensa — para divulgar a sua paixão.

Esta narrativa não convencional é uma das muitas que são partilhadas no último lançamento da Biblioteca Posen de Cultura e Civilização Judaica — volume cinco, The Early Modern Era, 1500-1750. O seu editor, Yosef Kaplan, foi professor de História Judaica na Universidade Hebraica de Jerusalém.

— Quando olho para o que compilei aqui, é realmente incrível —, disse Kaplan ao The Times of Israel. — Tentei dar vida ao século XVI, XVII e à primeira metade do século XVIII no mundo judaico.—

O início da era moderna foi povoado por alguns dos pensadores mais célebres do judaísmo, desde o filósofo e cético do século XVII Baruch Spinoza até ao rabino do século XVIII Judah Loew, mais conhecido como o Maharal de Praga, que se tornou postumamente ligado ao mito do golem.

No Império Otomano, em 1529 ocorreu  uma reunião fortuita  entre os rabinos Joseph Karo e Solomon ha-Levi Alkabetz. Após o encontro, a dupla concebeu a ideia de estudar durante toda a noite na festa de Shavuot. O seu destino final, a cidade de Safed, tornou-se um centro de rabinos e místicos que ajudaram a popularizar a Cabalá.

A antologia também destaca uma figura que provocou controvérsia em toda a Europa e região do Mediterrâneo: o autoproclamado messias Sabbetai Tzvi. A maioria dos seguidores de Tzvi abandonou-o após a sua conversão ao Islão em 1666, o que está incluído no livro.

Acolher o converso em Shavuot

Acolher o converso em Shavuot

Em Shavuot, é costume ler o livro de Rute. Nesse livro, Rute diz a Naomi (1:16): «Onde fores, eu irei, e onde ficares, eu ficarei. O teu povo será o meu povo e o teu De’s, o meu De’s.» Em Shavuot, quando celebramos o recebimento da Torá, incluímos aqueles que a receberam no Sinai e, especialmente, aqueles que, como Rute, escolheram receber a Torá. Em Shavuot, sentimos que é o momento perfeito para celebrar o feito daqueles que se convertem ao judaísmo. Escolhemos um movimento específico que está em alta em todo o mundo, mas especialmente na América Latina.

Hoje, os descendentes dos Conversos da era da Inquisição, de Espanha, Portugal, América do Sul, e outras regiões, estão a passar por um profundo processo de retorno às suas origens judaicas. Esses «Bnei Anussim» estão a reivindicar o seu direito histórico de retornar às suas raízes e ao seio do povo judeu.

Quando as portas do «Novo Mundo» se abriram para os Bnei Anousim, o novo continente era, desde o século XV, um destino mágico e tentador, como uma terra onde havia grandes oportunidades para melhorar o nível de vida. Além disso, o Novo Mundo era visto como um ambiente relativamente liberal, que aceitaria e permitiria o retorno a uma vida judaica aberta e plena, ao contrário de Espanha e Portugal, onde dominava a Inquisição.

Ao longo de várias gerações, esses refugiados participaram  do assentamento e desenvolvimento do Brasil e de outros países, ocupando cargos importantes em todos os campos. Os longos braços da Inquisição acabaram por chegar também às novas colónias, mas esse facto não impediu que os cristãos novos continuassem a manter secretamente a tradição dos seus antepassados. Muitas famílias mantiveram costumes e tradições judaicas ocultas, juntamente com uma forte identidade judaica. Essa grande herança foi transmitida de geração em geração, até aos nossos dias.

Hoje há uma tendência de comunidades «emergentes» compostas principalmente por conversos, principalmente na América do Sul e Central, designadamente na Colômbia. Um grande número desses conversos é de origem judaica, que remonta aos dias sombrios da Inquisição. Muitos re-descobriram as suas raízes judaicas e tradições ocultas que o seus avós tinham escondido, temendo perseguição, e embarcaram numa jornada de regresso ao judaísmo.

Nessas comunidades, como noutras comunidades judaicas ao redor do mundo, a sinagoga é o centro da vida judaica. É uma casa de oração, muitas vezes tem uma mikve, uma escola e/ou aulas, e às vezes até alojamentos, para permitir que os membros que moram demasiado longe para poderem chegar a pé possam ficar na sinagoga no Shabat.

No entanto, na maioria das vezes, essas comunidades são totalmente separadas das comunidades judaicas já existentes e têm grandes desafios ao criar comunidades literalmente do zero.

Hoje existem centenas dessas comunidades emergentes e a Shavei Israel está em contato com cerca de 50 delas que se alinham com o judaísmo ortodoxo, como a Beit Hillel em Bogotá, Colômbia, Antiochia, em Medellín, Colômbia, Magen Avraham em Cali, Colômbia, Shemaya e Avtalyon em Arménia, El Salvador, Sha’ar Hashamayim na Guatemala, Associação Judaica em Ambato, Equador, Beit Israel em Lima, Peru, Beit Moshe na Cidade do México, e muitas mais.

Que a comunidade judaica mundial continue a merecer ser aumentada por pessoas que abraçam as nossas tradições, os nossos rituais e o nosso povo.

 

Conversão ao judaísmo: uma visita ao museu do Holocausto Yad Vashem como lição de História e fé

Conversão ao judaísmo: uma visita ao museu do Holocausto Yad Vashem como lição de História e fé

O museu do Holocausto Yad Vashem em Jerusalém é um lugar angustiante e comovente que serve como um poderoso recordatório das atrocidades cometidas durante o Holocausto. Recentemente, um grupo que está em processo de conversão ao judaísmo através do Machon Milton da Shavei Israel visitou o museu com o rabino Reuven Tradburks, diretor do Machon Milton, e outros professores e funcionários, como parte da sua jornada para abraçar a fé judaica.

Para muitos dos visitantes, a experiência foi profunda. Alguns membros do grupo são oriundos de lugares que eram no centro do acontecimento, e, enquanto caminhavam pelas exposições e aprendiam sobre os horrores do Holocausto,  ficaram muito impressionados com a resiliência e a força do povo judeu. Para eles, a visita não foi apenas uma lição de História, mas também uma afirmação do seu compromisso de se juntarem à comunidade judaica.

Uma das visitantes, Naomi, originalmente da Alemanha, ficou profundamente tocada com algo que o guia turístico disse perto do final da visita. «Ela falou sobre a libertação dos campos de concentração e disse que a maioria dos sobreviventes não procura vingança; o único tipo de vingança foi, pouco depois, dar à luz muitas crianças e, assim, deixar o povo judeu crescer novamente.»

Outro visitante, que preferiu não ser identificado, disse: «Na qualidade de alguém que se está a converter ao judaísmo, visitar o Yad Vashem foi uma experiência profundamente emotiva. Lembrou-me da importância de recordar o passado e enfrentar o ódio e a intolerância. Também me deixou mais determinado do que nunca a fazer parte da comunidade judaica.»

Como o rabino Tradburks disse aos seus alunos no final da visita, o Yad Vashem não é um lugar para a pessoa vir uma vez; a pessoa tem que voltar inúmeras vezes, pois há muita informação e muitas histórias comoventes para absorver.

Para muitas pessoas, a jornada em direção à conversão pode ser desafiadora e complexa. No entanto, para este grupo, a visita ao Yad Vashem serviu como um poderoso recordatório da rica e significativa herança à qual eles se estão a unir. À medida que continuarem no seu caminho para abraçar o judaísmo, levarão consigo as lições e as memórias do Holocausto e esforçar-se-ão para serem uma força para o Bem no mundo.

Veja as fotografias da visita AQUI, no fim do artigo em inglês.

 

Memória do Holocausto – Testemunhos pessoais

Memória do Holocausto – Testemunhos pessoais

Israel marcou recentemente o Dia da Memória do Holocausto. Infelizmente, os horrores do Holocausto geralmente não estão a mais do que alguns passos de qualquer judeu.

Decidimos filmar os testemunhos de algumas pessoas que são próximas e queridas da grande família Shavei Israel.

Dr. Yehuda Schwartz, marido da nossa própria Edith Blaustein e filho de sobreviventes do Holocausto, conta a difícil história dos seus pais e os desafios de crescer como filho de sobreviventes.

Além disso, temos o testemunho do Dr. Charles Siegman, pai da nossa professora do Machon Milton Dafna Siegman, que conta a sua história como menino de 5 anos quando a guerra eclodiu e da invasão da Holanda, da deportação dele e dos seus pais para Terezin (Theresienstadt) e de sua quase deportação para os campos de extermínio.

Difícil, mas importante partilhar. Nunca esquecer…

Vídeo em hebraico, com opção de legendas em inglês:

Vídeo em inglês: