Por: Rav Reuven Tradburks
Yosef sai da prisão para completar o controlo do Egito. O Faraó tem um sonho. O copeiro lembra-se de Yosef na prisão. Yosef fala ao faraó sobre a iminência de 7 anos de abundância seguidos de 7 anos de fome. Yosef é designado o responsável pelo armazenamento de alimentos durante os anos bons. Quando começa a fome, o mundo inteiro se volta para Yosef em busca de alimentos, incluindo a sua família. Yosef reconhece os seus irmãos e acusa-os de espionagem. Shimon é mantido na prisão e os irmãos voltam para casa para trazer Binyamin. Quando a fome os força de volta ao Egito, trazem Binyamin com eles. Yehuda garante a Yaakov o seu retorno. Yosef coloca o seu cálice entre os pertences de Binyamin e condena-o a permanecer escravo no Egito.
1ª Aliá (41: 1-14) 2 anos depois (após o retorno do copeiro ao serviço do faraó), o faraó sonha. 7 vacas saudáveis emergem da água e são devoradas por 7 vacas magras que emergem depois. O faraó não se contenta com as interpretações dos sonhos dos seus sábios. O copeiro lembra-se de Yosef, e fala ao faraó sobre ele. Yosef é barbeado, vestido e levado à pressa ao faraó.
Sonhos em abundância. Yaakov sonhou com a escada e os anjos. Yosef teve 2 sonhos. O copeiro e o padeiro tiveram sonhos. Agora o faraó tem 2 sonhos.
Mas existem diferenças subtis sobre quem, quando e quantos: Yaakov teve um sonho: 1 homem, 1 sonho, 1 noite. Yosef teve 2 sonhos, mas não no mesmo dia. Ele contou aos seus irmãos sobre os feixes a curvarem-se perante ele e eles não ficaram nada contentes. Depois teve outro com o sol, a lua e as estrelas e contou-o a Yaakov e aos irmãos. Então: Yosef: 1 homem, 2 sonhos, 2 noites. O copeiro e o padeiro: 2 homens, 2 sonhos, 1 noite. E o faraó: 1 homem, 2 sonhos, 1 noite.
Quando Yosef consegue interpretar os sonhos do copeiro, do padeiro e do faraó, será que ele se pergunta a si próprio sobre os seus sonhos? Achará que os seus sonhos ainda se podem tornar realidade? Ou assume que não correspondem ao padrão? (Os outros foram 2 sonhos, uma noite, e os seus foram 2 sonhos, 2 noites.) Ou talvez 2 noites seja um sinal de que levarão muito tempo para ocorrer. Talvez até mais de 20 anos.
2ª Aliá (41: 15-38) O faraó conta os sonhos a Yosef. Yosef diz ao faraó que os 7 anos de abundância serão seguidos de 7 anos de fome. Então, Faraó, deves nomear uma pessoa sábia para acumular alimentos durante o tempo da abundância, para evitar o colapso do país durante a fome. O faraó responde: Poder-se-á encontrar mais alguém assim, que tem nele o espírito de D’us?
A interpretação dos sonhos é um assunto muito rico. Se o sonho é de abundância e fome, tenho espigas saudáveis a serem devoradas por espigas doentes… Mas as espigas não comem. E o que tem o gado tem a ver com a agricultura? Porquê vacas a saírem do Nilo? Ok, as vacas podem comer-se umas às outras, enquanto as espigas não. Mas as espigas fazem parte da agricultura, e as vacas não.
O nome Elokim aparece 7 vezes nesta troca entre Yosef e o faraó. Quando uma palavra é repetida 7 vezes, é um sinal – preste atenção, isto é fundamental. A história da venda de Yosef, a sua ida para a casa de Potifar, a traição da mulher de Potifar, A ida para prisão, tudo isso é uma espiral descendente projetada pelas mãos do homem. Mas está tudo prestes a mudar, pois a Mão de D’us está a entrar na história.
3ª Aliá (41: 39-52) O faraó nomeia Yosef responsável sobre todo o Egito; ele recebe o anel de sinete e o manto real, anda na carruagem real, recebe o nome egípcio Tzafnat Paneach e casa. Recolhe o grão nos anos de abundância. Nascem os seus 2 filhos: Menashe (D’us permitiu-me esquecer a casa de meu pai) e Ephraim (D’us fez-me prosperar no Egito).
Num instante, Yosef passou de jovem estrangeiro na prisão, a ser o segundo homem mais importante do país. Só que é o país errado. Não deveríamos estar a assentar na terra de Israel? Na nossa compreensão deste episódio maravilhoso, cheio de reviravoltas, esquecemos que a história da Torá é a promessa a Avraham: Os teus filhos herdarão a terra. A terra de Israel. Não é a terra do Egito. O local da história do povo judeu mudou completamente, de Israel para o Egito, bem debaixo dos nossos narizes.
E todos gostamos tanto do Midrash de que os judeus foram resgatados do Egito por não terem mudado os seus nomes, vestuário ou língua! Yosef recebe roupa nova e um novo nome numa nova língua. Yosef parece ter-se tornado um verdadeiro egípcio.
4ª Aliá (41: 53-42: 18) Começa a fome. O faraó diz ao seu povo para ir ter com Yosef, pois Yosef abriu os armazéns. Yaakov envia os seus filhos, exceto Binyanim, ao Egito para obter alimentos. Quando os irmãos se curvam perante Yosef, este reconhece-os e lembra-se dos seus sonhos. Yosef desafia os irmãos, alegando que eles estão a espiar o Egito. Para provar que não são espiões, ele exige que tragam Binyamin. E põe-nos na prisão durante 3 dias.
O que pensou Yosef quando viu os irmãos? Todos os comentaristas têm dificuldades com a resposta de Yosef. Porque não cumprimentá-los? Porquê esconder-se? As respostas são variadas. Mas ao nível da metáfora, ou drash, que imagem! O judeu, bem-sucedido, (extremamente bem-sucedido!), no mais alto cargo da sua nova terra, com a sua nova língua, o seu novo nome, e a sua nova roupa, é irreconhecível para os seus irmãos. E ele próprio, tão confortável no seu novo mundo, não consegue encontrar as palavras para fazer a ponte entre eles.
5ª Aliá (42: 19-43: 15) Yosef diz aos irmãos que um deles deve ficar para trás enquanto os outros voltam para casa e lhe trazem Binyamin. Eles dizem a si próprios: isto aconteceu por causa do que fizemos a Yosef. Yosef chora ao ouvir isso. Shimon fica preso. Yosef deposita o seu dinheiro junto com os cereais. Quando eles o descobrem, perguntam-se por que D’us está a fazer isso. Yaakov fica angustiado com a ideia de Binyamin o deixar. Mas quando a comida acaba, não há escolha. Yehuda garante o retorno seguro de Binyamin. Eles voltam a apresentar-se diante de Yosef.
Os sentimentos de culpa dos irmãos pela venda de Yosef são inevitáveis. Mais de 20 anos depois, no Egito, a comprar alimentos… Quando se espoleta uma crise, com Yosef a exigir que tragam Binyamin, os irmãos imediatamente desabafam: estamos a receber o que merecemos por termos vendido Yosef. Eles estavam à espera que lhes acontecesse uma calamidade, sabendo que certamente ela viria. Mas, é claro, o que eles querem dizer é que isto é D’us a castiga-los, quando, na verdade, é Yosef quem os está a manipular. Então não é D’us; é Yosef. Mas será mesmo? Talvez eles estejam certos. Yosef é repetidamente descrito como bem-sucedido no Egito: na casa de Potifar, na prisão, e, agora, como o número 2 do país. Ele é eficiente e decidido. No entanto, aqui, é caprichoso: manda todos para a prisão, diz que todos deveriam permanecer na prisão e só um voltar, depois muda de ideias: um fica na prisão e todos voltam. Ou talvez Yosef não saiba o que fazer. Ou talvez os irmãos não sejam os únicos a ser manipulados. Talvez Yosef também seja uma marionete nas Mãos Divinas – ele faz um movimento e De’s coloca na sua cabeça algo diferente, a fim de trazer os judeus para o Egito.
6ª Aliá (43: 16-29) Os irmãos recebem uma recepção real de Yosef ao retornar com Binyamin. Eles pedem desculpa pelo dinheiro que encontraram nos seus sacos de cereais. Yosef diz-lhes para não se preocuparem porque D’us lhes deu um presente. Os irmãos são servidos de um excelente jantar. Yosef pergunta sobre o pai e vê Binyamin.
Binyamin é irmão de Yosef, o único irmão nascido de Rachel. Binyamin era muito jovem quando Yosef foi vendido. Isto está a acontecer 22 anos depois. Yosef não reconheceria Binyamin. A aliá termina com algo prestes a acontecer: ele vê Binyamin – e depois? A próxima aliá começa com Yosef a chorar. Yosef chora muito nesta história. Os irmãos, por seu lado, estão a passar por uma montanha russa de emoções: Nervosos quanto a como ele vai reagir. Aliviados no banquete que ele lhes serve. E depois desabam, quando, na próxima aliá, o cálice for colocado junto aos pertences de Binyamin.
7ª Aliá (43: 30-44: 17) Yosef coloca os irmãos pela ordem de nascimento. Eles ficam surpreendidos. Os seus sacos estão cheios de cereais, o seu dinheiro é devolvido. E o cálice de Yosef é colocado no saco de Binyamin. Assim que eles saíram, Yosef ordena que os guardas os persigam. O cálice é encontrado no saco de Binyamin. Eles voltam para Yosef. Yehuda propõe que todos eles fiquem como escravos. Yosef opõe-se; só o ladrão ficará como escravo. Vocês voltam em paz para a casa do vosso pai.
As mudanças da sorte dos irmãos são dramáticas. São acusados de serem espiões, mas o dinheiro voltou com o cereal. Tratados como reis após o seu retorno, e o dinheiro voltou novamente com o cereal. Acusados de roubo. E o palco está montado para uma mudança ainda mais dramática: Yosef finalmente revela-se a eles.